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Explosão de grandes proporções colapsou complexo de recebimento de grãos da cooperativa C.Vale, no Paraná.
Explosão de grandes proporções colapsou complexo de recebimento de grãos da cooperativa C.Vale, no Paraná.| Foto: Divulgação/C.Vale

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) concluiu que a causa das explosões que ocorreram na cooperativa C.Vale que deixaram mortos e feridos, em Palotina (PR), em julho do ano passado, foi o excesso de poeira no ar em conjunto com faíscas geradas pelo contato de ferramentas metálicas com o piso de concreto, durante a remoção de grãos de milho derramados. Nesta segunda-feira (25) também houve a divulgação oficial de que três indivíduos foram indiciados por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

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Dentre os indiciados estão o analista operacional, o gerente geral da unidade e o gerente de medicina e segurança do trabalho da cooperativa C.Vale. A pena pode ser de até quatro anos e meio de prisão. "O primeiro era responsável direto sobre as vítimas, que por diversas vezes deixou de exigir e cumprir normas previstas no procedimento operacional padrão e nas normas trabalhistas”, afirmou o delegado Rodrigo Baptista Santos.

O delegado destacou que os outros dois indiciados também estavam cientes das necessidades de manutenção e possíveis riscos de explosão. Além disso, antes do acidente, em fevereiro de 2023, foi emitido um relatório apontando falhas e ineficiência do sistema de desempoeiramento dos túneis.

“O gerente geral da unidade resolveu que faria apenas colocações de peças com funcionários próprios, sem qualificação para isso. Ele não abriu ordem de serviço para manutenção agir e contratar empresa especializada. Em resumo, não deu a importância necessária aos graves problemas apresentados, sendo fator decisivo para a ocorrência do fato sua negligência", disse o delegado.

"Enquanto o gerente de medicina e segurança do trabalho, sabendo dos riscos, não acompanhou para verificar se a manutenção seria feita. Sendo assim, agiu de forma negligente”, acrescentou Santos. De acordo com a Polícia Científica do Paraná, a causa do acidente foi o acúmulo de poeira devido ao derramamento de grãos. A geração de faíscas e a elevada temperatura dos grãos também contribuíram para o acidente.

“A geração de calor através do atrito ou impacto entre matérias pode ser o suficiente para provocar ignição. No local do acidente foram encontradas ferramentas metálicas utilizadas na remoção de grãos. Vestígios encontrados sugerem a hipótese de produção de faíscas por impacto contra o solo de concreto do túnel”, explicou o perito criminal Lennon Ruhnke.

A Polícia Civil do Paraná realizou mais de 50 oitivas, análises de documentos e imagens, levantamento de danos e coleta de vestígios. Segundo as autoridades, funcionários da empresa foram entrevistados para obter mais detalhes dos serviços e reuniões com as equipes de engenharia. Com o inquérito concluído, o documento foi encaminhado ao Ministério Público.

Em nota, a C.Vale disse que irá avaliar o conteúdo do laudo, assim que o receber formalmente. A empresa reafirmou compromisso de colaboração com as investigações e reparação dos danos. "De igual sorte manterá ativa suas políticas de segurança, intensificando as medidas necessárias a averiguar a regularidade estrutural de todas as suas unidades de recebimento de grãos".

Ministério do Trabalho aponta que houve falha na gestão de segurança da C.Vale

No começo deste mês, o Ministério do Trabalho e Emprego publicou um relatório apontando uma série de problemas na gestão de segurança nas explosões que ocorreram na cooperativa C.Vale.

Assim como a Polícia Civil, o documento concluiu que o acúmulo de poeira, gerado pela movimentação de grãos nos silos, criou uma atmosfera explosiva. A poeira teve influência na amplitude das explosões geradas. "Se a empresa contasse com um efetivo plano de limpeza e controle de poeiras em camadas, é possível inferir que as explosões não alcançariam as vítimas que estavam na expedição ou seus efeitos seriam minimizados".

Íntegra da nota da Cooperativa C.Vale

Na data de hoje, a Polícia Técnica do Estado do Paraná, em coletiva de imprensa, realizada na cidade de Palotina, revelou, como possível resultado do evento explosão, ocorrido na Unidade Central de Recebimento de Grãos, o empoeiramento dos espaços confinados acionado por faísca gerada por atrito de pá metálica. Também foi divulgado pelo Excelentíssimo Delegado da Polícia Civil da Cidade de Toledo, responsável pelas investigações, a conclusão do Inquérito Policial com o indiciamento de três colaboradores da Cooperativa. Diante desses fatos, a cooperativa C.Vale avaliará o conteúdo do laudo, assim que o receber formalmente, reafirmando, desde já, seu compromisso de colaboração com as investigações dos fatos ligado ao acidente, tendo, ainda, total compromisso com a reparação dos danos emergentes que assim forem reconhecidos. De igual sorte manterá ativa suas políticas de segurança, intensificando as medidas necessárias a averiguar a regularidade estrutural de todas as suas unidades de recebimento de grãos. Por fim, continuará acompanhando todos os desdobramentos judiciais, em trâmite nas esferas cíveis, trabalhistas e criminais, visando responder às suas responsabilidades.

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