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Novo vereador, Pastor Marciano Alves critica fechamento de igrejas durante pandemia
Marciano Alves é apresentador na Rádio Tropical Gospel AM| Foto: Reprodução/Facebook/Marciano Alves

A bancada de pastores evangélicos na Câmara Municipal de Curitiba terá três representantes na próxima legislatura. A partir de 2021, o pastor Marciano Alves (Republicanos), da Igreja Visão Missionária, passa a exercer mandato de vereador ao lado dos reeleitos Ezequias Barros (PMB), da Igreja O Brasil para Cristo, e Osias Moraes (Republicanos), da Universal do Reino de Deus. Estreante, Alves já é crítico da forma como a pandemia tem sido enfrentada na cidade, embora não pretenda exercer oposição sistemática ao prefeito: “Não sou oposição, sou da conversa”.

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Natural da cidade de Princesa Isabel, na Paraíba, Alves atuava no Mato Grosso do Sul quando, a pedido da igreja, veio ao Paraná, em 2013, inicialmente estabelecendo-se na cidade de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana, e posteriormente na capital paranaense. “Comecei a cuidar das pessoas, dos deficientes, das mulheres que foram abusadas, dos idosos que infelizmente são esquecidos na comunidade”, conta.

Apresentador do programa Corrente dos Milagres, na Rádio Tropical Gospel AM, passou a dedicar um horário da programação a pessoas enfermas e, como capelão, faz visitas a casas e acompanha pacientes em hospitais. Também mantém projetos em que busca oportunidade para pessoas desempregadas e presta auxílio a familiares de presos. “Todo esse trabalho me levou a perceber a falta que faz um mandato, uma caneta.”

Segundo ele, as pessoas começaram a sugerir sua entrada no processo político. “Pastor, você tem um trabalho tão bonito pelo necessitado, pelo carente, saia vereador”, relata. A diretoria da igreja avaliou e considerou válida a tentativa. “Coloquei meu nome à disposição. Não por mim, porque quem é padre e pastor não se manda, ele serve à comunidade”, explica. Em 2016 candidatou-se ao Legislativo de Fazenda Rio Grande pelo PSC, mas, com 452 votos, não se elegeu.

Em Curitiba, a presença de templos da Visão Missionária nos 75 bairros levou Alves a percorrer toda a cidade. “É aquele trabalho anônimo, de conversar com as pessoas”, relata. Com o tempo, passou a se tornar conhecido nas comunidades da periferia. “A campanha deste ano foi muito fácil, porque não é uma novidade eu chegar nos bairros. Eu sempre estive lá.” Foi eleito para a segunda vaga do Republicanos com 4.483 votos.

Embora filiado a um partido que integrou a coligação do prefeito Rafael Greca (DEM) na disputa à reeleição, desde o início da pandemia o pastor se manifestou contrariamente a medidas de isolamento social adotadas pela prefeitura no enfrentamento à Covid-19. “No momento de crise, o gestor tem de acalmar o povo, não tumultuar”, diz.

“A igreja é essencial em um momento de dificuldade. É claro que a gente vai cuidar de toda a questão do vírus, só que o Brasil foi descoberto com a missão de pregar o Evangelho. O nosso povo é cristão. As pessoas se sentem amparadas na igreja no meio de uma crise. Então como é que você vai fechar a igreja no momento em que o ser humano mais precisa dela? Como vai fechar o comércio? A vida não é feita em quatro paredes, com todo mundo escondido. Não, a vida é feita com trabalho.”

Com um discurso nessa linha, sua campanha foi fortalecida, avalia. “Os críticos falavam que eu não ia me eleger porque não tinha dinheiro, por ser pastor, por não ser conhecido publicamente”, relata. “Mas superei todas as afrontas, porque sabia que ia dar certo.”

Diz ter se sentido humilhado na prefeitura diversas vezes. “Tentava conversar, pelas causas que defendo, e não era ouvido. A primeira coisa que vou fazer com a força da caneta é buscar entender por que uma criança que precisa de um atendimento fica três, quatro, até cinco anos anos esperando”, diz.

Mas, apesar da indignação, prega o diálogo. “As dificuldades, os obstáculos nós já temos. Vamos sentar e achar uma alternativa. Não sou oposição, sou da conversa.” Considera a fiscalização do Executivo a principal função do vereador – “quando se fiscaliza, a comunidade é atendida”, acredita. “A cidade é rica, temos um orçamento de R$ 9 bilhões”, argumenta.

A filiação ao Republicanos, partido ligado à Universal, foi uma decisão pessoal, sem interferência de sua igreja, e motivada por dois fatores. O primeiro é um vínculo pessoal. “No início da minha fé, no Mato Grosso do Sul, eu pude contribuir com o [Marcelo] Crivella, que, com o ex-bispo [Carlos] Rodrigues, quis aumentar a estrutura da Universal no estado”, lembra. “Sempre gostei do estilo do partido, por ser mais equilibrado. Cheguei a ser primeiro secretário do PRTB, mas não consegui me agregar pela questão do discurso. É difícil eu falar uma coisa e ter que voltar atrás.”

A outra razão foi a intenção de apoiar a candidatura do deputado federal Luizão Goulart (Republicanos) ao Executivo curitibano. “Quando o missionário me deu a bênção para organizar a questão política, nós tínhamos um projeto com o Luizão.” Ex-prefeito de Pinhais, reeleito para o segundo mandato em 2012 com 93,7% dos votos válidos, Goulart chegou a se lançar pré-candidato à prefeitura de Curitiba, mas recuou atendendo a um pedido do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), que tem apoio da legenda em nível estadual. “Deus sabe de todas as coisas”, pondera Alves.

Conta já ter trabalhado com o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania, em um projeto de combate às drogas. “Temos um vínculo e, mesmo não sendo do Paraná, ele vai nos auxiliar”, afirma. Diz ter ainda uma boa relação com Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que é também pastora evangélica. “Sou pró-vida, acredito no ser humano.”

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