O perfil logístico dos portos do Paraná vem mudando e, com isso, atraindo cada vez mais a atenção de empresas nacionais e multinacionais como possível foco de movimentação de mercadorias. Entre os resultados das últimas concessões nos portos paranaenses estão a recém-iniciada operação, no Porto de Paranaguá, de um terminal da paranaense Klabin, capaz de movimentar 1 milhão de toneladas por ano de celulose e papel, e a instalação de um terminal de veículos da catarinense Ascensus Gestão e Participação, com capacidade para armazenagem de até 5,5 mil veículos.
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A instalação dos terminais regulariza áreas operacionais já existentes, porém, transformando seus perfis e tendo como contrapartida investimentos que dinamizam e modernizam os portos. “Os terminais são recapacitados de tal forma que conseguimos dar muito mais eficiência a eles. E hoje entendemos que eficiência portuária é uma necessidade se quisermos continuar existindo, porque a logística não perde tempo nem dinheiro”, afirma o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, recentemente renomeado para comandar os portos paranaenses pelo governo Ratinho Junior.
De olho nos vizinhos
A palavra de ordem é, portanto, competitividade. Até porque os portos de Paranaguá e Antonina têm uma posição estratégica e, ao mesmo tempo, disputada com os estados vizinhos. Em Santos, no estado de São Paulo, onde o maior complexo portuário da América Latina está instalado, diversos perfis de cargas são movimentados – de granéis sólidos e líquidos a cargas gerais de celulose, veículos e contêineres.
Já em Santa Catarina, os portos de São Francisco do Sul, Itapoá, Navegantes e Itajaí também são concorrentes de peso, visto o perfil logístico diverso de granéis e contêineres e, ainda, o posicionamento próximo à BR-101, via que corta o país de norte a sul. “Fica muito bom para os importadores escolherem. Mas, se não olharmos pela eficiência, corremos o risco de diminuir as cargas transitando pelos portos do Paraná”, analisa o diretor.
Leilões com investimentos milionários
Daí a força-tarefa que a Portos do Paraná iniciou nos anos recentes para correr atrás do mercado e atrair mais investimentos com as concessões nos portos do estado. A primeira área operacional a ir a leilão, em 2019, foi a PAR01, arrematada pela Klabin. O armazém entrou em operação no último dezembro, em área de cerca de 27,5 mil m² no cais do Porto de Paranaguá, com conexões viárias e ferroviárias e capacidade de movimentar até 1,2 milhão de toneladas de celulose por ano.
Mas, por que Paranaguá? “No Paraná temos nossas plantas, nosso maior parque industrial e a ferrovia, que nos permite chegar até o porto”, destaca a gerente de logística internacional da Klabin, Mariana Gioia. Nos últimos seis anos, a empresa quase triplicou de tamanho e há planos de mais crescimento. “Tínhamos que nos posicionar à frente como logística, porque áreas portuárias não são simples de se estar presente. Pensando estrategicamente e olhando a sustentabilidade do negócio, decidimos entrar no arrendamento e construir o PAR01.”
Ferrovia impulsiona
A empresa já possui um terminal fora da zona primária do Porto de Paranaguá, onde até então operava sua celulose de exportação. “A operação é mais morosa, nos exigindo mobilizar até 1.200 viagens por dia de caminhão para chegar ao cais”, lembra. Neste ponto, o diferencial do novo terminal é o acesso ferroviário direto ao embarque, que ganhou pontos principalmente por conta da movimentação de contêineres.
“No volume que íamos exportar, a gente ia precisar da ferrovia, que já estava próxima das nossas unidades no Paraná, e precisava ter um buffer de contêineres para girar o embarque nas nossas unidades. Havia a possibilidade de direcionar esse volume também para Itapoá (SC), mas conseguimos discutir taxas mais competitivas junto ao Terminal de Contêineres de Paranaguá”, conta.
Hoje a Klabin é o maior embarcador de carga seca de Paranaguá em contêineres, mantendo 90% de suas operações em Paranaguá. Os outros 10% seguem por Itapoá e Navegantes – já que, quando o modal que leva o produto até o porto é o rodoviário, os portos catarinenses saem na frente. “Neste caso, teríamos um aumento de custo de no mínimo 30% para escoar pelo Paraná.”
Terminais mais tecnológicos
Além do terminal da Klabin, as novas concessões nos portos paranaenses incluem a área PAR12, arrematada em 2020 pela Ascensus Group, empresa de Santa Catarina especializada em comércio exterior, distribuição e logística. O lance de R$ 25 milhões levou o lote de 74,1 mil m² e, agora, a empresa constrói um terminal especializado na operação de cargas Ro-Ro, que inclui automóveis, caminhões e outros veículos. Com tecnologia de ponta, está previsto para começar a operar entre os meses de abril e maio deste ano.
“Vamos fazer a operação de cargas rolantes com exclusividade no porto (de Paranaguá). Estamos ao lado do cais, dos berços de atracação, e a intenção é dar velocidade e eficiência ao transporte”, resume o head de Portos da Ascensus, Rodrigo Hermes de Araújo. Além do terminal, um dolfin exclusivo para navios Ro-Ro está sendo instalado.
Hub na logística de veículos
O Porto de Paranaguá é o segundo do Brasil em movimentação de veículos, atrás apenas de Santos. Mas não apenas essa característica atraiu a empresa, que está de olho mesmo é na abertura para a transformação digital da atividade logística e nas possibilidades locais de expansão.
“Prevemos qualidade de montadora em nossa região de armazenamento. O terminal será um dos mais modernos do país, com alta capacidade de carregamento e descarregamento de caminhões, possibilitando um regime de operação de 24 horas, com iluminação de alta qualidade, além de integração total com a parte de automação. Antenas de monitoramento em tempo real e gestão de carregamento e descarregamento automatizadas em WMS (software de gerenciamento de armazéns) também serão utilizadas”, destaca Araújo.
Ele analisa que, uma vez modernizado este terminal, mais montadoras e cargas vejam Paranaguá como hub de importação e exportação. "E ali teremos capacidade de expansão adicional para capturarmos novas demandas", antevê.
Novas concessões nos portos paranaenses
Em 2022, o porto arrendou ainda a PAR32, área de aproximadamente 6,6 mil metros quadrados destinada à movimentação de carga geral, em especial açúcar ensacado. A empresa vencedora foi a FTS Group, com arremate de R$ 30 milhões.
E, em fevereiro próximo, deve levar a leilão a PAR09, de 24 mil metros quadrados, destinada à movimentação e armazenagem de granéis sólidos vegetais, e a PAR50, com 85 mil metros quadrados, voltada para granéis líquidos. Ambas somam previsão de investimentos de R$ 1,2 bi. Seguem ainda em andamento a preparação de leilão das áreas PAR14 e PAR15, que preveem investimentos de R$ 1,85 bi.
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