Em leilão que será realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pela B3 na manhã desta quarta-feira (7), o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, será concedido à iniciativa privada. Fazem parte do processo outros 21 terminais, dos blocos Norte, Central e Sul, que inclui também o Bacacheri, em Curitiba, o José Richa, de Londrina, e o Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu.
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O Afonso Pena é considerado a joia da coroa do processo, por ser o aeroporto mais movimentado entre os 22 e também porque é o único entre os principais terminais das três capitais do Sul que ainda não foi privatizado – o Salgado Filho, de Porto Alegre, e o de Florianópolis foram concedidos em 2017. A previsão é de R$ 585,9 milhões em investimentos durante os 30 anos de concessão.
Segundo João Arthur Mohr, gerente de assuntos estratégicos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o principal ganho será a construção da terceira pista do Afonso Pena, uma exigência do edital. Hoje, o aeroporto tem uma pista principal de 2,2 mil metros e outra transversal – portanto, não podem ser utilizadas simultaneamente. A nova pista terá 3 mil metros, deverá ser construída nos dez primeiros anos da concessão e permitirá que o Afonso Pena tenha pousos e decolagens simultâneos.
“O problema em Curitiba é a altitude. A pista principal hoje é igual à do Salgado Filho, mas daqui não conseguimos voos diretos para Estados Unidos e Europa: como o avião precisa do ar para se sustentar e estamos a 900 metros de altitude, o ar é mais rarefeito. Perde-se 7% de rendimento da decolagem a cada 300 metros de altitude, ou seja, em Curitiba a perda é de cerca de 20%, o que faz com que a pista atual seja equivalente a uma de 1,8 mil metros a nível do mar”, explica o gerente.
Mesmo com a perda pela altitude, a terceira pista do Afonso Pena seria equivalente a uma de 2,4 mil metros a nível do mar, o que, segundo Mohr, já permite comportar aviões maiores que fazem rotas diretas para Europa e Estados Unidos, o que amplia possibilidades de turismo, negócios e transporte de cargas – como remédios, insumos, autopeças e componentes eletrônicos, que em grande parte hoje têm que ser levados até o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).
Outra evolução é que a terceira pista terá melhores instrumentos de aproximação, com o ILS-3 – atualmente, o terminal possui o ILS-2. Também estão previstas a ampliação da área de embarque de passageiros e do pátio principal, construção de um novo pátio e uma ponte de embarque. O terminal de passageiros já havia sido ampliado para a Copa do Mundo de 2014, e o Afonso Pena deve ter um aumento significativo de circulação até 2031. “Antes da pandemia, era de cerca de 6 milhões de passageiros por ano, o que deve dobrar em dez anos”, acrescenta Mohr.
Joice Petrecca Tomaschitz, professora da Escola Politécnica da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), aponta que o Afonso Pena já é um dos melhores aeroportos do país e que a privatização deve acentuar vocações econômicas da região de Curitiba.
“Vai melhorar a logística interna e a capacidade de trazer aeronaves. Geralmente recebemos aeronaves maiores e elas voltam vazias. Mesmo com a pandemia, o terminal de cargas manteve um movimento interessante e isso deve melhorar depois que ela acabar”, argumenta.
Tomaschitz destaca que as ampliações de horários de voos, com duas pistas operando simultaneamente, podem ajudar no crescimento do número de turistas que visitam Curitiba – e não apenas de curitibanos que partem para viagens para os Estados Unidos e a Europa.
“A cidade já é conhecida pelo turismo de negócios, mas também é muito bem vista no Brasil inteiro como uma boa cidade para viver e visitar, o que faz com que muita gente queira conhecê-la. Uma característica é o clima diferente em relação ao resto do país, então muitos estrangeiros também têm interesse em fazer viagens de lazer para cá”, afirma a professora.
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