Os números vieram para confirmar o que os setores já sentiam na pele no Paraná. Nesta quinta-feira (30), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou 0,2% de queda no PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2019 em relação aos três últimos meses de 2018, em um movimento interpretado por analistas como soma de desconfiança de mercado e empresariado e dificuldade no avanço das reformas macroeconômicas.
No estado, a retração no índice que soma os bens e serviços produzidos no país era esperada. “Essa expectativa era do comércio, da indústria, dos serviços. Esse tumulto no Congresso [constante brigas entre Executivo e Legislativo] não criou um ambiente favorável para os investimentos dos vários setores produtivos. Não tivemos um ambiente favorável nem para investimento estrangeiro, nem doméstico”, avalia Gláucio José Geara, presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP).
Embora o setor de serviços, do qual o comércio faz parte, tenha sido o único a registrar aumento (0,2%), o dirigente setorial não se diz empolgado enquanto não houver mudanças na política nacional. Para ele, o comércio paranaense deve amargar nova estagnação no segundo trimestre. “Elas [as condições econômicas] permanecem as mesmas. O dia das mães [que foi comemorado no último dia 12] não foi o que esperávamos. É a segunda data em volume de vendas, atrás do Natal. Acredito que o Brasil precisa tomar uma decisão econômica e política”, diz.
Uma pesquisa do instituto Datacenso, feita a pedido da ACP, mostra a face dessa situação crítica. Embora os comerciantes esperem vender no dia dos namorados, 12 de junho, 1% a mais em relação ao ano passado, os compradores estão dispostos a gastar menos: R$ 142 – em 2018, eles estavam dispostos a um gasto médio de R$ 167. O levantamento ouviu 200 empresários e 200 consumidores e tem grau de confiabilidade de 95%.
A mesma pesquisa apontou, ainda, que apenas 30% dos comerciantes espera fazer investimentos nos próximos meses; destes, só 11% pretende contratar mais funcionários.
A previsão de queda também havia tomado os industriais do estado – o setor foi o que amargou a maior retração, pelos números do IBGE, 0,7%. Na última semana, a pesquisa mensal de confiança calculada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) registrou a terceira queda consecutiva. O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) bateu 59,2 pontos ante 60,2 calculado em abril.
Para a Gazeta do Povo, à época da divulgação da pesquisa de confiança do industrial, o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, admitiu que o otimismo registrado no fim do ano esfriou nos primeiros meses. “Ao ano até virou bem, com um pouco de investimento, mais empregabilidade. Mas todas as informações negativas acabam gerando a desconfiança”, apontou.
Para ambos os dirigentes, não há escapatória: os números devem melhorar somente quando reformas estruturais, entre elas previdenciária e tributária, deixarem os passos de tartaruga rumo a uma tramitação mais efetiva.
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