O Porto de Paranaguá receberá o maior investimento de sua história nos próximos quatro anos. Somados valores públicos e privados, serão perto de R$ 3 bilhões aplicados na melhoria tanto da estrutura de recebimento de cargas que chegam do interior do Paraná quanto na expedição, com o abastecimento dos navios que seguem para o mercado externo. A informação é da Portos do Paraná, a empresa pública que administra os portos de Paranaguá e Antonina. Serão contemplados nesse aporte de investimentos a instalação de uma moega exclusiva para descarga ferroviária e a remodelagem do corredor de exportação, especializado em grãos e farelos.
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“A intenção é chegar ao fim do primeiro semestre de 2022 com todos os investimentos contratados”, informa o presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia. O porto investirá diretamente R$ 450 milhões na instalação da moega e R$ 1 bilhão no corredor de exportação. O restante dos recursos virá das empresas que atuam no terminal portuário e de investidores.
Leilão na B3 deve acontecer no segundo semestre
Para a obra de maior vulto, a remodelagem do corredor de exportação de grãos e farelos, o porto irá à B3 (Bolsa de Valores de São Paulo) captar recursos, por meio de concorrência internacional. A previsão é que o leilão aconteça no segundo semestre desse ano, conforme informa Garcia. Com isso, segundo ele, a obra deve começar no primeiro trimestre de 2022 e, a partir daí, serão mais 24 meses para a execução.
Garcia reforça que o porto tem buscado a parceria privada e se modernizado para cada vez oferecer um trabalho mais eficiente e com qualidade. “Não temos mais aquele cenário que tínhamos 15, 20 anos atrás, quando o produtor era refém de Paranaguá. Hoje o acesso a outros terminais portuários é muito fácil e, se não oferecermos um serviço de qualidade, com preço competitivo, vamos perder para a concorrência. O mercado está aberto”, alerta.
Com a injeção de recursos será construído um novo complexo formado por quatro berços de atracação. Isso significa que mais quatro navios poderão atracar e carregar simultaneamente, o que mais que dobra a capacidade atual. Hoje, a estrutura para movimentação de grãos e farelos conta com três berços. “Haverá um ganho substancial em eficiência e produtividade”, destaca Andre Maragliano, diretor da Associação dos Terminais do Corredor de Exportação de Paranaguá (Atexp).
Segundo ele, hoje passam pelo corredor de exportação 20 milhões de toneladas de grãos por ano, mas existe uma projeção de aumento desse volume, que deve chegar a 35 milhões de toneladas daqui a 10 anos. “Não teríamos condições de atender toda essa demanda sem os investimentos que estão sendo feitos agora. Os terminais ficariam limitados em sua capacidade tanto de recebimento quanto de expedição”, observa o diretor da Atexp, que reúne os 10 operadores portuários (AGTL, Centro Sul, AOCEP, Cargill, Coamo, Cotriguaçu, Interalli, LDC, Cimbessul e Rocha).
‘Moegão’ para descarga ferroviária começa este ano
O ‘moegão’, como está sendo chamada a moega exclusiva para descarga ferroviária, deve começar a ser construído ainda em 2021. O projeto executivo está sendo elaborado pela Rumo Logística, empresa que opera a malha ferroviária, e será entregue para a administração do porto até o final desse semestre, conforme informou a assessoria de imprensa da Rumo. De acordo com a operadora, com o ‘moegão’ a capacidade de descarga diária passará dos atuais 80 para 390 vagões.
Apenas na moega, serão investidos R$ 450 milhões diretamente pelo porto. Haverá também investimentos privados. “O ‘moegão’ vai dar mais agilidade e eficiência na operação e diminuir o conflito entre os modais. Hoje, caminhão e vagão descarregam na mesma moega nos silos públicos. “Atualmente recebemos apenas 20% das mercadorias pelo modal ferroviário, mas isso tende a crescer. Daqui a 20 anos esse volume deve dobrar e precisamos nos preparar para atender”, destaca o presidente da Portos do Paraná. “Somos reconhecidos como um grande terminal portuário e já nos aproximamos do Porto de Santos, nosso maior concorrente. Com todos esses investimentos, a tendência é ficarmos ainda mais competitivos”, prevê Garcia.
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