O sociólogo e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Pedro Rodolfo Bodê de Moraes era presença garantida na agenda de fontes da maioria dos jornalistas paranaenses. Estudioso da segurança pública, violência e controle social, chegava a dizer que seu telefone era público, tamanha a frequência com que sua palavra de especialista era requisitada. Buscava aliar a prolífica carreira acadêmica com o compartilhamento de informações com a sociedade. Seu falecimento aconteceu no dia 27 de novembro devido a um câncer. Ele tinha 61 anos.
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“O Pedro tinha uma grande capacidade de comunicação”, resume o colega Ricardo Costa de Oliveira, decano do Departamento de Sociologia da UFPR, do qual Pedro fazia parte desde 1992.
Não apenas nas constantes entrevistas à imprensa, mas nos cursos que ministrava à comunidade externa à universidade, aos agentes e ex-agentes da segurança pública do estado e na inserção que tinha em setores além da Sociologia, como o Departamento de Direito da UFPR e o Conselho da OAB/PR, se mostrava sempre pronto a compartilhar e a receber conhecimentos que retroalimentavam suas pesquisas e sua experiência.
Nesses espaços e na própria academia, era extremamente querido por todos. Após o falecimento, não faltaram depoimentos relatando a atenção e o apoio emocional e até financeiro dele aos estudantes. Ao longo dos anos que permaneceu como professor associado, acumulou disciplinas e dezenas de orientações na graduação, mestrado e doutorado.
Pedro Bodê dedicou os últimos anos a orientar pesquisas acadêmicas
Nos últimos anos, era um dos professores da Sociologia que mais orientavam. Em sala de aula, reproduzia a conhecida capacidade de comunicação, ensinando de forma didática e esclarecedora.
Sua destacada trajetória acadêmica inclui estágio pós-doutoral na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), doutorado em Sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ), mestrado em Antropologia Social pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) e graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Por causa da crise da violência brasileira, presente na realidade do país nas últimas décadas, a área de estudo do controle social e da violência era bastante requisitada no ambiente universitário, e o professor foi importante para a abertura dela no Paraná.
Era coordenador-geral e bastante ativo no Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Humanos da UFPR (CESPDH), organizado em 1997 para refletir e pesquisar sobre esses temas. Esse era um exemplo de atividade que ele conduzia fora de aula e que aprofundava os estudos a partir das trocas intelectuais.
Professor rompia com imagem de acadêmico sisudo
Além da participação na OAB/PR em temas relacionados ao enfrentamento da violência contra a mulher e da criança e do adolescente, fez parte de comissões importantes no Paraná, como a Comissão Estadual da Verdade, da qual foi coordenador. Ao participar de fóruns e congressos nacionais e internacionais, levava o nome da UFPR a novos patamares.
“Era uma pessoa conversadora e agradável, admirado e respeitado pela qualidade e rigor, mas conseguia manter um bom humor característico”, conta Ricardo. Mesmo com a bagagem intelectual que carregava e com o respeito que aspirava, Pedro rompia com a imagem de acadêmico sisudo e fechado. O sotaque carioca marcante o precedia, e com criatividade e solidariedade conseguiu criar por onde passou uma comunidade de amizade e afeto.
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