A pandemia do coronavírus acelerou uma tendência na ocupação do espaço urbano em Curitiba nos últimos anos. O Centro da cidade está convertendo cada vez mais espaços para receber moradores enquanto os bairros viram o comércio de vizinhança ganhar novo impulso, devido à adoção em massa do home office, as restrições de mobilidade e o distanciamento social.
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Um estudo feito pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) comprova a crescente tendência dos micro e pequenos negócios migrarem para os bairros. O estudo, voltado para a promoção da segurança nas áreas de grande circulação de pessoas, revelou o fortalecimento das atividades econômicas locais. A conclusão é baseada no cruzamento de dados de alvarás comerciais da Pesquisa de Origem e Destino, que mapeia os deslocamentos dos curitibanos. As informações foram obtidas nas 10 regionais da cidade. “O desenvolvimento e o fortalecimento econômico dos bairros já está previsto no Plano Diretor de Curitiba e também na nova Lei de Zoneamento, inclusive com a permissão de um aumento do porte das construções comerciais permitida nessas regiões”, afirma Liana Vallicelli, diretora de informações do Ippuc. Liana explica ainda que o mapeamento proporciona um planejamento mais preciso da cidade. “Com essas informações podemos observar quais locais necessitam de reforço no transporte e também nos ajuda a definir para onde devemos estender a malha de ciclovias, por exemplo”, concluiu.
Para o consultor do Sebrae-PR, Lucas Hahn, a tendência já vem sendo observada há algum tempo nas médias e grandes cidades. Segundo ele, “a crescente dificuldade de acesso aos centros das cidades e a chegada da pandemia do coronavírus, contribuem para que essa tendência se torne cada vez mais real”. Além disso, a tendência beneficia idosos e as pessoas com dificuldade de locomoção. De acordo com Hahn, o varejo em 2040 já prevê a existência “clusters locais”. “O fortalecimento do comércio nos bairros proporciona uma melhor experiência do consumidor e fortalece também o senso de comunidade. Quem não gosta de conhecer o funcionário do mercado ou o açougueiro?”, questiona. Ele afirma também que “com maior circulação de pessoas, os bairros tornam-se mais seguros”.
Rodrigo Rosalem, diretor da Fecomércio-PR (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná) destaca outra vantagem do crescimento do comércio de bairro: a agilidade. “Com a pandemia muitas pessoas passaram a trabalhar em casa e a utilizar ainda mais o serviço de delivery. A entrega é sempre muito mais rápida quando o pedido é feito na loja próxima da sua casa, o que melhora muito a experiência de consumo. Durante a pandemia, pudemos observar o não só o crescimento e o fortalecimento do comércio nas lojas físicas, mas também no sistema de entregas”, avalia o diretor.
Centro cada vez mais de uso misto
Se o comércio migra para os bairros, como fica o centro da cidade? De acordo com a avaliação do Ippuc, outra tendência observada ao longo dos últimos anos é a utilização mista do centro da capital. Liana afirma “que as pessoas resolveram morar no centro. Os imóveis mais antigos e maiores têm atraído muitos curitibanos para a região. Hoje, podemos dizer que o centro de Curitiba é um bairro de ocupação mista”, afirmou. Para Liana o fortalecimento do comércio nos bairros não esvazia o centro. “Nós sempre trabalhamos com o conceito do equilíbrio. A cidade de Curitiba tem incentivado os comerciantes da região central a permanecerem no bairro. A pandemia nos trouxe uma crise sem precedentes e, para contribuir com a retomada econômica da cidade, a prefeitura criou um fundo de aval para que aqueles comerciantes que estão sofrendo com os efeitos da crise possam manter as portas abertas. É uma parceria com o Sebrae-PR e permite que micro e pequenos empresários, principalmente os da região central, aqueles que pagam aluguéis mais caros, possam obter crédito com menos burocracia”, finalizou.
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