A reforma do aeroporto de Foz do Iguaçu, já entregue, e a ampliação da pista de pousos e decolagens, em andamento, prometem resolver um gargalo histórico para o desembarque de visitantes internacionais. E já fazem a cidade sonhar com o posto de destino número 1 para turistas estrangeiros no Brasil.
O grupo que arrematar o Bloco Sul da 6ª rodada de concessões e assumir a administração do aeroporto de Foz do Iguaçu receberá uma infraestrutura praticamente nova, com terminal de passageiros reformado e ampliado com quatro pontes de embarque, um novo pátio de manobras com capacidade para mais quatro aviões e uma pista de pouso e decolagem ampliada. O leilão está programado para ocorrer no segundo semestre deste ano e engloba, além de Foz, outros oito aeroportos do Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina — a previsão do governo é arrecadar R$ 516,3 milhões no pregão. Após esse processo, a responsabilidade pelos terminais deixará de ser da Infraero.
Na cidade da fronteira, a estatal se despedirá com intervenções que darão fôlego para o início da concessão. No fim de fevereiro, entregou oficialmente a ampliação do terminal de passageiros, que passou a ter a capacidade de receber 5 milhões de passageiros por ano, praticamente o dobro dos 2,6 milhões atuais. A um custo de R$ 42,4 milhões, salas de embarque e desembarque e outras áreas do edifício foram ampliadas e agora estão ligadas a quatro pontes de embarque. Também foram instalados novos banheiros, escadas rolantes, elevadores e carrosséis de restituição de bagagens. Para dar suporte ao terminal, um novo pátio de manobras está sendo construído e poderá abrigar quatro aviões comerciais além das oito posições atuais.
Outra obra é vista como determinante para o crescimento na movimentação de passageiros no aeroporto. A atual pista será ampliada em 600 metros e passará a ter 2.795 metros de comprimento, extensão que viabiliza a operação de voos internacionais para Estados Unidos e Europa. O contrato para o início da intervenção foi assinado no último dia 28 de fevereiro e a previsão de entrega é abril de 2021, antes de a concessionária assumir a administração do equipamento. A obra custará R$ 53,9 milhões — 80% deste valor é de responsabilidade da Itaipu Binacional e o restante sairá dos cofres da Infraero.
“Isso vai dar um fôlego para nosso aeroporto. Estávamos precisando disso. Somos um destino tão procurado, mas tínhamos uma estrutura muito acanhada”, afirma o secretário de Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu, Gilmar Piolla. “O nosso destino já sofreu com a questão da acessibilidade aérea, tanto no sentido de trazer voos de grandes distâncias, como o custo da tarifa aérea. E agora, com a reformulação do aeroporto, com pontes de embarque e a ampliação da pista para voos internacionais, isso é extremamente significativo”, complementa Felipe Gonzalez, presidente do Visit Iguassu, instituição que promove o turismo na região.
O otimismo com o aeroporto é ancorado em números. Somente no ano passado, mesmo quando operou por quase seis meses com restrições de 420 voos semanais, o terminal recebeu 2,14 milhões de passageiros, segundo a Infraero — perdeu somente para o ano anterior, quando movimentou 2,18 milhões de pessoas, ambos números próximos da capacidade de atendimento do terminal de passageiros antes da ampliação. E janeiro de 2020 já representou um recorde histórico para o mês: 242,8 mil passageiros passaram pelo terminal.
Vocação para o turismo internacional
O mercado internacional é o principal esforço da cidade. O plano é ambicioso: tornar Foz do Iguaçu no principal destino de turistas estrangeiros no Brasil. Para isso, aposta principalmente no Parque Nacional do Iguaçu e suas Cataratas, e na usina de Itaipu. Só no parque foram 2,02 milhões de visitantes em 2019, na primeira vez que bate a marca dos 2 milhões — 43% são de turistas estrangeiros. Em Itaipu, o número de visitas ficou em 1,025 milhão, também um recorde.
“Fazer sucesso é uma meta que sempre almejamos, além de buscar a internacionalização do turismo através da divulgação do ecoturismo, do meio ambiente protegido, a maravilha natural das Cataratas do Iguaçu e maravilha do homem que é Itaipu. A cada década temos um crescimento de cerca de 1 milhão de visitantes. Já estamos com dois milhões de visitantes por ano no Parque Nacional e estamos caminhando para um crescimento na média de 8% ao ano”, comenta Gonzalez.
Alcançar o objetivo de internacionalizar de vez a cidade de Foz do Iguaçu passa necessariamente pelo aeroporto. E nos últimos meses, o terminal tem visto mais estrangeiros. A companhia aérea boliviana Amaszonas iniciou em 2019 voos para Santa Cruz de La Sierra, e em janeiro deste ano a low-cost chilena JetSMART começou a operar a rota para Santiago. Outro voo regular que já atendia à cidade é da Latam para Lima, no Peru.
A expectativa é que ainda em 2020 novos destinos internacionais sejam anunciados, especialmente na América do Sul. “Estamos com várias negociações engatilhadas, tanto no mercado doméstico como da América do Sul, e também em mercados maiores, da Europa e Estados Unidos. Já iniciamos as articulações com as companhias aéreas porque a obra de ampliação da pista é rápida”, adianta Piolla. Os destinos mais prováveis são Argentina, Colômbia, Panamá, Paraguai e Uruguai.
Nova pista para crescer
Junto com o destino número um do Brasil, há um plano específico para o aeroporto de Foz do Iguaçu, que é torná-lo um hub na América do Sul e o terminal mais movimentado na região Sul do Brasil. Entretanto, esse salto não poderá ser dado com a estrutura atual, mesmo após a ampliação da pista ter sido concluída. Acompanhar esse plano ficará a cargo da concessionária que assumir o terminal em 2021. E quando o fizer, já terá na mesa um projeto bastante específico, que é a construção de uma nova pista de pouso e decolagem.
“Com um novo sistema de pista, evidentemente teremos uma capacidade muito maior de expansão. Eu acredito que devemos atingir o limite do terminal atual no prazo de sete anos”, explica Piolla. “A vantagem é que a área vizinha ao aeroporto é uma área agrícola, é uma área de baixo custo de desapropriação”, completa.
O projeto prevê a construção de uma pista de 3 mil metros de comprimento, paralela à atual, sendo esta transformada em faixa para taxiamento dos aviões. Assim, a quantidade de operações por hora seria maior que atualmente. Essa obra está prevista no estudo de viabilidade anexado ao edital da 6.ª rodada de concessões de aeroportos. Segundo o documento publicado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a construção da nova pista está prevista para ocorrer já na primeira fase da concessão, ou seja, até 2030, a um custo estimado de R$ 60 milhões, sem contar os custos com desapropriações. A pista deverá estar apta a receber, sem restrições, aeronaves que realizam voos de longo alcance — hoje elas podem operar com autorização especial, visto que o aeroporto está categorizado para receber voos regulares de aviões com até 36 metros de envergadura, como os Boeing 737 da Gol, os Airbus A320 da Latam e os Embraer E195 da Azul.
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