Desde março de 2020, a pandemia de Covid-19 vem impactando negativamente na formação de cerca de 5 mil técnicos de enfermagem no Paraná. Destes, pouco mais de 2 mil já estariam aptos para o trabalho se tivessem conseguido concluir as atividades presenciais dos cursos ofertados pelo Departamento de Formação Profissional da Secretaria Estadual de Educação (Seed).
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A avaliação é da coordenadora do departamento, Vanessa Moraes e Silva. Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, ela elencou as duas principais dificuldades enfrentadas pelos estudantes nesse período. A primeira foi a dificuldade de inserir os estudantes em programas de estágio durante a pandemia.
“Nós dependemos da rede hospitalar para receber esses alunos para que eles possam executar essa parte do estágio dentro do campo de trabalho. Isso tem que ser feito da forma mais segura possível, tendo os EPIs necessários e garantindo a vacinação desses estudantes. Assim eles poderão dar continuidade aos estudos, sempre respeitando a capacidade desse ambiente em receber os alunos. Não podemos de forma alguma colocar esses estudantes em risco”, pontuou a coordenadora.
Outro fator que atrasou na formação dos estudantes foi a falta das atividades práticas. Os decretos restritivos publicados pelo governo estadual e pelos municípios afetaram a presença dos alunos nas salas de aula. Segundo Vanessa, por mais que esses estudantes consigam assimilar bem o conteúdo ministrado de forma remota, algumas tarefas só conseguem ser realizadas de forma presencial.
“O curso técnico de enfermagem exige que o aluno consiga manipular equipos e desenvolver uma série de habilidades práticas que só são adquiridas por meio dessas atividades presenciais. Eu não consigo hoje fazer com que um aluno aprenda a fazer um acesso em um paciente, ou uma determinada técnica de injeção só com as atividades remotas. Como os nossos cursos englobam diretamente a vida de um paciente, não podemos permitir que haja qualquer perda de qualidade no aprendizado dessas habilidades. Nós entendemos a necessidade de eles finalizarem a formação e estamos fazendo um grande esforço para que quando os municípios reabrirem as salas de aula possamos fazer novamente a oferta dessas atividades”, explicou a coordenadora.
Vanessa disse que a expectativa era começar o ano letivo de 2021 com o retorno gradual ao modelo híbrido, o que facilitaria o retorno às atividades presenciais. Com a aceleração da pandemia em todo o Paraná, no entanto, a volta é agora esperada para o segundo semestre, que tem início em 21 de julho. Em alguns municípios, como Irati, os estudantes já estão aos poucos voltando às salas de aula. Além da formação regular do Ensino Médio, voltaram também as atividades práticas dos cursos técnicos em enfermagem.
No Colégio Estadual João XXIII, os alunos passam desde o último dia 18 por uma formação essencial para a profissão: a preparação de uma sala de cirurgia. São tarefas que vão desde a forma correta de higienização das mãos até a montagem da mesa de instrumentos e o acolhimento do paciente, e que não poderiam ser realizadas sem a participação presencial de alunos e professores.
“Eles saíram de uma introdução à Enfermagem, que tiveram de forma remota, e passaram agora para a prática de centro cirúrgico. Estão muito animados conhecendo as tesouras, as pinças, os instrumentos”, comentou a professora Rosally Pereira da Costa Molinari.
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