O Paraná projeta se transformar no maior vendedor brasileiro de carne suína e derivados em até quatro anos. Para ultrapassar Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o estado que é o segundo maior produtor de carne suína - plantel estático de 6,7 milhões de cabeças - e o terceiro entre os maiores exportadores da proteína no país, se prepara para a abertura de mercados e para receber importantes missões internacionais.
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A avaliação vem do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná). Até o fim deste ano, o Paraná espera receber uma série de missões internacionais de importantes compradores, mas que ainda mantêm barreiras sanitárias ao estado em decorrência da febre aftosa. O último foco de aftosa no Paraná foi registrado em 2006.
Há dois anos o estado foi considerado área livre da doença sem vacinação. Mesmo assim, o temor de alguns dos principais centros compradores segue, como Japão e Coreia do Sul, dois gigantes consumidores da carne suína.
“Queremos reforçar que temos e somos preocupados com a biosseguridade, que estamos comprometidos e fizemos o enfrentamento às doenças, que existem equipes técnicas, produtores, plantas comerciais, uma cadeia inteira no enfrentamento e pensando na sanidade animal”, reforçou o secretário paranaense da Agricultura, Norberto Ortigara.
Em novembro, uma missão de autoridades sanitárias da Coreia do Sul vai passar pelo Brasil. Segundo o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir César Martins, o grupo técnico vai ao Paraná e ao Rio Grande do Sul com o objetivo de visitar importantes plantas comerciais, como a Frimesa, em Medianeira (PR), maior player de carne suína do Paraná e o quinto no Brasil.
Indústrias anseiam pela abertura de gigantes mercados de carne suína
Ainda longe do ideal para as exportações, o segmento tem convivido com o abre e fecha de mercados e a desconfiança de alguns centros consumidores que decidem barrar o produto por questões sanitárias.
Segundo Robson Marchetti, superintendente do Sistema Ocepar, as indústrias paranaenses vivem a expectativa da abertura de mercados como o japonês, o sul coreano, o mexicano e o chileno. Todos, segundo ele, na iminência de acontecer. “Com a abertura desses mercados, que estão prestes a acontecer talvez já em 2024, podemos chegar à liderança no segmento, como somos com a carne de frango, em três, quatro anos”, avaliou.
O Paraná teria ao menos quatro grandes indústrias aptas a vender para estes países: três localizadas na região oeste e uma na região dos campos gerais. Em média, a produção de carne suína no estado é de cerca de 950 mil toneladas/ano, segundo o Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Deral/Seab).
Quase tudo hoje precisa ser absorvido pelo mercado interno. De janeiro a junho, até houve um crescimento nas exportações, de 2,95%, e o Paraná registrou a venda de cerca de 73 mil toneladas da carne suína in natura a outros países: 2023 já é considerado o melhor ano para o setor no estado. Em volume financeiro, as exportações de carne suína no Paraná representaram quase US$ 179 milhões no primeiro semestre.
Em 2019, por exemplo, foram 48 mil toneladas exportadas no primeiro semestre pelo Paraná, seguidas por 55 mil toneladas em 2020, 62 mil toneladas em 2021 e 70,8 mil toneladas em 2022.
Com esses números, o estado ocupa a terceira colocação entre os principais exportadores brasileiros, mas ainda muito atrás dos dois primeiros. Santa Catarina, por exemplo, vendeu 321,2 mil toneladas (+14,9%) no semestre e o Rio Grande do Sul somou 134,4 mil toneladas (+17,35%). A região sul respondeu por 91% das exportações da carne de porco do Brasil no primeiro semestre.
Possibilidade de ampliação de mercado
O Japão adquire a carne suína brasileira prioritariamente do estado de Santa Catarina. O secretário da Agricultura do Paraná, explica que isso ocorre por ser área livre da aftosa e sem vacinação há muito mais tempo. “O Japão reconhece o território como livre da doença e importa muita carne suína deles. Como são os maiores compradores e há muito mercado ainda para abastecer, temos produção e condições sanitárias para atendê-los”, destacou.
A missão japonesa, que ainda não foi confirmada, é uma das mais esperadas pelo estado. “No início do ano tivemos uma missão no Japão, onde tratamos das exportações de carne bovina e suína. Fomos para abrir mercado. Vamos receber em novembro uma missão da Coreia do Sul que vai visitar Paraná, Rio Grande do Sul, Rondônia e Acre (os dois últimos com foco na carne bovina). Todos esses estados retiraram a vacina da aftosa. Já é um grande mercado a ser conquistado e muito significativo para o Paraná”, reconheceu o presidente da Adapar.
Outra missão agendada é de uma comitiva da China, que deve ocorrer nas próximas semanas. Os chineses, que já são compradores, mas que podem ampliar as aquisições, também vão ao Paraná e ao Rio Grande do Sul. “Além disso, temos o Chile voltando para outra missão. Vamos tentar expandir também para este que é um importante mercado e esperamos agora a decisão do Japão, que é um mercado muito forte”, avaliou.
Paraná busca contornar dificuldades com sanidade animal
Diante do cenário, Ortigara lembrou que as notícias são favoráveis ao mercado paranaense, mas reconheceu os desafios de sanidade e que há um enfrentamento preciso em curso.
“Sanidade sempre é um desafio, por mobilização estratégica, por técnica, pela ciência. Vamos superando algumas das dificuldades de produção, mas fazemos biologia, tratamos com coisas vivas e ficamos sujeito a essas situações. Superamos a aftosa, superamos a peste suína, temos a ameaça e as ações contra a influenza aviária. Enfim, sanidade é um generoso ativo. Se não tiver, não vende para bons mercados. Faz parte do processo e estamos em busca desses mercados com o melhor enfrentamento”, destacou.
A cadeia suína no agronegócio paranaense representa 4,4% do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP). Em 2022, segundo dados divulgados pelo Deral em agosto deste ano, foram R$ 8,4 bilhões, de um VBP total de R$ 191,2 bilhões.
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