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Imagem ilustrativa| Foto: Pixabay / Sasin Tipchai

Dos 5.570 municípios brasileiros, em mais da metade deles – cerca de 3.470 – o acesso à internet pela banda larga fixa é feito por meio de operadoras de pequeno porte. O dado faz parte do mais recente Relatório do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM) Banda Larga Fixa, divulgado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

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De acordo com o relatório, são consideradas prestadoras de pequeno porte as empresas que possuem menos de 5% de participação no mercado de varejo nacional das telecomunicações. Em 19 dos 27 estados brasileiros, são estas pequenas empresas as principais portas de acesso à internet em banda larga. Dentre estes estados, o Ceará é a unidade da federação com mais acessos à internet feitos por meio de pequenas operadoras, responsáveis por 2 a cada 3 assinaturas.

Proximidade com o cliente é principal atrativo

Apesar da predominância nos cenários do norte e do nordeste brasileiros, as prestadoras de pequeno porte também têm presença significativa no sul do país. Somadas, estas operadoras respondem por 34% dos acessos no estado do Paraná, que conta com 832 provedores homologados pela Anatel.

O empresário Marcelo Siena, de Marialva, no noroeste paranaense é um pioneiro no segmento. A empresa dele iniciou os trabalhos com provimento de serviços de internet em setembro de 1998, com apenas um funcionário e acesso discado à rede. Hoje trabalha com uma rede integrada de fibra ótica, emprega 70 colaboradores e conta com uma carteira de clientes em 15 municípios da região.

Siena acredita que a proximidade com o consumidor é o principal atrativo dos pequenos. “Nas grandes empresas o atendimento é frio e distante, normalmente feito por grandes call centers. Nas menores, você tem atendimento presencial, lojas físicas e proximidade social, pois seus clientes estão no mesmo ciclo de convivência dos proprietários e colaboradores”, avaliou.

Operadoras locais levam acesso à internet para o interior

Rosauro Baretta é sócio de duas provedoras que empegam 130 pessoas e atendem 12 municípios do sudoeste paranaense. Ele enxerga um cenário desafiador para os pequenos. Ainda assim, não esconde a satisfação em poder levar a internet para o interior. “Isso faz muita diferença na vida das pessoas”, avaliou.

Baretta ainda destaca que geralmente, as pequenas empresas reinvestem localmente, o que garante uma rede de benefícios: “O provedor faz um bem danado. Além de levar a conexão, ajuda a desenvolver a cidade ou a região”, concluiu.

Os filhos da empresária Neides Catani, moradora de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, moram na Bélgica. A distância entre eles ficou menor há cerca de três anos, quando o sítio da família passou a estar conectado à internet por meio de uma pequena operadora local.

“Na época fizemos a cotação com uma dessas grandes e com essa. E o valor da outra era exorbitante”, disse a empresária, justificando a escolha pela operadora local. Ela conta que a instalação foi rápida e está satisfeita com o serviço. “São os pequenos que trazem a internet para o interior”, comentou.

Foco na zuna rural

Joelmir Nunes tem uma operadora local de internet em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. A maioria de seus clientes mora na cidade, mas no momento o foco da empresa é a zona rural. Em um trabalho recente, a provedora de Nunes levou o acesso à rede a uma região onde ninguém tinha chegado antes, no interior do município de Mandirituba. “É legal você conseguir levar comunicação para as pessoas, e saber que você consegue colocá-las no mundo, digamos assim”, disse o empresário.

Funcionários de uma pequena operadora local realizam ligação de internet por banda larga fixa em São josé dos Pinhais.
Funcionários de uma pequena operadora local realizam ligação de internet por banda larga fixa em São josé dos Pinhais.| Divulgação

Os grandes desafios dos pequenos

Apesar de abocanharem uma fatia expressiva do mercado geral de acesso à internet por banda larga fixa, conforme atestou a Anatel, as pequenas empresas também enfrentam dificuldades diárias. Um dos principais entraves identificados pelos pequenos empresários de telecom é o alto custo para utilização das infraestruturas do setor elétrico – em outras palavras, o aluguel de postes para a passagens de fio e cabos das provedoras de internet.

Os empresários também reclamam da falta de crédito estruturado para o segmento. “Temos mantido constante diálogo com todas as autoridades, que estão sensibilizadas com o papel social e econômico das menores empresas do setor. Porém, carecemos de políticas públicas que de fato enxerguem e fomentem o papel desenvolvido por estas empresas regionais, que além de tudo geram empregos e mantêm os tributos e divisas localmente, retroalimentando a economia regional”, avalia Marcelo Siena.

A concorrência com as gigantes também exige estratégias e bom planejamento. De acordo com os empresários, é possível sobreviver e prosperar, mas é necessário cuidar da otimização de todo o processo, principalmente na instalação. O lema é fazer bem feito para evitar necessidades frequentes de suporte técnico, um dos principais fatores geradores de custos.

A fidelização pós-venda, sugerem os empresários ouvidos pela reportagem, ocorre quando as pequenas provedoras conseguem simplificar as estruturas e fornecer acesso à internet em locais onde não há interesse das grandes operadoras. Somada a uma estratégia de marketing local, estas ações possibilitam a oferta de preços competitivos.

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