A menos de um ano das eleições para escolha de vereadores e prefeitos de municípios, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) em Curitiba tenta se organizar para a disputa: dois filiados com mandato, um deputado estadual e um deputado federal, estão de olho no comando da capital paranaense. Mas o processo de decisão sobre qual nome vai para as urnas não é simples, e a conjuntura nacional possivelmente terá interferência, avaliam pedetistas ouvidos pela Gazeta do Povo.
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Eleito no pleito de 2018 para a Câmara dos Deputados, onde exerce seu quarto mandato na Casa, Gustavo Fruet parecia ser o nome natural do PDT na corrida de 2020 para a prefeitura de Curitiba. Fruet venceu a eleição para comandar a capital em 2012, mas em 2016 não conseguiu se reeleger. A vitória foi de Rafael Greca (DEM), que se prepara para tentar permanecer no cargo por mais quatro anos, na disputa do ano que vem.
Mas a trajetória de outro nome do PDT, o deputado estadual Goura, esbarra nos planos de Fruet. Jorge Gomes de Oliveira Brand, o Goura, está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa. Para assumir o posto no Legislativo estadual, renunciou à cadeira na Câmara de Curitiba, onde atuava na linha de oposição a Greca. Foi o único vereador da capital a conseguir uma vaga na Assembleia Legislativa – do total de votos obtidos no Paraná (37.366 votos), mais de 70% partiu do eleitorado curitibano.
Dentro do PDT, Goura se vê com uma disposição maior para alianças partidárias. A ideia é encabeçar uma chapa que represente o campo progressista, ante os nomes da direita que também já se colocam como pré-candidatos ao Palácio 29 de Março. Goura enumera, além de Greca, o deputado estadual Delegado Francischini (PSL) e o deputado federal licenciado Ney Leprevost (PSD), hoje no primeiro escalão da gestão Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) no governo do Paraná.
“Existem ao menos três pré-candidaturas fortes no campo da direita, com possibilidade de termos um segundo turno apenas com nomes da direita. Acho que a esquerda deve se unir para propor outro modelo de cidade, menos desigual, menos injusta”, diz Goura. O ex-vereador de Curitiba, contudo, ainda não revela com quem tem conversado, mas reforça que há um diálogo já aberto com outras siglas. E pontua que o PDT deve ficar necessariamente com a cabeça de chapa, na frente progressista que desenha.
Por outro lado, Fruet preferiria chapa pura, ou, ao menos, “a menor aliança possível”, nas palavras do próprio. Ele reconhece que há uma divisão hoje no país, mais ou menos estabelecida entre dois campos, conservador e progressista, mas ainda aposta que os temas locais vão prevalecer na disputa do ano que vem, sem necessidade da criação formal de uma ampla aliança dos partidos de esquerda e de centro-esquerda na disputa eleitoral.
“Falam como se o Brasil estivesse dividido entre Bolsonaro e Lula. E é lógico que isso vai contaminar um pouco as eleições municipais no ano que vem, mas eu acredito que os temas locais vão ter prioridade”, diz Fruet, antes de apontar os problemas que identifica na atual administração, já no ensaio para uma eventual disputa com Greca.
Fruet lembra, por exemplo, que o PDT se prepara para lançar Ciro Gomes à Presidência da República novamente, em 2022, e que, neste caso, uma aliança com o PT de Lula não seria bem-vinda, avalia ele. “Ciro tem que se afastar do PT para se viabilizar. E as alianças no ano que vem devem refletir isso”, acredita ele.
Tanto Goura quanto Fruet negam, contudo, que haja qualquer mal-estar entre eles diante da divisão interna. Ambos reforçam que o debate de teses é natural dentro de um partido político e pregam o fortalecimento da sigla, em especial por conta do fim das coligações na eleição proporcional – mudança que já vigora para os candidatos a vereador a partir do ano que vem.
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