O governo do Paraná decidiu triplicar em 2022 o orçamento anunciado anteriormente para desafogar a imensa fila de cirurgias eletivas gerada pela pandemia. Cirurgias eletivas são procedimentos que não põem em risco a vida do paciente se não forem realizados, mas que podem piorar o quadro clínico se demorarem, como no caso de catarata ou pedra na vesícula.
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Dos R$ 50 milhões anunciados anteriormente, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) elevou o caixa de cirurgias eletivas para R$ 150 milhões ao longo desse ano. O objetivo é estender esse tipo de procedimento para mais hospitais, principalmente no interior[ler abaixo].
As cirurgias eletivas foram suspensas não só no Paraná, mas em todo o Brasil, em 2020 e 2021 para garantir leitos, insumos e medicamentos aos pacientes com Covid-19. Com isso, o estado deixou de fazer uma média de 100 mil procedimentos por ano, cujo represamento agora pressiona o sistema de saúde. A expectativa, aponta o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, é de que a fila de todas as cirurgias suspensas entre 2020 e 2021 leve de dois a três anos para ser zerada, sem contar os pedidos de cirurgia que entrarão no sistema em 2022.
"As cirurgias eletivas já tinham uma fila grande lá em 2019, antes da pandemia. Como em 2020 e 2021 os hospitais ficaram voltados para o atendimento de Covid, aquela média anual de 100 mil cirurgias eletivas não foi cumprida por dois anos seguidos. Por isso precisamos reduzir essa fila, principalmente os casos que eram eletivos inicialmente e, sem a cirurgia, acabaram evoluindo para casos de urgência relativa", afirma Beto Preto.
O orçamento de R$ 150 milhões virá do caixa do próprio governo. Segundo o secretário de Saúde, o estado viu necessidade de aportar mais dinheiro para desafogar a fila e, consequentemente, tentar evitar que o quadro clínico dos pacientes se agrave. "Queremos diminuir a espera e tentar voltar à normalidade", resume o secretário de Saúde.
Os R$ 50 milhões anunciados anteriormente já eram mais do que os R$ 12 milhões investidos em cirurgias eletivas no Paraná em 2020 e os R$ 19 milhões de 2021 nos curtos períodos em que os procedimentos foram autorizados durante a crise sanitária do coronavírus.
Regionalização
A meta da Sesa com o orçamento reforçado é ampliar a rede de hospitais autorizados a fazer procedimentos eletivos. Principalmente no interior do estado, inclusive em hospitais de médio e pequeno porte. O reforço no caixa também servirá para atrair mais equipes para atuar nesses hospitais de menor porte.
"Se dá para operar com segurança em um hospital de médio e pequeno porte, se tem equipe cirúrgica e de anestesia, vamos operar. Queremos a regionalização da saúde. Ao invés de fazer essas cirurgias eletivas em quatro, cinco hospitais universitários, queremos fazer em qualquer hospital que tenha condições de operar com segurança", explica Beto Preto.
Segundo o secretário de Saúde, a Sesa chegou a acionar a assessoria jurídica da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para que auxilie o fechamento de contratos com esses novos hospitais.
Leitos
A Sesa vai abrir mais 100 vagas de UTI com recursos próprios justamente para atender essa demanda de cirurgias eletivas. Além disso, o Ministério da Saúde vai reverter em definitivo para o estado a partir de março 322 das 1.481 UTIs abertas com recursos federais no Paraná ao longo da pandemia. Essas UTIs deixarão de atender exclusivamente pacientes de Covid-19 para ficar à disposição no tratamento de qualquer enfermidade.
Porém, o novo avanço da transmissão de Covid-19 pode impactar nos planos da Secretaria de Saúde de desafogar a fila de procedimentos eletivos. Isso porque os pacientes com coronavírus, e agora também os de gripe no surto do vírus H3N2, disputam os mesmo leitos com pacientes de outras enfermidades.
Por isso o secretário estadual de Saúde apela para que toda a população se vacine contra Covid-19 e gripe e mantenha todos os cuidados executados ao longo da pandemia: usar máscara, higienizar as mãos com água e sabão ou álcool gel e, principalmente, evitar aglomerações. "Fomos atingidos por uma quarta onda da pandemia, que faz com que tenhamos que agir com muita cautela. Mas, independente disso, o processo para desafogar as cirurgias eletivas já está correndo", afirma Beto Preto.
Semana passada, a Sesa anunciou que iria dobrar os leitos de enfermaria para síndromes respiratórias de 500 para mil no prazo de dez dias diante da explosão de infecções de Covid-19 e gripe neste início de ano.
Por causa da vacinação, a maior parte dos casos de Covid-19 agora não evoluem para internamento em UTI. Mesmo assim, a Secretaria de Saúde vem reativando leitos intensivos para tratamento de Covid-19 e gripe.
No último sábado (22), foram abertas 100 vagas de UTI para síndromes respiratórias distribuídas por Cascavel (20), Foz do Iguaçu (60), Nova Aurora (10) e Palotina (10). Na mesma data, foram abertos reativados outros 210 leitos de enfermaria para síndromes respiratórias: 29 em Apucarana, 20 em Bandeirantes, 28 em Cascavel, 11 em Cornélio Procópio, 8 em Dois Vizinhos, 67 em Foz do Iguaçu, 16 em Guaraniaçu, 10 em Maringá, 10 em Nova Aurora e 11 em Ponta Grossa.
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