Com pouco mais de 30 mil habitantes, o município de Pinhão, no Centro-sul do Paraná, tinha no início da segunda-feira passada (8) apenas seis casos confirmados para o novo coronavírus. Nessa segunda (15), uma semana depois, já eram 63, segundo boletim da prefeitura.
Boa parte da explosão da doença – que cresceu mais de 10 vezes em sete dias – é resultado da testagem de funcionários da empresa Tabocas Participação Empreendimentos S/A, com sede em Belo Horizonte, que faz obras em linhas de transmissão na região. Na última segunda (8), após a confirmação de oito empregados infectados em reunião com representantes da obra, a prefeitura determinou a suspensão das atividades da empresa por 15 dias (até dia 24) e a testagem de todos os cerca de 320 funcionários, para dimensionar a contaminação no local.
Dos 63 casos confirmados até essa segunda (15), 50 eram de empregados da obra. Entre todos, 39 eram de pessoas de outros estados, 12 de outros municípios e outras 12 de residentes de Pinhão (muitos tiveram contato com os empregados).
"Estávamos confortáveis há duas semanas. Decidimos pela paralisação da empresa quando ainda eram poucos confirmados, mas a testagem dos funcionários mostrou que o problema era maior do que pensávamos", disse o secretário de Saúde, Ivonei Oliveira Lima.
Segundo ele, a empresa mineira realizou todos os testes e isolou os funcionários infectados de outras cidades e de outros estados em um alojamento, que a prefeitura supervisiona.
Regras mais rígidas
Com a rápida disseminação da doença na cidade, a prefeitura decidiu tomar medidas mais restritivas e publicou um decreto nessa segunda (15) suspendendo serviços e atividades não essenciais por 10 dias a partir de quarta-feira (17).
Entre os locais com funcionamento a ser proibido em Pinhão estão academias e demais estabelecimentos de práticas desportivas; bares e atividades correlatas; igrejas, templos religiosos ou espaços destinados à celebração de cultos religiosos; e estabelecimentos destinados ao entretenimento, como casas de festas e eventos.
Já restaurantes e lanchonetes vão funcionar com restrição de horário: só vão poder atender o público das 11h às 15h. Nos demais horários está permitido somente o delivery.
"Estamos em momento crítico, com foco [da doença] em uma empreiteira de extensão bastante grande [...] Também tivemos problemas de aglomerações em atividades não essenciais, festas e reuniões entre amigos, o que não é razoável. Uma pequena parte da população não compreendeu a gravidade do momento, então decidimos tomar medidas mais coercitivas, porque depois pode ser tarde", explicou o prefeito Odir Gotardo (PT) em vídeo.
A referência em UTI para os moradores de Pinhão que eventualmente apresentem quadros graves da doença é o Hospital São Vicente de Paula, em Guarapuava, a cerca de 50 km. No próprio município não há leitos de terapia intensiva.
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