A situação da pandemia do coronavírus no Paraná foi tema da reunião desta quinta-feira da Comissão Externa de enfrentamento à Covid-19 da Câmara dos Deputados, realizada por videoconferência. Com a participação do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o secretário de Saúde do Paraná, Beto Preto, aproveitou o encontro para fazer pedido de aquisição de medicamentos, equipamentos e para a habilitação de novos leitos de UTI no estado.
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Beto Preto apresentou uma solicitação emergencial de 630 mil ampolas de cinco medicamentos utilizados para intubação; de 500 mil kits de testes RT – PCR; 400 mil testes sorológicos, 500 bombas de infusão e 200 monitores multiparamétricos. O secretário pediu, ainda, a renovação da habilitação pelo Ministério de 471 leitos de UTI que, hoje, são custeados pela União, mas cuja habilitação vence no final de julho, e a habilitação pelo governo federal de 303 novos leitos, que hoje estão sendo custeados pelo estado.
“Estamos numa curva de casos, não diria que controlada, ou que estejamos em uma zona de conforto, mas, até agora, viemos praticamente com uma estrutura montada de atendimento hospitalar, em parceria com os hospitais do Paraná, com uma rede robusta, em que evitamos a possibilidade de estruturas provisórias como de hospitais de campanha. Optamos por ampliar a estrutura já existente e utilizar as equipes já existentes. Sabemos que o pior da pandemia ainda não passou. Neste contexto, temos uma ocupação de 74%, porém, em Curitiba, já estamos em 96% da ocupação”, admitiu o secretário. “Temos medicamentos para mais 15 dias. Ficamos de fora da última distribuição odo ministério. Precisamos ser atendidos com urgência”, apelou. “Junto com os hospitais públicos, filantrópicos e privados do Paraná, montamos um pool de esforços e batemos em 933 leitos de UTI, vamos passar de 1.100 e vamos a 1.150, mas não sei se isso vai dar conta no momento em que der um acúmulo de casos num momento de pandemia aguda”, admitiu.
Em resposta aos pedidos de Beto Preto, Airton Soligo, secretário executivo do Ministério da Saúde, garantiu que a prorrogação dos leitos já habilitados pelo Ministério será feita, mês a mês, enquanto for necessário e que o pedido de habilitação de 303 novos leitos está em análise. “E em análise prioritária, porque a região Sul é, agora, prioridade. Assim como é a prioridade para a destinação de respiradores, equipamentos e medicamentos”, disse, afirmando que a União está em processo de aquisição de equipamentos e medicamentos e que “o Paraná será atendido”.
O ministro da saúde, Eduardo Pazuello, classificou como natural o crescimento dos números do coronavírus no Paraná e em todo o sul do país, mas disse que os estados têm a vantagem de enfrentar o pico da pandemia já com o conhecimento do que aconteceu nos outros estados e das medidas que tiveram ou não resultado. “É inevitável que a pandemia se desloque para o Centro-Sul. Isso não tem discussão. Não é por falta de preparo ou de medidas que aumentou o número de casos no Sul. Aumentou porque a pandemia desce, neste momento, do Norte/Nordeste para o centro-sul do país, no mesmo ritmo que a influenza e das síndromes respiratórias agudas graves. Mas há um diferencial, que é que já temos a curva do aprendizado. Já sabemos o que deu certo e o que não deu certo. Sabemos como o paciente desenvolve. Sabemos que medicamentos os médicos podem prescrever, já sabemos que insumos estão fazendo falta”, disse o ministro.
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Com essas informações, destacou Pazzuelo, o Paraná não pode errar. “Então, como tudo isso já é conhecido, nós não podemos mais errar. A responsabilidade muda. É diferente a responsabilidade do Paraná com a do Amazonas. Quando o colapso chegou a Manaus, chegou junto com nossa falta de conhecimento. Quem decide as medidas é o gestor local, nós estamos disponibilizando todas as informações para ele basear suas decisões. Que o Paraná observe o que aconteceu nos estados que já enfrentaram seu pico, compreenda os bons e maus exemplos e tome suas decisões”, acrescentou, citando que o ministério está enviando equipes para os estado do Sul para discutir estratégias e levar conhecimento.
Participaram, da reunião, também, o presidente da Associação dos Municípios do Paraná, Darlan Scalco; o presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde do Paraná, Carlos Alberto de Andrade; e o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos do Paraná, Flaviano Feu Ventorim: além de diversos deputados da bancada paranaense.
Na Assembleia, diretora de vigilância avalia quarentena
Não foi só em Brasília que se discutiu a pandemia no Paraná. A Frente Parlamentar do coronavírus na Assembleia Legislativa ouviu, nesta quinta-feira, a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), Maria Goretti David Lopes, para a discussão dos números e do decreto que colocou o Paraná em quarentena restritiva e a decisão do governo de não renovar o decreto.
“Passados os 14 dias da quarentena, ainda não podemos fazer a avaliação da efetividade, uma vez que os impactos no sistema de saúde serão sentidos nos próximos dias. O que sabemos é que sim, teve aumento do isolamento domiciliar, mas não na proporção que queríamos, o que mostra que a sociedade ainda não está sensibilizada da importância de se manter em casa. Conseguimos, com o decreto, uma desaceleração do crescimento. Seguimos crescendo, não chegamos no platô, mas conseguimos crescer de uma forma mais lenta”, disse a diretora. "Sempre está posto que outras medidas poderão ser tomadas. E, espero, que a frente parlamentar consiga nos auxiliar a implantar as novas medidas, para juntos, conseguirmos ter maior adesão da população”, acrescentou.
Para a diretora da Sesa, apesar da baixa adesão, o decreto alcançou seus objetivos. “Tínhamos situações críticas nestas regiões, crescimento de casos, óbitos, e esgotamento de recursos, que geravam dificuldade na garantia do atendimento. E o decreto nos ajudou a nos ajustarmos nisso. Desaceleramos o crescimento e reduzimos óbitos. O decreto possuía uma abrangência regional, a análise tem que ser feita de forma regional. Na região de Cascavel teve redução de 21% nos casos e desafogou a ocupação de UTIs, por exemplo. Ao analisar regionalmente, os objetivos do decreto foram alcançados”, afirmou, adiantando que o estado deverá cobrar novas medidas dos municípios, conforme as curvas de cada região. “Seguimos monitorando caso a caso e vamos notificar os municípios sobre a situação de cada cidade. Sabemos o que tem que ser feito, é o isolamento social. Seguimos fazendo nosso trabalho, e contamos com os gestores municipais, que aceitem nossas recomendações”.
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