Quando o assunto é o escoamento da produção até o Porto de Paranaguá, o turismo nas praias do Paraná e Santa Catarina ou o acesso a Curitiba, a maior capital do Sul do País, todos os caminhos levam ao trecho da BR-227 onde está localizada a praça de pedágio de São Luiz do Purunã, que será reativada após a conclusão do processo de concessão do lote 1, novo modelo de exploração das rodovias do Estado. O leilão para definir que empresa ou consórcio ficará responsável por elas está previsto para o próximo dia 25 na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3.
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Segundo informações do Estudo do Tráfego do lote 1, a praça de pedágio de São Luiz do Purunã, no km 32,8 da BR-277, que fica no trecho de quase 70 km entre o entroncamento com a BR-376 e o acesso oeste de Curitiba, tinha o maior volume diário do Paraná: de 28 mil a 29 mil veículos, conforme a média anual com base nos dados do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) do estado, sendo 17 mil veículos leves e o restante caminhões de até quatro eixos.
O volume é o maior registrado entre as antigas concessões do Anel da Integração, sendo que o pico registrado pelo estudo ocorreu em outubro de 2019, com a média de 35 mil veículos por dia naquele mês. Diante disso, a pista dupla se torna insuficiente para atender as demandas de trabalhadores no trânsito, dos caminhões carregados rumo ao Porto de Paranaguá ou dos turistas em uma saga para chegar até o litoral.
Para mudar o cenário do trecho federal mais movimentado do Paraná, o Plano de Exploração da Rodovia prevê o alargamento da BR-277, com uma ou duas faixas adicionais em um trecho de 60 km da estrada já duplicada. A previsão de entrega das obras é de 5 a 7 anos.
Na avaliação do presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Estado do Paraná (Setcepar), Silvio Kasnodzei, as obras são urgentes por conta do impacto econômico gerado pela lentidão do tráfego na rodovia, sendo que os prazos estabelecidos no edital estão acima do necessário para a resolução dos problemas, como o alargamento da BR-277.
“É o único acesso ao Porto de Paranaguá. Se ocorrer um tombamento, o local fica congestionado e fechado por horas. Então, os custos são absurdos, mas não tem como colocar ordem se não tiver o caos primeiro”, pondera Kasnodzei.
“É uma pena a previsão, pois a terceira pista seria viável, mas estamos falando de pelo menos cinco anos até a entrega do alargamento da BR-277. A gente sempre está correndo atrás, a gente precisa estar na frente. Esse cenário impacta o custo. A lentidão na subida e na descida com acidentes graves e ainda tem a necessidade de fazer a pista de fuga, como na descida na serra para Santa Catarina, muito eficiente, que mostrou a importância daquele investimento que foi feito”, analisou.
Projeto prevê a correção de traçado e construção de trincheira em Curitiba
As áreas de escape para os veículos pesados, cobradas pelo presidente da Setcepar, e as correções de traçados estão previstas em um trecho de 8,7 km entre o entroncamento das rodovias federais e São Luiz do Purunã. Segundo o Programa de Exploração da Rodovia, em anexo ao edital da concessão, as melhorias previstas no trecho devem ser realizadas até o sexto ano do contrato.
“As curvas são mais acentuadas que na descida de Santa Catarina. Então é uma obra necessária e urgente. Não dá para pensar em uma entrega daqui a 3 ou 4 anos, isso já deveria estar pronto”, criticou.
Além do alargamento da BR-277, outra grande obra está programada para o entroncamento com a BR-476 no trecho de 13,7, km, que termina no acesso oeste de Curitiba. Uma trincheira com passagem em desnível deve ser entregue no quinto ano de contrato,q com passarela e ciclovia na obra que ainda deve realizar melhorias no trevo e nas larguras das vias marginais. Além disso, está prevista a travessia urbana de Campo Largo.
Na avaliação do presidente da Setcepar, a geografia da região, em especial na descida para Curitiba e para o litoral, pode apresentar algumas dificuldades por causa do “corte”. Um lado da rodovia é pedra e do outro lado é grota, segundo Kasnodzei. “Então, é trabalhoso e imagina quando isso começar. Se hoje com as duas pistas liberadas, a gente já tem problema com filas a partir do pedágio, imagina quando começar as obras e não tem uma fuga (vias alternativas)”, alertou.
Segundo o modelo de concessão, as empresas vencedoras dos lotes são responsáveis pela elaboração dos projetos executivos das obras com estudos e soluções operacionais que são implementadas durante a execução, entre elas, os desvios, sinalização e outras medidas de segurança e tráfego. A elaboração dos projetos é feita nos primeiros anos de contrato, assim como a obtenção de licenças ambientais, o que justifica a previsão de entrega de grandes obras não ser programada logo para o início da vigência contratual.
“Para engenharia hoje tem solução e se eles estão propondo isso, é o que deve ser feito. Esperamos que tenha o menor impacto possível tanto para produção, que é o transporte, quanto para o turista e executivos que viajam como muitos profissionais que moram em Ponta Grossa e trabalham em Curitiba ou vice-versa”, comentou.
Rodovia acumula 36 mortes nos últimos dois anos
De acordo com as informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 36 mortes foram registradas nos últimos dois anos no trecho da BR-277 entre São Luiz do Purunã e Curitiba. Foram 19 mortes em 2021 e 17 no ano passado, sendo que o trecho teve 228 feridos em 2022, três a mais do que no período anterior. Já os números de acidentes registrados caíram no último ano. Em 2021, foram 262 acidentes e o ano seguinte terminou com 234 ocorrências.
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