A Polícia Civil do Paraná (PCPR) segue na busca de José Tiago Correia Soroka, 33 anos, fã do personagem Coringa. O rapaz é suspeito de cometer três latrocínios (crime de roubo seguido de morte) em sequência - contra dois homossexuais em Curitiba e outro em Santa Catarina. O “serial killer” teria cometido os crimes entre os dias 16 de abril e 4 de maio na capital paranaense e outra morte na cidade de Abelardo Luz, no interior catarinense.
Conforme a investigação policial as três vítimas de Soroka eram homossexuais, moravam sozinhas e tinham parentes distantes. Os três homens foram encontrados mortos na cama de suas residências, com sinais de asfixia, e tiveram pertences roubados. A Polícia Civil diz que o suspeito marcava os encontros por aplicativos de relacionamento entre homossexuais.
Thiago Nóbrega, delegado da Delegacia de Homicídios de Proteção, disse que o acusado é perigoso e outras vítimas podem ter sido atacadas por ele. “A gente conseguiu uma prova importante que foi o reconhecimento facial por imagens dos condomínios. Foram dois homicídios aqui em Curitiba e um em Santa Catarina, e não descartamos outras vítimas. É um indivíduo perigoso que está solto. Ele é uma pessoa preparada e conhecedor de artes marciais e de tecnologia”, disse Nóbrega.
Em uma das tentativas de matar uma pessoa, que sobreviveu, o homem chegou a comparar a ação ao Coringa, personagem de histórias em quadrinhos e do cinema. Outra situação que chama a atenção das autoridades é que coincidentemente a ação ocorreu nas últimas terças-feiras. “Ele teve esta frieza de falar para a vítima que ele era o Coringa e que gostava de matar. Estamos diante de um psicopata, um serial killer, que não mede esforços. Não sabemos se isso é coincidência ou mesmo um planejamento, e por isso nosso alerta e a divulgação das fotos deste cidadão”, alertou o delegado.
Relembre os casos
De acordo com a PCPR, José Tiago Soroka é o responsável pelas mortes do enfermeiro David Júnior Alves Levisio, 28 anos, ocorrida no dia 27 de abril, e do estudante de medicina Marco Vinício Bozzana da Fonseca, 25 anos, morto no dia 4 de maio. Esses dois crimes foram na capital paranaense, na região do bairro Portão. Na ocasião da morte do estudante de medicina, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) chegou a divulgar nota de pesar em suas redes sociais.
A terceira ocorrência foi a morte de Robson Olivino Paim, no dia 16 de abril, em Abelardo da Luz. Ainda segundo a PCPR, no dia 11 de maio, o homem tentou matar mais um homossexual no Bigorrilho, em Curitiba. Na ocasião, a polícia diz que a vítima conseguiu resistir ao ataque, mas teve alguns bens roubados.
Ajude a Polícia e alerta
A PCPR solicita a colaboração da sociedade com informações que auxiliem na localização do procurado. As denúncias podem ser feitas de forma anônima pelos telefones 197 da PCPR, 181 Disque Denúncia ou pelo 0800-643-1121, diretamente à equipe de investigação.
A repulsa por homossexuais, transexuais e bissexuais é prevista como crime desde 2019, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou a homofobia e transfobia ao delito de racismo. A decisão do colegiado previu a equiparação com base no artigo 20 da lei 7.716/1989, que trata dos crimes de preconceito por raça ou por cor. O colegiado também determinou que no caso de homicídio doloso, o crime de ódio o qualifica, por configurar motivo torpe. A decisão do STF é válida até que o Congresso edite lei específica sobre o tema.
O delegado da PCPR Claudio Marques, do núcleo especializado no atendimento a este tipo de vítima, explica que qualquer delegacia está apta a registrar uma ocorrência dessa natureza e pede para as vítimas denunciarem. “Tem sido muito comum as ofensas acontecerem pela internet, seja por redes sociais ou aplicativos de relacionamento”, informa. Nesse caso, capturas de tela são essenciais para dar indícios sobre a localização de autores de crimes, ainda que os perfis sejam falsos.
Encontros presenciais marcados por aplicativos precisam de cuidados. Marques alerta para a segurança das pessoas ao se encontrarem com desconhecidos. “Antes de convidar a pessoa para casa é importante encontrá-la em local público e se assegurar que não se trata de um perfil falso”, indica o delegado da Polícia Civil.
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