A Polícia Federal instaura um inquérito para investigar mais um caso de suspeita de tráfico humano na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, com jovens aliciadas para exploração sexual na região Oeste do Paraná.
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A investigação foi aberta após o resgate de três mulheres paraguaias na última quarta-feira (11), suspostamente, vítimas de tráfico internacional de pessoas para prostituição. O caso, segundo a PF, reforçou a tese de que um esquema de cooptação foi instalado na região Oeste do Paraná, com a promessa de trabalhos bem remunerado e sem muitos detalhes sobre as funções a serem exercidas. Ao chegaram ao Brasil, as mulheres teriam documentos confiscados, celulares recolhidos e seriam obrigadas a trabalhar como prostitutas.
A PF investiga a existência da organização criminosa estruturada e quem são os elos, desde aqueles que fazem a cooptação até os que ficam responsáveis pelo transporte das garotas pela fronteira, além da identificação de casas noturnas e dos suspeitos pelo aproveitamento financeiro da exploração sexual.
No caso mais recente as policias Federal e Civil do Paraná resgataram as jovens com idades que variam de 19 a 24 anos que estavam em uma casa de prostituição no município de Santa Helena, a 100 quilômetros de Foz do Iguaçu, banhada pelo Lago de Itaipu. A suspeita é que o tráfico de mulheres paraguaias também possa ser realizado pelo rio Paraná com balsa, lanchas ou mesmo caiaques, numa travessia que leva poucos minutos entre um país e outro.
A possível rota do tráfico humano é a mesma utilizada constantemente para outros crimes na tríplice fronteira como o tráfico de drogas e armas, contrabando de cigarros, eletrônicos e pneus em percursos onde o rio é dominado por facções criminosas, entre elas, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando vermelho (CV) que também passaram a operar no contrabando do tabaco.
Famílias acionaram a polícia após perderem contato com as jovens
A polícia brasileira chegou até as mulheres após ser acionada pelas autoridades paraguaias. Segundo os familiares, o que chamou a atenção foi que, primeiro houve a falta de notícias do paradeiro e depois o desaparecimento completo das jovens. “Ao receber a informação, o governo paraguaio acionou o Comando Tripartite, órgão de cooperação internacional entre os países da tríplice fronteira. As autoridades brasileiras designaram uma equipe formada por policiais federais e policiais civis para confirmarem a denúncia e realizarem o resgate”, esclarece a PF.
Em depoimento, as mulheres resgatadas relataram aos policiais que “vieram ao Brasil com promessa de trabalho bem remunerado, mas foram submetidas à exploração”. A PF ressalta que o caso só foi solucionado por causa das informações repassados aos investigadores. “A Polícia Federal reforça a necessidade de haver a denúncia. Para que possamos investigar é indispensável que os casos sejam trazidos até nós e isso vale tanto para quem é traficado ao Brasil quanto aos brasileiros que são traficados para outros países”, alerta.
Em setembro a Gazeta do Povo divulgou reportagem sobre estrangeiros que vivem no Brasil e estão sendo vítimas do tráfico humano. Pessoas vindas de outros países, muitos deles de origem haitiana, que se estabelecem para o trabalho na região da fronteira com o Paraguai, são procuradas pelas autoridades após o desaparecimento. A suspeita é de cooptação por "coiotes" para que as vítimas cruzem a fronteira dos Estados Unidos, ilegalmente, pelo México.
O alerta vem sendo feito pela Embaixada Solidária, uma organização não governamental que tem atendido estrangeiros migrantes ou refugiados que precisam de amparo assistencial durante os primeiros meses de estada no Brasil.
“Num dia estão sendo atendidos e as crianças estão na escola, em outro, as casas aparecem vazias da noite para o dia e não conseguimos mais nenhum contato. Um crime muitas vezes invisível, difícil de ser investigado porque muitas vítimas ou familiares têm medo de denunciar. Se torna quase um crime perfeito”, reconhece a coordenadora da Embaixada Solidária, Edna Nunes, ao lamentar que muitos casos sigam impunes.
Segundo as autoridades, a exploração sexual não é o objeto principal dos traficantes, que ampliaram a rede para o trabalho análogo à escravidão, ou seja, pessoas que são obrigadas a trabalhar exaustivamente com pouco ou nenhum salário, em condições insalubres, sem celulares e documentos.
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