Duas coisas chamam logo a atenção de quem chega a Porto Rico, cidade na região noroeste do Paraná, divisa com o Mato Grosso do Sul. A primeira são as belezas naturais. O rio Paraná, que se estende por 28 quilômetros no município, oferece praias de areias brancas, ilhas e margens de mata atlântica em uma paisagem pronta para emoldurar fotos e vídeos de visitantes do Brasil e do exterior. A segunda são os barcos.
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A prefeitura conta 3,5 mil embarcações registradas na cidade, mais que os 2.193 automóveis, ônibus e caminhões registrados pelo IBGE no censo de 2022. Pelos números oficiais, Porto Rico tem mais barcos que habitantes. São 3.182 moradores na “Miami do Paraná” ou “Dubai do Sul”, como a cidade quer ser conhecida, pelo número de turistas, barcos e, nos últimos anos, investimentos imobiliários — condomínios e grandes resorts de alto padrão.
Em cinco anos, Porto Rico viu aumentar de 5 mil para 10 mil o número médio de visitantes nos fins de semana, segundo a prefeitura. Nos meses de verão, esse número pode chegar a 30 mil. Com os turistas, chegam os grandes empreendimentos imobiliários e investimentos de centenas de milhões de reais.
Porto Rico integra a chamada Costa Noroeste do estado, que contempla um conjunto de cidades banhadas pelo rio Paraná, como Altônia, São Pedro do Paraná, Icaraíma e Nova Londrina, de vocação para o turismo náutico e de natureza, com praias de água doce e transparente.
Era uma pequena vila de pescadores e agricultores até o início dos anos 2000, quando começaram a ser construídos os primeiros condomínios para lazer moradia de verão.
Em 2011, a Greenfish incorporadora, de Maringá, inaugurou o Porto Rico Resort Residence, condomínio de lazer com 908 lotes, quadras de beach tênis, futebol, vôlei, acesso exclusivo à praia e 1,8 mil metros quadrados de piscinas. Foi um dos primeiros da região. Outros o seguiram.
A pandemia de Covid-19, que impulsionou a busca por alternativas de moradia fora dos centros urbanos, contribuiu para colocar Porto Rico no mapa das grandes incorporadoras. A Associação Comercial e Industrial de Porto Rico (Acip) estima que, só nos últimos cinco anos, a cidade recebeu cerca de R$ 600 milhões em novos investimentos no setor imobiliário.
Os cálculos da Acip não incluem os R$ 300 milhões que serão investidos, em seis anos, no Aruna, empreendimento que inclui um bairro planejado, condomínio fechado com praia artificial e cinco ilhas de lazer privativas. No Aruna Ilhas, o preço dos terrenos pode chegar a R$ 2,8 milhões.
“Porto Rico está no caminho de se tornar o centro de um grande polo turístico”.
Raphael França, diretor da Aruna Urbanismo
“A natureza é tão ou mais bonita que em outras regiões do Brasil - como Jurerê Internacional (SC) ou Trancoso (BA) - e para investir, os preços são, comparativamente, mais acessíveis e o investimento dá retorno mais rápido”, diz o diretor da Aruna.
Com mais dinheiro em circulação, a economia de Porto Rico também se movimenta. Novas empresas, grande parte de materiais de construção, foram abertas. Na Associação Comercial, o número de empresas pulou de 60 para 100 em quatro anos e a cidade ganhou mais supermercados, farmácias, hotéis e restaurantes. “A cidade e as empresas estão mudando para atender uma nova realidade”, diz Wanderlei Covissi, presidente da Acip.
É o caso da pousada Porto do Sol, de Wanderlei Rodrigues Junior. Para se adaptar às preferências dos turistas, a pousada terá um novo trapiche, um restaurante, um spa e comandos de voz nos quartos. “A cidade tende a se tornar um destino de turismo de alto padrão e todos estão se adequando”, afirma Rodrigues Junior, que há um ano e meio se mudou com a família de Maringá para Porto Rico. Além da pousada, ele é dono de um bar e de uma operadora de turismo receptivo.
Porto Rico procura mão de obra
Os novos investimentos trouxeram um problema: falta de mão de obra. “Faltam pilotos de lancha de turismo, profissionais de limpeza de piscinas, jardineiros. Eu mesmo estou há um ano com vaga para motorista e entregador e não consigo contratar”, diz Wanderlei Covissi, da Acip.
Uma das dificuldades para atrair trabalhadores é a moradia. A cidade já não tem imóveis para alugar. Para resolver a situação, a prefeitura está construindo 250 casas populares, dentro de uma série de investimentos impulsionados pela melhoria na arrecadação, entre eles a revitalização da orla e obras de saneamento e drenagem.
A Câmara Municipal discute um novo plano diretor, para evitar o crescimento desordenado. Obras na região devem facilitar o acesso à cidade. Os aeroportos de Loanda, a 29 quilômetros, e de Paranavaí, a 100 quilômetros, esperam voltar a receber voos comerciais ainda em 2024. Uma nova ponte no rio Paraná, entre o Paraná e o Mato Grosso do Sul, a ser construída com recursos da Itaipu Binacional, deve encurtar a distância para turistas da região Centro-Oeste.
Muitos chegam para pescar tucanarés, dourados, pacus e piracanjubas, comuns no rio Paraná. Como o pecuarista paulista Daniel Andrade, acostumado a pescar em rios do Pantanal e no Amazonas. Em março, ele esteve pela primeira vez em Porto Rico. Aprovou. “Estrutura top, hospedagem, gastronomia, natureza maravilhosa. Vou voltar”, diz ele.
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