O marechal da Silésia, Jakub Cheltowski, ao lado do vice-governador do Paraná, Darci Piana.| Foto: Camila Tonett/Vicegovernadoria do Paraná
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Único estado brasileiro a participar do Programa de Cooperação Internacional Urbana e Regional (IURC, na sigla em inglês), promovido pela União Europeia, o Paraná deu início às atividades de cooperação com a província polonesa da Silésia. Uma comitiva da Polônia esteve na capital Curitiba no fim de março, onde começou a trocar experiências com os paranaenses – um dos objetivos do Programa IURC, cujo edital não prevê transferência de recursos. Mas por que um estado da Polônia foi o escolhido para ser o parceiro do Paraná nesse intercâmbio?

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Quem responde a essa questão é o articulador de Parcerias do Conselho Estadual de Desenvolvimento Econômico e Social (CEDES) do Governo do Paraná, Filipe Farhat. Segundo ele, o edital foi aberto para vários participantes da América Latina e Europa. Quem juntou os parceiros, disse em entrevista à Gazeta do Povo, foi a própria União Europeia.

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“Quando nos inscrevemos nem sabíamos quem eram os outros interessados. Manifestamos nosso interesse de cooperação em várias áreas, seguindo o plano de governo do Paraná, como turismo sustentável e inovação. São setores de interesse do governo. Foi mandada a documentação para a União Europeia, com diversas áreas de interesse, e assim foi feito por todos os inscritos na América Latina e Europa. Representantes do programa cruzaram os dados, examinaram as documentações, e escolheram esses pares. Foram eles que deram esse match entre nós e a Silésia”, explicou.

O diretor de Projetos e Negócios Internacionais da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação no Paraná (ASSEPRO-PR), Izoulet Cortes Filho, deu mais detalhes sobre o processo de escolha. Segundo ele, a decisão de juntar paranaenses e poloneses foi feita entre os meses de junho e julho de 2021, e levou em conta algumas similaridades entre os dois estados.

“A ênfase da abordagem do programa IURC é no desenvolvimento regional, por meio de inovação tecnológica e social, agregando componentes de sustentabilidade. No caso da cooperação com a Silésia, algumas das áreas prioritárias envolvem a digitalização da economia por meio de tecnologias da informação aplicadas. Há também a busca por compartilhar práticas de desenvolvimento europeias baseadas em especialização, dirigidas por inovação e sustentabilidade”, disse.

Poloneses se mostraram interessados nas startups paranaenses

De acordo com Farhat, os poloneses se mostraram muito interessados nas soluções tecnológicas desenvolvidas pelos paranaenses, em especial ferramentas que auxiliem o poder público a mapear a sustentabilidade dos municípios em relação à Agenda 2030 Pelo Desenvolvimento Sustentável.

“Os poloneses, em viagem ao Paraná, mostraram um grande interesse no desenvolvimento de startups. Nós os levamos para conhecer a Celepar, companhia do Estado na área de Tecnologia da Informação (TI), e o Tecpar, o Instituto de Tecnologia do Paraná. Eles também visitaram uma incubadora, um ecossistema de inovação da iniciativa privada. Isso deu condições para que eles levem de volta à Polônia uma série de soluções que podem acabar interessando algumas instituições deles”, apontou o articulador.

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Para o marechal Jakub Cheltowski, integrante da comitiva polonesa e governador da Silésia, há soluções implantadas no Paraná que são interessantes e que podem ser replicadas em um intercâmbio científico e tecnológico. “Pudemos conhecer várias soluções interessantes aplicadas no Paraná e gostaríamos de estreitar as relações por meio de parcerias em que tanto a Polônia quanto o Brasil possam trabalhar em prol do crescimento”, afirmou.

Paraná quer soluções polonesas que aproximam universidades e indústrias

Em troca, os paranaenses se mostraram interessados, disse Farhat, em soluções polonesas que permitem aos estudantes universitários se capacitarem em áreas onde há mais necessidade de atuação de especialistas. Com essa integração, ganha o estudante ao ter praticamente um emprego garantido ao fim do curso, e ganha também o mercado, porque vai contar com profissionais habilitados a atuarem de forma rápida, prática e direta nas empresas.

“É o que chamamos de Smart Specialization, quando se aproximam as universidades das indústrias por meio da construção de uma rede de observatórios. A academia fica mais próxima de quem tem problemas práticos a serem resolvidos, e consegue formar indivíduos capacitados para resolverem esses problemas, de acordo com as demandas de cada região. Essas pessoas já são inseridas no mercado de trabalho aptas a atenderem essas necessidades. Os poloneses têm algumas soluções nesse sentido, e isso nos interessa muito”, comentou.

Tecnologia "made in Paraná" na Polônia

Nos próximos meses, uma comitiva paranaense vai viajar à Polônia para, assim como seus pares, levar exemplos e buscar parcerias em terras estrangeiras. A expectativa é grande, demonstra Farhat, e os desdobramentos da parceria podem ser ainda mais vantajosos do que se houvesse apenas o aporte de recursos poloneses no Paraná.

“Muitos podem não entender os objetivos, e até criticar acordos onde não há transferência de recursos, de dinheiro. Mas esses acordos proporcionam diálogos, trocas de experiências e de soluções. Mesmo não envolvendo dinheiro, essa parceria gera transferência de conhecimento, de metodologia, e isso tem uma relevância muito grande. Disso podem resultar outros acordos de cooperação tanto com o poder público quanto com a iniciativa privada. Poderemos, quem sabe, ter tecnologia Made in Paraná em uso lá no Leste Europeu”, disse o articulador.

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