Nina Singer (Cidadania), 57 anos, iniciou seu mandato como prefeita de São José dos Pinhais com o objetivo de levar a experiência do mundo empresarial na busca por resultados à frente do sexto maior município do Paraná, o maior da região metropolitana de Curitiba, sede de multinacionais como as montadoras Renault, Nissan e Audi.
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Duas vezes vereadora, sendo a mais votada na eleição de 2012 e a segunda com mais votos em 2016, Nina tem formação em Serviço Social, mas sempre atuou na administração da rede de postos de combustíveis da família. Nascida em São José dos Pinhais com o nome de batismo Margarida Maria Singer, desde pequena a prefeita é chamada de Nina e se interessa por questões sociais, influenciada pelo pai, o Tio Ziko, conhecido líder comunitário do bairro Contenda que faleceu em 2002.
Como primeira prefeita eleita da cidade, ela se orgulha em saber que se tornou exemplo para que outras mulheres também participem da política. “Senti um engajamento muito maior das mulheres nessa última eleição. Não eram apenas candidatas para preencher a cota de mulheres nos partidos. Eram mulheres que passaram a se engajar mais”, enfatiza.
Em seu mandato, Nina pretende estreitar relacionamentos não só com o governo do estado, mas também com o empresariado da cidade. Com o governo, uma das primeiras aproximações deve ser na busca por recursos para a Saúde. No caso da pandemia, a prefeita já pediu reunião com o governo do Paraná para ter detalhes de como será distribuição da vacina da Covid-19 dentro do plano estadual. A partir dessa avaliação, a prefeitura decidirá se vai ou não ao mercado comprar doses por sua própria conta.
Já em relação ao hospital municipal, Nina vai reivindicar um repasse maior de recursos por parte do governo. “Hoje o município é quem mais põe dinheiro no hospital, sendo que, na minha visão, o papel principal da prefeitura na Saúde é a atenção primária, a prevenção de doenças”, defende.
Na economia, a palavra de ordem de Nina Singer é desburocratização. Para a prefeita, serviços mais ágeis tanto para o cidadão, quanto para o empresário é o que vai atrair investimentos à cidade. “Temos que ter agilidade, metas, como uma empresa. Temos que ter resultados para melhorar o atendimento à população”, argumenta a prefeita. Confira a entrevista:
Como a senhora entrou na política?
Minha primeira eleição foi para vereadora em 2008. Meu pai era líder comunitário do bairro Contenda. Ele nunca foi político, mas fez mais pelas pessoas da região do que muitos políticos. Quando meu pai faleceu, em 2002, os moradores perderam uma referência. Uma vez teve uma ação na igreja, quando eu tinha 13 anos, e falei para o meu pai o que deveria ter sido feito. Ele disse que se eu tivesse participado da reunião, eu teria tido voz. Disse que sem participar da sociedade não se muda nada.
Meus irmãos sempre falavam que eu tinha jeito para política por ser expansiva, por gostar de falar com as pessoas. Então me candidatei em 2008 e, apesar da boa votação, não me elegi, fiquei de suplente. Em 2012, falei para minha irmã que ia ser candidata de volta, mas que se não me elegesse iria desistir da política. Acabou que eu fui a vereadora mais votada em São José dos Pinhais. Na eleição seguinte, em 2016, fui a segunda vereadora mais votada.
Então aceitei o desafio de concorrer à prefeitura porque amo minha cidade e quero defendê-la. Temos que buscar o respeito que São José dos Pinhais merece como o sexto maior município do Paraná e o maior da região metropolitana de Curitiba.
A senhora é a primeira prefeita da cidade. O que isso significa?
O fato de ser mulher me favoreceu com algumas pessoas. Eu estive muito do lado do povo na rua, então a empatia pesou, até porque a mulher mostra mais essa sensibilidade para as pessoas, esse carinho. Mas ainda há muito preconceito.
Por outro lado, senti muita união das mulheres para votarem em mulheres nessa eleição. As mulheres estão começando a ter essa visão. Afinal, a gente tem que ter equilíbrio na sociedade entre homens e mulheres. Então o fato de eu me tornar a primeira prefeita de São José dos Pinhais é um grande feito, após 36 prefeitos. É uma vitória de todas as mulheres que lutaram pelos nossos direitos lá atrás.
Um amigo até comentou comigo que daqui 100 anos vão mostrar a parede da prefeitura com as fotos dos prefeitos de São José dos Pinhais e eu vou estar lá como a primeira prefeita. Isso me orgulha muito. Esses dias fui no salão de cabeleireiro e uma das moças lá me disse que dava muito orgulho a ela o fato de eu ser a primeira prefeita da cidade. Isso me deixou muito feliz, saber que a minha eleição pode ajudar mais mulheres a participarem da política.
Com a senhora eleita prefeita, a Câmara de São José dos Pinhais perdeu uma vereadora. Como está a representatividade feminina hoje na política da cidade?
No mandato passado, eram três mulheres na Câmara e agora será apenas uma vereadora. Mas apesar da redução do número de vereadoras na Câmara, senti um engajamento muito maior das mulheres nessa última campanha eleitoral. Não eram apenas candidatas para preencher a cota de mulheres dos partidos. Eram mulheres que passaram a se engajar mais.
A senhora chegou a ter problemas quando era vereadora, por ser mulher?
Nunca tive problemas na Câmara por ser mulher. Mas para isso sempre tive muita postura. Tanto que no primeiro mandato como vereadora eu entrei mais tímida e no segundo fui em busca do respeito político. Mas, infelizmente, você sente um pouco [preconceito contra as mulheres], mas nunca foi nada explícito.
Quais vão ser as prioridades da sua gestão?
Vão ser saúde e educação, até pela situação da pandemia. Em tempos normais essas duas áreas já são um desafio grande, que só aumenta agora com a pandemia.
A senhora falou da questão de saúde. No fim de 2020, a gestão passada da prefeitura foi muito pressionada para abrir mais leitos de Covid-19 no hospital municipal. Quais as dificuldades na gestão do hospital?
O hospital de São José dos Pinhais atende muitos pacientes, inclusive de acidentes de trânsito, pelo fato de a cidade ser cortada por três rodovias. Nós precisamos de mais leitos. Só que o hospital não é uma questão somente do município. Hoje o município está com grande carga da manutenção do hospital e temos que dividir melhor essa conta, seja com o estado ou até com parceria público-privada. O município não pode bancar a maior parte. Até porque, o dever principal do município na Saúde é na atenção primária, é prevenir doenças. Só que hoje é o município quem bota mais dinheiro no hospital e aí sobra pouco para a atenção primária, para que o cidadão não fique doente. E se o município gastar mais na saúde primária, vai precisar gastar menos com tratamentos no hospital. Por isso a grande tarefa será buscar recurso ao hospital.
Como a sua gestão vai conduzir a prevenção da Covid-19?
Temos que pensar primeiro na questão da informação. Até porque os casos seguem aumentando. Teremos que usar a informação para mostrar à população que infelizmente a pandemia ainda não acabou. Para mim, a questão do coronavírus é acima de tudo informação. A população tem que saber que tem que se cuidar.
A prefeitura avalia comprar vacinas de Covid-19 por conta própria, fora do Plano de Imunização do Ministério da Saúde, que vai distribuir doses pelos governos estaduais?
Pedi uma agenda com o governo do estado para ter mais informações de como vai ser a vacinação. Estamos avaliando a possibilidade de o município comprar vacinas. Mas antes de tomar uma decisão, quero ouvir o governo para saber da logística e tudo o mais. Primeiro quero ouvir o governo do estado. Mas já estou levantando a possibilidade de comprar vacina.
A senhora foi eleita defendendo a desburocratização. O que seria exatamente isso?
Temos que agilizar serviços, tanto para a população, como para empresários da cidade. Temos que ter mais agilidade em processos, como documentação de obras ou para se abrir uma empresa. Quanto antes a empresa abrir, mais rápido vai gerar trabalho. Por isso, temos que ter mais processos informatizados, diminuir a quantidade de papel. Temos que ter planilhas, um plano de gestão pública e gastos transparentes.
O que a senhora pretende implantar de sua experiência empresarial à frente da prefeitura?
Pretendo trazer do setor empresarial o planejamento. Claro, isso no serviço público é diferente, porque há licitação, nem sempre o que você consegue comprar é o que você queria. É outra forma de administração. Mas tem que ter agilidade, metas, como uma empresa. Tem que ter resultado para melhorar o atendimento à população. Evidente que essa agilidade tem que ser dentro da legalidade, afinal, o município precisa prestar contas. Então temos que ter agilidade com legalidade.
Qual o planejamento para a volta dos alunos na escola durante a pandemia?
No primeiro semestre eu acredito que ainda não vamos conseguir ter aulas presenciais, nem no formato híbrido [em que parte do conteúdo é transmitido on-line]. Temos que pensar no retorno dos alunos às escolas aos poucos. O primeiro semestre ainda deve ser como ano passado, sem aula presencial, com o material impresso entregue aos alunos. Mas no segundo semestre a aula presencial deve retornar. No primeiro semestre ainda temos muitas dificuldades: há muitos docentes e servidores do grupo de risco e 70% de São José dos Pinhais é de área rural, onde há dificuldade para a internet chegar para implantarmos o sistema híbrido. Além disso, nem todos os alunos da rede pública, mesmo da área urbana, têm acesso à internet.
Como será a relação da prefeitura com os empresários?
Quero estreitar laços com nossos empresários, buscar fontes de recursos para a retomada econômica, além de prestar assessoria. Temos que ver as dificuldades dos empresários para ajudar. Sempre defendi que o empresário é parceiro do município, por oferecer empregos à população. Pretendo atrair mais empresas para São José dos Pinhais, até porque nossa logística é muito boa, com rodovias, aeroporto, proximidade do litoral e da capital. Não podemos perder empresas para outras cidades. Hoje muitas empresas deixam de vir para São José dos Pinhais justamente por causa dessas burocracias, dessas lentidões no nosso atendimento.
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