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“É o jeito.” Assim o diretor-presidente da Ferroeste, André Luiz Gonçalves, respondeu quando foi questionado pela Gazeta do Povo sobre a possibilidade de vender as operações da empresa estatal, responsável, entre outros negócios, por um ramal ferroviário entre Cascavel e Guarapuava. Para ele, as perguntas a serem respondidas são como e quando. À frente da gestão, ele reconhece que o poder público não dispõe dos recursos necessários para fazer o que a iniciativa privada seria capaz de realizar, com resultados melhores.
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A empresa estatal não tem maquinário adequado nem a agilidade esperada na operação. Segundo Gonçalves, está se virando com a estrutura disponível, que é a mesma das gestões anteriores, tanto de pessoal como de equipamentos. “Temos ativos muito antigos”, lamenta. Em 2015, a Ferroeste comprou equipamentos, mas eram todos usados e não puderam ser aproveitados a contento. O diretor-presidente comenta que não há perspectiva de novas aquisições.
A estatal opera usando menos de 20% da capacidade da linha férrea. Hoje a Ferroeste luta para não dar prejuízo. Em todos os anos, desde o início da operação, em 1996, a receita foi menor do que a despesa. Com algumas mudanças pontuais na gestão, 2019 pode ser o primeiro ano a fechar no azul. Os números até maio são positivos, apontando, por enquanto, para superávit. Mas em 2018, por exemplo, foram R$ 13,7 milhões negativos. Ao longo dos últimos 12 anos, foram R$ 115 milhões acumulados de déficit. Nesse cenário, a perspectiva de dar lucro em 2019 é animadora.
Num paralelo pra lá de antiquado, Gonçalves disse que a gestão está focada em “enfeitar a noiva e aí botar para casar”. O diretor-presidente concorda que a Ferroeste está caminhando no mesmo sentido do que está acontecendo com a Infraero, estatal federal do setor aeroportuário que, ao longo dos últimos anos, foi cedendo para a iniciativa privada o direito de operação dos principais aeroportos. “Melhor ser gestora de concessões e subconcessões e não operadora”, diz. Ele comenta ainda que o assunto privatização da Ferroeste foi discutido durante a transição de gestão, no final do ano passado. “Está na mesa do governador. É uma decisão de governo”, resume.
Atualmente, a Ferroeste está encurralada. Não cumpriu o papel de promover o desenvolvimento regional, ao não garantir o escoamento da safra agrícola da região Oeste. Gonçalves lembra que um dos trechos mais produtivos do Paraná, a Oeste de Cascavel, não é servido por ramais férreos. A estatal não tem capacidade de investimento nem poderia aumentar a malha, sob pena de não conseguir fazer a operação.
Sendo assim, a Ferroeste atualmente se concentra nas duas diretrizes que podem impulsioná-la: o estudo de viabilidade técnica da ligação Dourados(MS) – Paranaguá e a proposta de um ramal ferroviário de Foz de Iguaçu a Cascavel. Um dos objetivos é atrair cargas de outros estados brasileiros e de outros países, como a soja paraguaia. Atualmente, a maior parte da produção do país vizinho desce o Rio Paraná de barcaça. O transporte fluvial é mais barato, mas normalmente as embarcações fazem o retorno vazias. Percorrem 2,2 mil quilômetros quando poderiam circular por 700 quilômetros, se o trajeto fosse feito de trem.
A Gazeta do Povo questionou o governo do Paraná sobre uma eventual privatização da Ferroeste. A resposta foi de que a possibilidade não está descartada, tendo em vista a “tendência mundial de que as operações fiquem no setor privado”. Sendo assim, “o governo avalia, sim, privatizar a Ferroeste, mas não sabemos quando isso irá acontecer”. Com relação a outras empresas públicas, como a Copel Telecom e a Compagás, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) já deixou clara a intenção de vender as operações.
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