Pandemia impulsiona turismo nas praias de água doce do noroeste do PR

Nos dois anos de pandemia, a busca por viagens longas de avião diminuiu, tanto pelo fechamento de fronteiras e necessidade de isolamento quanto pela crise econômica.  Já a procura por destinos próximos, lugares aonde é possível ir de carro com a família, por exemplo, ganhou força. Um dos efeitos dessa mudança foi observada pela Sociedade Civil Organizada do Paraná (Socipar) na região noroeste do estado: desde 2020, as cidades com balneários e praias de água doce estão passando por uma onda de desenvolvimento.

Receba as principais notícias do PR em seu celular

Na última pesquisa de tráfego financiada pela organização, foi observado um maior movimento das rodovias da região nas sextas-feiras, aos domingos e feriados, especialmente no trecho da BR-376 que liga Paranavaí a Nova Londrina e que dá acesso às praias de rios. Conforme o estudo, nesses dias o tráfego aumenta até 300%, segundo a contagem de veículos. “Porto Rico é uma das cidades da região que mais faz solicitações de água e energia. Muitos terrenos estão sendo vendidos e casas de veraneio sendo construídas”, diz o presidente da Socipar, Demerval Silvestre. Ele também explica que esse maior movimento atraiu investimentos. “Os empresários estão investindo em diversas áreas, principalmente no ramo de alimentos”, conclui.

Sob o mesmo ponto de vista, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que apoiou os estudos de desenvolvimento e tráfego na região, também percebe que a pandemia impulsionou o turismo local.  “Pessoas que iam para o nordeste ou para fora do Brasil, pelas restrições dos voos disponibilizados e pela questão de ser um ambiente mais fechado, acabaram optando pelo turismo regional. Portanto, vimos uma maior procura por hotéis e vendas de terrenos no extremo noroeste”, aponta João Arthur Mohr, gerente de assuntos estratégicos da Fiep.

Nesse cenário favorável, a construção de um novo resort na região está quase saindo do papel. Por enquanto, 70% do projeto foi vendido a investidores durante esse boom de procura pelas praias de rios do Paraná, segundo a Socipar. O empreendimento é de uma construtora que possui um outro resort no estado de São Paulo.

Temporada de turismo em Porto Rico pode durar até oito meses no ano

O estado tem uma extensão de mais de mil quilômetros de rios contínuos que marcam a divisa do Paraná com São Paulo, ao Norte; com o Mato Grosso do Sul no Noroeste, e a fronteira com o Paraguai, a Oeste. No meio dessa área marcada por rios, está Porto Rico.

De acordo com o secretário de Turismo da cidade, Christian Begosso, a temporada no município chega a oito meses por ano, com uma média de temperatura variando entre 28 e 32 graus. Porto Rico conta com cerca de 28 Km de margem do Rio Paraná e atrai turistas para a prática de esportes aquáticos, passeios de barcos, pesca esportiva e mergulho. “É possível contemplar pelo menos 30 espécies de peixe”, conta o secretário.

Outro município com destaque na região é Porto São José, distrito de São Pedro do Paraná. Além da beleza natural, o turismo local conta com campeonatos de pesca e a festa do padroeiro, que atrai religiosos da região.

Noroeste do PR quer atrair turistas do Mato Grosso do Sul

A sociedade civil e diversas instituições, incluindo a Itaipu Binacional, investem em projetos de pesquisa que justifiquem a construção de uma nova ponte sobre o Rio Paraná fazendo ligação com o Mato Grosso do Sul. Primeiramente, o objetivo é encurtar o trajeto dos motoristas em até 120 Km, além de evitar, assim, as estradas de mão única e trânsito lento.

Ao mesmo tempo em que vai incentivar o agronegócio dos estados envolvidos, as organizações apontam que outro benefício da ponte será fomentar o turismo na região das praias de água doce do extremo noroeste do Paraná, que já estão em crescente desenvolvimento desde o início da pandemia.