A Nova Ferroeste, ferrovia que vai ligar Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá (PR) e que deve começar a ser construída em 2022, está despertando a atenção de investidores estrangeiros. A linha férrea, que hoje tem apenas um trecho do projeto previsto, será viabilizada por meio de privatização.
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Na última semana, o governo do Paraná apresentou o projeto, por meio de videoconferência, a representantes da Russian Railways (RZD), companhia ferroviária da Rússia e uma das maiores do mundo, e também ao grupo italiano Webuild, especializado em grandes construções e que atua nos cinco continentes.
Nas próximas semanas estão previstos encontros com empreendedores chineses e ingleses. A expectativa é que os estudos de viabilidade da ferrovia sejam finalizados em setembro e os estudos de impacto ambiental em novembro. A ferrovia deve ir à leilão na B3 (Bolsa de Valores do Brasil, com sede em São Paulo) no primeiro trimestre de 2022, quando será concedida à iniciativa privada por um período de 60 anos. A construção deve começar no segundo semestre do mesmo ano e ser concluída em 2029.
A Nova Ferroeste terá 1.285 quilômetros de extensão total e o investimento estimado é de R$ 20 bilhões.
“O valor virá totalmente da iniciativa privada”, informa Luiz Henrique Fagundes, coordenador do Plano Estadual Ferroviário. Segundo ele, um dos motivos do interesse de investidores estrangeiros deve-se ao fato de a nova ferrovia estar sendo considerada um ‘ativo verde’. “O traçado não impacta unidades de conservação nem comunidades indígenas e quilombolas”. Além disso, uma composição formada por três locomotivas e 120 vagões tira 200 caminhões da estrada, o que reduz em cinco vezes a emissão de carbono.
“Empresas nacionais também devem se interessar”, acredita o coordenador. Ele citou, entre as possíveis interessadas, VLI Multimodal S/A., que já opera as ferrovias Norte Sul (FNS) e Centro-Atlântica (FCA), e o Grupo CCR, que está entre as maiores companhias de infraestrutura da América Latina e que acaba de arrematar 15 aeroportos (blocos Sul e Central) no leilão realizado pelo Ministério da Infraestrutura no começo de abril.
”Como grande player do setor, a VLI avalia todas as oportunidades, mas prefere não comentar antecipadamente sobre nenhuma em específico”, informou a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa. O Grupo CCR declarou que “segue avaliando todas as oportunidades, mas nossa prioridade é avançar na agenda de concessões em curso, de forma focada naqueles setores em que já operamos e nos quais temos experiência: rodovias, mobilidade urbana e aeroportos”.
Privatização da Ferroeste deve potencializar corredor de grãos e contêineres
O projeto Nova Ferroeste busca implementar o segundo maior corredor de transporte de grãos e contêineres do país. Apenas a malha paulista teria capacidade maior. Pelo planejamento, será construída uma estrada de ferro entre Maracaju, maior produtor de grãos do Mato Grosso do Sul, até Cascavel, no oeste paranaense. De lá, o trem segue pelo atual traçado da Ferroeste com destino a Guarapuava – os 246 quilômetros de ferrovias atuais serão modernizados –, até se ligar a uma nova ferrovia que vai da região central do estado ao Porto de Paranaguá, cortando a Serra do Mar.
Há previsão, ainda, de um novo ramal entre Cascavel e Foz do Iguaçu.
“O principal impacto para o setor produtivo será a redução do custo logístico entre 20% e 30%”, com a transferência de boa parte do transporte do modal rodoviário para o ferroviário”, informa João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). Segundo ele, essa projeção de economia se baseia em estudos internacionais, coordenados pelo Banco Mundial. Mohr alerta, no entanto, que por ser um monopólio (um único grupo assumirá a ferrovia) é preciso estar atento para que esse ganho competitivo seja repassado ao usuário.
“Um caminhão cobra hoje, em média, R$ 100 para transportar uma tonelada de soja de Cascavel a Paranaguá. No vagão esse custo tem que baixar, ficando entre R$ 70 e R$ 80”, estima”. Para ele, a garantia de uma tarifa justa vai depender da atuação das agências reguladoras e da vigilância do setor produtivo. “A Fiep apoia totalmente o projeto da Nova Ferroeste. Mas, de nada adianta construir uma ferrovia maravilhosa se o custo operacional não baixar ou se a redução for muito pequena”, pontua.
“Atualmente, enviamos por ferrovia, cerca de 30% de toda a proteína animal (carnes congeladas) que transportamos. Com a Nova Ferroeste, esperamos pelo menos dobrar esse percentual, em função da expectativa de redução de custo em 30%”, afirma Gilson Anizelli, superintendente da Cotriguaçu, cooperativa central que reúne as quatro principais produtoras da região (C.Vale, Coopavel, Copacol e Lar).
Outra vantagem para as cooperativas será no ganho de tempo. Atualmente, a composição ferroviária tem que parar para dar carga de eletricidade nos vagões-contêineres e garantir a refrigeração ao longo dos cinco dias de viagem. Como a carga do contêiner dura 24 horas, com a viagem reduzida para 20 horas (com a Nova Ferroeste), não haverá mais necessidade de paradas.
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