O Paraná é o maior exportador de carne halal do mundo, especialmente frango. O método de abate, que respeita as crenças do consumidor muçulmano, viabilizou a exportação, pelos abatedouros paranaenses, de US$ 715 milhões em 2020 apenas para a Liga Árabe - bloco de 22 países de maioria árabe localizados no Oriente Médio e Norte da África. A informação é da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
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De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Paraná responde por 37% das exportações de frango halal do Brasil. As plantas de abate da ave no Paraná se especializaram no método e têm a certificação.
Quinze das 19 indústrias filiadas ao Sindiavipar, sindicato que representa o setor, são certificadas. Muitas delas foram construídas para atender especificamente este mercado. Tiveram que investir em estrutura e em capacitação de funcionários. O esforço se justifica. A carne com o certificado halal vale, em média, de 10% a 15% mais em comparação à proveniente do abate tradicional.
“Temos visto recentemente um aumento de demanda em países como Iêmen, Líbia, Omã, principalmente nos primeiros seis meses de 2021”, informa Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. Segundo ele, o Brasil atende aproximadamente 50% da demanda desse mercado.
Nos países árabes do Conselho de Cooperação do Golfo, bloco regional que reúne os países árabes da região do Golfo Arábico, esse porcentual chega perto de 80%. Para Mansour, é possível avançar ainda mais. “Mesmo diante dos esforços dos países do Golfo para fomentar a produção local, inegavelmente o Brasil tem uma posição privilegiada – e difícil de confrontar – como fornecedor de proteína halal de qualidade a preços competitivos”, destaca.
O Paraná exporta também carne bovina para o mercado islâmico, mas em pouca quantidade. São poucos os abatedouros de bovinos certificados. A expressão é mesmo no frango, onde o estado é o maior produtor e exportador. “É a confiança que baliza esse relacionamento comercial que já dura 50 anos”, diz Luis Rua, diretor de mercados da ABPA. Segundo ele, há muita transparência e os compradores se sentem seguros. O Brasil recebe com frequência missões oficiais que atestam esses procedimentos”, diz.
“Halal significa lícito. Se um produto tem o certificado halal significa que ele é permitido para o consumo pelo povo muçulmano”, explica Omar Chahine, gerente de Relações Internacionais do Centro de divulgação do Islã para a América Latina (Cdial).
O Cdial tem uma certificadora que atesta o abate dentro das regras permitidas pela religião. Além disso, capacita o pessoal responsável pelo trabalho.
Unidades de abate voltadas para Meca e abate feito por muçulmano
O abate halal tem que ser realizado por abatedor ou supervisor de abate muçulmano, por método de corte por lâmina no pescoço do animal, sem produzir dor e sem insensibilização elétrica, pois o animal precisa estar em total consciência e sem sinais de debilidade.
O sangue precisa ser drenado, pois é considerado impuro na cultura islâmica. A linha de abate tem de ser posicionada em direção à cidade sagrada de Meca. Nos frigoríficos, é comum encontrar setas pintadas no chão, indicando a direção correta.
O armazenamento e o transporte também têm de ser segregados: não podem ser realizados em galpões com outros tipos de carne, mesmo frango convencional, muito menos carne suína, cujo consumo é vedado aos muçulmanos.
O processo produtivo não pode incluir ainda contaminação com substâncias proibidas, por exemplo, álcool, mesmo os derivados de processos de fermentação natural, pois o consumo da substância não é permitido segundo os princípios do islã.
O maior abatedouro halal do Brasil, de acordo com informações da ABPA, é da BRF e está localizado em Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná. No estado, a BRF tem outras duas unidades certificadas, em Francisco Beltrão (também no Sudoeste) e Carambeí (nos Campos Gerais).
“A maior parte da produção é destinada a países islâmicos, mercado em que a BRF está presente há mais de 40 anos”, informa a empresa. As exportações são para países como Egito, Irã, Líbano, Malásia, Omã, Emirados Árabes Unidos e Iêmen.
Segundo a BRF, o principal produto é o frango griller, de tamanho pequeno, cerca de 1,2 kg, que é uma preferência alimentar e cultural da maioria das pessoas da região.
Na Copacol, que tem unidades em Cafelândia e Ubiratã, ambas no Oeste do Paraná, 25% das exportações de carne de frango têm os países islâmicos como destino. A cooperativa foi uma das últimas que entrou nesse mercado. “Há 10 anos começamos a ampliar o abate e precisávamos abrir novos mercados”, conta o gerente de comércio exterior, Júnior Clemente. Segundo ele, são 15 países árabes que compram o frango da Copacol e para melhor atender os clientes, a cooperativa abriu um escritório de vendas em Dubai, em 2018.
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