Resultado preliminar de pesquisa da Universidade Federal do Paraná (UFPR) detectou o coronavírus no organismo de 15 animais domésticos de 111 testados em seis capitais brasileiras. O teste, que teve 13,5% de positividade, foi feito em cães e gatos cujos donos foram infectados pela Covid-19. Os testes aconteceram em Curitiba, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Cuiabá e Campo Grande.
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Em Curitiba, o resultado foi de 16,1% de positividade: dos 31 animais testados, o coronavírus foi detectado em quatro cachorros e um gato. A cidade que teve o maior índice de contaminação de animais foi São Paulo, com 45,4%. Dos 22 pets que passaram pelo exame na capital paulista, 10 testaram positivo, sendo nove cães e um gato.
Financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pelo Ministério da Saúde, a pesquisa pretende avaliar mil animais domésticos para avaliar a suscetibilidade dos pets à doença e o papel de cães e gatos como reservatórios do coronavírus. Porém, os pesquisadores enfatizam que até o momento não há indício algum de que os animais transmitam a Covid-19 para humanos. A pesquisa, aliás, aponta o contrário: são os donos infectados que passam para os bichos.
“A carga viral expelida pela maioria dos bichos de estimação é baixa, o que diminui o risco de infecção. Assim, cães e gatos não têm papel na epidemiologia da doença em pessoas”, informa o médico veterinário Helio Silva Autran de Morais, diretor do Hospital Veterinário da Universidade do Estado do Oregon, nos Estados Unidos, e consultor científico internacional da pesquisa, em entrevista ao site da UFPR.
Já em relação à possibilidade de os animais desenvolverem a doença, a pesquisa da UFPR aponta que não há nenhuma confirmação em cães. Porém, gatos são mais vulneráveis. “Gatos podem, em episódios raros, desenvolver sinais clínicos respiratórios e gastrointestinais. Porém, é muito difícil saber se os sinais clínicos compatíveis com a Covid-19 de um felino positivo para o vírus são mesmo em decorrência da doença ou são devido a outras causas. A probabilidade maior é de que isso ocorra por outros motivos e não pela Covid-19”, explica Morais.
Se tiver Covid, fique longe do seu pet
O pesquisador da UFPR orienta as pessoas infectadas pela Covid-19 a evitarem beijar, dormir, serem lambidos ou qualquer outra forma de contato próxima com cães e gatos até se curarem. O ideal, aponta o pesquisador, é de que outra pessoa assuma os cuidados com o pet enquanto o dono estiver contaminado.
Caso isso não seja possível, a recomendação é de quem estiver com Covid-19 aja com o animal com os mesmos cuidados para não infectar outras pessoas, adotando distanciamento social, uso de máscara e higienização das mãos sempre antes e depois de interagir com seu cão ou gato.
“É importante também limitar a interação dos animais com pessoas de fora da residência. Gatos não devem sair para a rua e cães só podem sair na coleira, mantendo a distância de dois metros das pessoas”, conclui o pesquisador.
Estudo em cães
Um estudo preliminar no Reino Unido aponta possível inflamação grave do coração em cachorros contaminados com a variante B.1.1.7 do coronavírus, detectada justamente naquele país no começo do ano. Morais afirma a comprovação ou não virá com mais levantamentos. Mesmo assim, a possibilidade tem que ser levada em consideração.
“É interessante que seis de 11 animais com miocardite estudados tinham evidência direta [exame PCR]) ou indireta [exame de sorologia] do novo coronavírus. Mesmo com todas as limitações ainda existentes, devemos incluir o vírus na lista de diferenciais para miocardite até que saibamos mais a respeito”, adverte Morais.
Outros animais podem pegar Covid
Além de cães e gatos, outros animais podem ser contaminados pelo coronavírus. Já foram identificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) infecções em furões, gorilas, tigres, leões, leopardos, pumas e visons. Todas as espécies são sensíveis a desenvolver sinais clínicos da Covid-19. Porém, de todos esses animais, houve transmissão confirmada para humanos apenas de visons na Holanda e Dinamarca.
“Esses dados são relativos às variantes originais. Ninguém sabe se as novas cepas têm maior poder de infectar ou de serem mais patogênicas em qualquer dessas espécies animais. Parece que a B.1.1.7 é capaz de infectar, experimentalmente, camundongos, que eram resistentes à variante original”, revela o professor.
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