Paraná identifica 20 casos da H3N2 e uma morte; “não há surto de gripe”, diz secretário

No Paraná, o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, chamou a imprensa no final da tarde desta segunda-feira (20) para reforçar que “não há surto de gripe” e que até agora há 20 casos registrados da linhagem H3N2, a cepa Darwin, apontada como a responsável por surtos de gripe em outras regiões do País. “É importante deixar claro que o Estado não está em surto de gripe. Não há motivo para pânico”, disse ele.

Os casos foram registrados nos municípios de Campo Largo (2), Campo Mourão, Castro (2), Cornélio Procópio, Curitiba, Guarapuava, Maringá, Paranaguá (3), Pato Branco (3), Pinhais (2), Tapira e Toledo e Rio Negro (um morador de Resende, no Rio de Janeiro).

Também foi confirmada a morte por H3N2 de uma mulher de 77 anos, com comorbidades, e que vivia em Maringá. A paciente foi internada no dia 8 de dezembro último, morrendo três dias depois. Ela havia tomado a vacina contra a Influenza em outubro deste ano.

Beto Preto lembra que a vacina contra a Influenza disponível ainda não atinge a cepa Darwin, mas reforçou a necessidade da proteção. “A vacina que temos nos nossos estoques contra a Influenza não atinge a cepa Darwin agora. Vai atingir no meio do ano de 2022, quando chegar a próxima vacina, a vacina atualizada contra a Influenza. Mas a vacina aumenta a imunidade e dificulta o aparecimento das síndromes respiratórias agudas graves”, explicou ele.

Em 2021, a cobertura vacinal no Paraná, contra a Influenza, atingiu apenas 70,40% do público alvo. No ano passado, a cobertura vacinal foi de 98,41%. “Por causa da vacina contra Covid-19, em 2021, outras vacinas ficaram em segundo plano nas estratégias das famílias e até de muitos serviços de vacinação”, lamentou ele. “Precisamos que a população se conscientize da necessidade de se vacinar. O Paraná sempre atingiu as metas de vacinação preconizadas pelo Ministério da Saúde e, neste ano, pelo menos 20% do público esperado ainda não se vacinou”, completou o secretário.

Nesta segunda-feira (20), Beto Preto anunciou ainda que agora é possível se vacinar contra a Covid-19 e contra a Influenza ao mesmo tempo. Até então, havia uma orientação do Ministério da Saúde para que houvesse um espaço de ao menos 15 dias entre as duas vacinas. “A partir do momento que surgiram novas evidências sobre a segurança da administração das duas vacinas ao mesmo tempo, o Ministério da Saúde orientou a mudança”, explicou a coordenadora estadual da Vigilância Epidemiológica, Acácia Nasr.

Além da cobertura vacinal abaixo do esperado para 2021 – a meta do Paraná era vacinar contra a Influenza ao menos 90% do público alvo -, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) avalia que o relaxamento de medidas contra a Covid-19 no segundo semestre deste ano também interfere nos casos de gripe.

Em entrevista ao Meio Dia Paraná, o médico Clóvis da Cunha Arns, que é presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, falou sobre a relação entre as duas doenças. “Não se assustem [com a gripe]. Mas as medidas preventivas que usamos para a Covid-19 também são efetivas para gripe. Por isso que ainda não dá para baixar a guarda nas medidas sanitárias do uso de máscara e de não participar de aglomerações. Ainda temos que esperar mais um pouco para isso”, disse ele.

“Agora, temos ao mesmo tempo que acalmar e alertar a população de que a gripe vem todo ano, mas dessa vez apareceu na primavera, quase verão, e não no inverno. Temos que usar os mesmos cuidados da Covid para quem está com qualquer sintoma respiratório, como tosse, dor no corpo, dor na garganta e febre. Se você tiver esses sintomas, se isole em casa. E nesse caso sim vale a pena buscar assistência médica precoce, de preferência nos dois primeiros dias de sintomas. Isso porque para gripe há medicamento, um antiviral chamado Oseltamivir, um comprimido que é dado duas vezes ao dia e que está disponível na saúde pública”, afirmou Arns.