Foi entregue nesta semana e já começou a funcionar o posto de fiscalização de trânsito de produtos agropecuários na BR-116, entre Curitiba e São Paulo. A parada no km 11 da rodovia Regis Bittencourt, próximo à divisa com o estado vizinho, é obrigatória para caminhões com cargas de produtos de origem animal e vegetal não processados industrialmente. Motoristas que fugirem da fiscalização estão sujeitos a multa de dez Unidades Padrão Fiscal do Paraná, ou seja, R$ 1.061,10, podendo haver ainda a destruição da carga e abate sanitário, em caso de animais vivos.
A construção do posto de fiscalização era uma antiga reivindicação do setor produtivo paranaense, e um passo imprescindível nas aspirações do estado de se tornar reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa, sem vacinação. A última campanha de vacinação do rebanho paranaense de 9,2 milhões de cabeças de bois e búfalos ocorreu em outubro do ano passado. Um grupo de 17 cooperativas do Paraná fez uma “vaquinha” e pagou os R$ 1,5 milhão gastos na construção do posto da BR-116 e na reforma dos postos de Santa Mariana e Ribeirão Claro, também na divisa com São Paulo.
“Em 2017 chegamos à conclusão de que não avançaríamos (para obter status de área livre de aftosa) se não déssemos esse apoio financeiro, além da pressão para as medidas necessárias por parte dos governos estadual e federal”, diz Robson Mafioletti, superintendente do Sistema da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). “É um valor até pequeno, quando se leva em conta a visão estratégica e o benefício que teremos em 2021, quando formos reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal como área livre de febre aftosa. Daí poderemos acessar mercados mais valorizados como México, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos”, destaca.
Mafioletti lembra que Santa Catarina já tem status sanitário livre de febre aftosa reconhecido há mais de uma década e consegue preços até 15% melhores, além da vantagem do acesso a uma diversidade maior de mercados. “É importante acessar mercados sofisticados, não podemos ficar só na mão de dois ou três compradores. Agora a China está com muitos problemas, como a peste africana e o Coronavírus. Na suinocultura, principalmente, 65% do mercado para onde poderíamos exportar está fechado para o Brasil, por causa da febre aftosa”.
Nem toda carga de origem animal e vegetal precisa parar nos postos de fiscalização agropecuária. Ossinhos para cachorros, por exemplo, que são feitos de couro, ou conservas vegetais, têm passagem liberada. Já produtos in natura, como carnes, leite, frutas e verduras são de parada e fiscalização obrigatórias. Gilmar Neves, coordenador do Programa do Controle de Trânsito Animal, da Adapar, diz que nos primeiros dias o foco da fiscalização será de orientação aos caminhoneiros, que não estão habituados ao novo posto. Oito servidores de nível técnico devem dar expediente no local, que fica a 500 metros do Posto Pelanda.
Para dar conta do reforço da estrutura de defesa agropecuária do Paraná, que agora tem 33 postos de fiscalização, no último dia 7 foi publicado edital de concurso público com 80 vagas para veterinários e técnicos agrícolas.
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