Policiais do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Guarapuava, na região central do Paraná, declararam que o setor de inteligência da corporação recebeu informações sobre o risco de invasão ao município pelo menos 10 dias antes da tentativa do assalto de grandes proporções à transportadora de valores, ocorrido no mês de abril. As informações sobre o risco de invasão a Guarapuava foram prestadas durante oitivas do inquérito, conforme o site G1, que teve acesso com exclusividade às declarações.
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Os policiais ouvidos foram indiciados por desacato e desrespeito a superiores em Inquérito Policial Militar (IPM) que apura mensagens sobre a invasão, trocadas em um grupo de WhatsApp e consideradas desrespeitosas. Ao todo, 32 policiais foram indiciados. Nas oitivas, eles são contestados sobre as mensagens que enviaram, em 23 de abril, em um grupo chamado "1ª Companhia Independente".
Nos depoimentos, de acordo com apuração do G1, pelo menos dois policiais detalham ter avisado o setor de inteligência da PM sobre as chances de invasão à cidade. Os policiais disseram ter conseguido informações prévias, por meio de um informante, sobre o uso de armas de longo calibre pelos assaltantes, bem como uso de carros blindados. Segundo eles, essas informações também foram repassadas à PM. Os policiais disseram que não tinham certeza da data que ocorreria o assalto. Inicialmente, os PMs achavam que o assalto poderia ser no município de Pinhão ou na Colônia Vitória, em Entre Rios, distrito de Guarapuava.
Segundo os policiais, após o repasse das informações aos superiores, foram realizadas reuniões, mas nenhum plano de contingência foi apresentado ao efetivo do batalhão. Disseram também que, a pedido da inteligência da PM, foi solicitado sigilo sobre as informações envolvendo a possibilidade de invasão, que se concretizou no final da noite de 17 de abril.
A reportagem da Gazeta do Povo procurou a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) para comentar o conteúdo das declarações dos policiais. A Sesp informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "não vai se manifestar sobre assuntos que estão sob investigação". A reportagem procurou também o comando da Polícia Militar, por meio de contato com a assessoria de imprensa, mas não teve nenhum retorno. A Gazeta do Povo permanece aberta às informações e esclarecimentos das instituições.
Relembre o caso da invasão a Guarapuava
Por volta da meia-noite do dia 17 de abril, cerca de 30 bandidos fortemente armados tentaram assaltar uma empresa de transporte de valores, em Guarapuava. Na ação, que avançou pela madrugada, o grupo tentou acuar a Polícia Militar (PM), que reagiu. A ação causou pânico na população, com os bandidos fortemente armados trocando tiros com a polícia e incendiando veículos.
Moradores foram feitos de reféns em um escudo humano para que os bandidos não fossem alvejados. Três policiais foram atacados. Um deles levou um tiro na cabeça e passou por cirurgia. Outro PM teve fratura exposta na perna. O policial que estava ao volante teve ferimento leve no peito e só não morreu porque o projétil de fuzil acabou contido pelo celular que estava no bolso do colete à prova de balas que foi perfurado. Um morador levou um tiro de raspão no braço.
A Secretaria de Segurança Pública confirmou que doze veículos usados pelos assaltantes foram localizados no dia seguinte à tentativa do assalto. Quatro desses veículos foram queimados e utilizados como barreiras para bloquear o trânsito na rodovia BR-277. Também foram encontradas armas, munições, capacetes e coletes balísticos, facas, celulares, lanternas, um par de placas de veículo e R$ 1,4 mil em espécie. Todo o material coletado foi encaminhado para análise da perícia e cruzamento com o banco de dados de impressões digitais da Polícia Civil.
Nos dias seguintes à tentativa de assalto, um grande esquema de captura foi acionado, inclusive com uso de drones com câmeras que detectam a temperatura corporal, dados de banco genético, cães e perícia de armas. Além da área rural de Guarapuava, no distrito de Palmeirinha, a operação se estendeu aos municípios vizinhos de Pitanga, Turvo e Laranjeiras do Sul.
A operação de captura envolveu 260 policiais, entre equipes locais e reforços de grupos especializados de Curitiba. Um suspeito de colaborar com os criminosos chegou a ser preso, porém, após ser ouvido pela Polícia Civil, foi solto por falta de evidências que justificasse a para prisão em flagrante.
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