Barragem Piraquara I sofre com a estiagem.| Foto: José Fernando Ogura/AEN
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No último dia 21 de setembro, quando se comemorou o Dia da Árvore, o governo estadual e a Prefeitura de Pinhais fizeram o plantio de 31 espécies de árvores nativas às margens da represa do Rio Iraí, onde está o reservatório que garante parte do abastecimento de água de Curitiba e Região Metropolitana. Mais do que um ato simbólico alusivo à data, a ação faz parte de um trabalho que visa repor a vegetação no local e, dessa maneira, ajudar a aumentar a produção de água.

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Próximo dali, uma área de quatro hectares da Sanepar às margens do rio Timbu, afluente da represa, também está recebendo o plantio, totalizando quatro mil mudas em torno do reservatório. A expectativa é de que no futuro isso produza um cenário diferente do atual, no qual a barragem com capacidade para 58 bilhões de litros de água opera com apenas 15% desse volume, em razão da estiagem histórica que se arrasta há meses no estado.

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Situação diferente de outro reservatório, a barragem Piraquara 2, cujo nível está na casa de 50%. Uma das razões que fazem com que ela se mantenha em níveis mais elevados é justamente a quantidade de vegetação nativa preservada ao redor. “Plantar árvore também é plantar água”, defende o diretor de Meio Ambiente da Sanepar, Júlio Gonchorosky, observando que toda área de floresta é extremamente importante para a manutenção dos recursos hídricos por elevar o lençol freático.

SAIBA MAIS sobre a crise hídrica

André Ferretti é gerente de Economia da Biodiversidade da Fundação Boticário, que está à frente do Movimento Viva Água, projeto que pretende melhorar a qualidade da água na barragem do Miringuava, novo reservatório que está sendo construído em São José dos Pinhais. Ele explica que a vegetação nativa permite melhor infiltração da água no período de chuva. “Nos períodos de estiagem, como o que estamos vivendo atualmente, ela funciona como uma esponja, retendo a água e abastecendo a barragem mais devagar”, diz.

Para Ferretti, o ideal seria que todos os reservatórios para abastecimento fossem rodeados por vegetação nativa, o que não apenas garante maior segurança hídrica, mas também economia. “A vegetação reduz a quantidade de sedimentos que vão para os reservatórios. Isso aumenta a vida útil e reduz os custos de tratamento da água, já que a retirada de sedimentos com produtos químicos custa caro”, ressalta. Além da vegetação nos reservatórios, a arborização de áreas urbanas também contribui para isso, uma vez que faz com que a água da chuva chegue aos rios com menos sedimentos.

Nova barragem vai preservar área de 1,5 mil hectares

Prevista para ser concluída em dezembro, a Barragem do Miringuava, em São José dos Pinhais, vai aumentar em 38 bilhões de litros o Sistema de Abastecimento Integrado de Curitiba. O novo reservatório vai abastecer cerca de 650 mil pessoas na capital e Região Metropolitana, reduzindo o déficit em períodos de estiagem.

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Para garantir mais quantidade e melhor qualidade na água que irá abastecer essa população, um trabalho vem sendo desenvolvido no local para recuperar áreas degradadas e preservar cerca de 1,5 mil hectares de vegetação nativa. “Essa é uma região com grande suscetibilidade à erosão e turbidez da água. Investir nisso, conservando o solo e promovendo a agricultura sustentável, reflete na qualidade da água”, diz Ferreti. Esse trabalho está sendo conduzido pela Fundação Boticário, governo estadual, prefeitura de São José dos Pinhais e instituições.

Ferretti defende que o plantio de árvores e recuperação da vegetação próxima dos reservatórios é uma necessidade urgente, principalmente diante da perspectiva de que períodos de estiagem tendem a se tornar mais frequentes. “Algumas práticas já estão sendo feitas, mas é preciso dar uma escala maior a isso e aumentar a velocidade. Quanto mais equilibrado o ecossistema, melhor para o abastecimento.”

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]