Fundador do grupo Direita Curitiba, coordenador estadual do Movimento Avança Brasil e colaborador do canal Terça Livre, o músico Eder Borges quer ser a voz do bolsonarismo na Câmara Municipal de Curitiba. Ele foi eleito vereador da cidade no último dia 15, com 3.932 votos, e se considera o principal representante da direita conservadora na próxima legislatura.
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“Sou um dos muitos brasileiros que quebraram durante o governo Dilma [Rousseff (PT)]”, diz. “Eu tinha uma banda de baile, tinha locação de luz, som, e aí veio aquele período de crise”, lembra. Ele conta que, em meio à dificuldade que enfrentava, via com preocupação o crescimento da esquerda no Brasil e em países latino-americanos. “Sobretudo por meio do Foro de São Paulo, aquela organização criada por Lula e Fidel Castro com o objetivo de transformar a América Latina em uma união de repúblicas socialistas.”
Em 2014, começou a gravar vídeos expressando suas opiniões e participou da fundação do Direita Brasil. “Foi o primeiro movimento de direita de todos. No ano seguinte, vários outros surgiriam pelo país.” A partir daí, passou a organizar manifestações pela cidade, principalmente a favor do impeachment de Dilma. Em 2015, com o publicitário Luiz Trevisani, que conheceu em um grupo de ativismo de direita, formou a banda Os Reaças, que lançou, na manifestação de 15 de março daquele ano, o Hino do Impeachment.
A música passou a ser tocada em caminhões de som em protestos por todo o Brasil. “Chegou a hora / De por o lixo pra fora / Da presidente ir embora / E levar junto o PT”, diz a estrofe inicial da canção. “Foi assim que fiquei conhecido: vídeos, a organização das manifestações e essa questão musical”, avalia.
Após gravar um vídeo no dia 29 de abril de 2015, sobre o confronto entre policiais militares e servidores da educação no Centro Cívico, foi entrevistado pelo Terça Livre, que se apresenta como “o maior canal conservador de notícias e análises políticas da América Latina”. “Dei uma versão diferente dos fatos, expondo a estratégia da esquerda”, fala, sobre o vídeo. “O pessoal gostou de mim e me chamou para fazer um programa para eles.”
O Terça Livre foi fundado pelo jornalista Allan dos Santos, aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e que recentemente se mudou para os Estados Unidos após ser citado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) que apuram suposto esquema de divulgação de informações falsas e atos antidemocráticos. Santos nega qualquer irregularidade e afirma ser vítima de perseguição.
No canal, Borges gravou vídeos ao lado das hoje deputadas federais Bia Kicis (PSL-RJ) e Carol de Toni (PSL-SC) e lançou o programa Eder Talk, interrompido no fim de 2019, quando o canal passou a produzir apenas boletins diários de notícias. Pretende retomar a série em breve em um canal próprio. Hoje faz colaborações esporádicas para o Terça Livre.
Quase todo evento que tenha relação com a direita em Curitiba contou com a participação de Borges. Entre 2015 e 2017, foi coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), até a iniciativa perder credibilidade, segundo ele. Promoveu protestos pró-Lava-Jato, esteve na linha de frente da campanha presidencial de Bolsonaro em Curitiba e, já em 2020, organizou carreatas contra o fechamento do comércio como medida preventiva ao avanço do novo coronavírus – defende o isolamento vertical. Hoje é coordenador estadual do Movimento Avança Brasil, cuja página no Facebook tem mais 1,6 milhões de curtidas e de 2,5 milhão de seguidores.
Em 2016, foi candidato a vereador pela primeira vez, pelo PSC, obtendo 4.176 votos – acima do obtido por sete eleitos. No ano seguinte, começou a trabalhar como assessor parlamentar do deputado estadual Fernando Francischini (PSL, à época no Solidariedade), enquanto este coordenava a campanha de Bolsonaro no Paraná para as eleições de 2018. Após o pleito que fez o atual presidente vitorioso, Borges mudou de gabinete na Assembleia Legislativa do Paraná, passando a trabalhar com o deputado Coronel Lee (PSL).
Em 2020, deixou o cargo para sair candidato pelo PSD com o número 55538 – “cinco, cinco, cinco, três oitão”, dizia seu jingle. A sigla é classificada como de centro pelo próprio presidente nacional, Gilberto Kassab. “Hoje não existe partido de direita no país”, explica Borges, que atuou diretamente na coleta de assinaturas para criação do Aliança pelo Brasil no Paraná, atividade hoje interrompida, mas que deve ser retomada em breve.
Diz que não vai ter áreas prioritárias em que vai atuar em seu mandato como vereador. “Minha pauta número um é a liberdade”, resume. “Sempre batalhei pelo direito das pessoas a trabalharem, por isso fui contra o fechamento do comércio”, diz. “Vou lutar pelo direito do cidadão trabalhar, pela liberdade do artista usar os espaços culturais de Curitiba, que são maravilhosos mas burocráticos para serem utilizados, pelo direito dos pais que desejarem de educar seus filhos em casa”, conta.
Afirma ter liberdade no PSD, onde recebeu carta branca para votar de acordo com suas convicções. “Eu não me vejo como oposição, me vejo como independente. Por um certo prisma, serei uma voz isolada, por ser o único representante de uma linha ideológica, a direita conservadora. Mas acho que terei um bom diálogo com outros parlamentares. Apesar de eu ser combativo, também busco ser diplomático.”
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