Considerado um dos mais eficientes do país, o Porto de Paranaguá costuma ser visto como isolado da cidade. Fechado à visitação por muito tempo, sua presença no município passou a ser associada cada vez mais aos danos e sujeira deixados nas ruas por caminhões que escoam a produção do interior do estado. Desde o ano passado, no entanto, a administração trabalha para mudar essa imagem, integrando cada vez mais a estrutura portuária à cultura local e gerando divisas à economia regional.
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“O Porto de Paranaguá olhava muito para o mar e pouco para as cidades. Queremos um caminho inverso. Ele tem que ser o que a Itaipu é para o Oeste do Paraná, ajudar no desenvolvimento do Litoral”, declarou o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) ao anunciar um pacote de investimentos para a cidade em 2019.
Essa integração com a cidade envolve investimentos feitos pelo porto para a construção e reforma de 14 trapiches nas comunidades ilhadas do litoral, a revitalização das Avenidas Ayrton Senna e Bento Rocha e a construção de um viaduto na BR-277, no acesso ao município. As obras são de modernização viária, com recapeamento, iluminação e até ciclovia em alguns trechos. Uma outra frente é o aproveitamento do potencial turístico do próprio porto.
A ideia é torná-lo referência para atração de turistas e, assim, alavancar o desenvolvimento regional. A estratégia teve início em julho do ano passado, com a reabertura da estrutura para visitação gratuita de grupos, principalmente de escolas, faculdades e empresas, por meio de agendamento. “Era uma demanda de toda a sociedade de Paranaguá, prefeitura, vereadores, hotéis, restaurantes, agências de viagem, empresas que fomentam o turismo em geral”, conta o diretor empresarial do porto, André Pioli.
Comitivas passaram a ser recepcionadas no Palácio Taguaré, sede da Portos do Paraná, e levadas de ônibus para conhecer a faixa portuária. “Quando uma universidade marca uma visita para conhecer o porto, o grupo vai ficar hospedado em um hotel, circular pela cidade, comprar um artesanato, almoçar nos nossos restaurantes e isso fomenta toda uma cadeia”, explica Pioli.
Até os primeiros meses de 2020, 15 mil pessoas participaram das visitas. Em dezembro, depois de três anos, o porto voltou a receber navios de cruzeiros. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, as atividades tiveram de ser suspensas. “Ainda não podemos fazer a reabertura para o turismo, mas já existe toda uma preparação para quando voltar a acontecer. Temos toda a estrutura de segurança sanitária, com equipes de médicos, enfermeiros e guardas portuários”, diz o diretor.
Segundo ele, já existe um projeto interno para a construção de um espaço de recepção dentro do porto, com um mirante com visão panorâmica da estrutura. “Tivemos apenas a boa vontade de acreditar que o porto pode ser um elo de fortalecimento da cidade. E a gente vem tratando isso da melhor maneira possível”, diz Pioli.
A opinião vai ao encontro do que pensa o presidente da Paraná Turismo, João Jacob Mehl, que considera que sempre houve potencial do porto como atrativo, mas faltava interesse em aproveitá-lo. “Sempre digo que para fazer turismo é preciso duas vertentes. A primeira é o produto, que é um museu, uma igreja, uma queda d’água, ou o porto, neste caso”, diz. “A segunda é a vontade, porque o turismo não se faz só com o produto.”
Para ele, há grande interesse de estudantes universitários entenderem o funcionamento do porto como atividade extracurricular, complementar aos conteúdos vistos em sala. “Várias cadeiras estão correlatas à atividade portuária, desde a oceanografia até o comércio exterior.”
Como diretor empresarial, Pioli considera que sua principal missão é trabalhar a relação porto-cidade. “Assim que assumiu, essa foi a principal determinação que o governador nos deu”, conta. “A preocupação não é mais ser apenas aquele porto preocupado em bater recordes, em fazer cada vez mais caminhões e trens entrarem na cidade apenas para descarregar”, diz. “Continuamos batendo esses recordes, até mais do que no passado, mas agora existe a preocupação com o cidadão que mora no litoral, com a geração de emprego e com uma vida melhor para a cidade.”
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