Os professores da rede estadual do Paraná estão entre os mais capacitados do Brasil, com a melhor formação e mais experiência, mas também estão entre os mais sobrecarregados do país. O diagnóstico “Enfrentando os Desafios Educacionais”, publicado pelo Instituto Ayrton Senna, mostra a situação dos professores paranaenses e a compara com a dos profissionais de outros estados.
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Segundo o estudo, o Paraná tem 90% dos professores com mais de cinco anos de experiência – ficando entre os cinco primeiros do ranking. Além disso, 91% dos professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental têm licenciatura (4.º do ranking), e a situação é ainda melhor nos anos finais do Ensino Fundamental (97% - 2.º do ranking) e Ensino Médio (95% - também 2.º do ranking).
O Paraná também lidera o ranking do porcentual de professores com licenciatura ou na disciplina que lecionam, ou bacharelado com curso de complementação pedagógica, nos anos finais do Ensino Fundamental (79%) e no Ensino Médio (83%). E também é o primeiro no ranking do porcentual de professores que passaram por cursos de aperfeiçoamento ou de formação continuada. Com remuneração média de R$ 4,1 mil é o 6.º estado com melhor salário.
No nível de esforço, no entanto, o estado está entre os piores. Nos anos finais do Ensino Fundamental, só 17% dos professores estão no nível de esforço adequado – pior posição do ranking. O Paraná também é lanterna no nível de esforço adequado para os professores do Ensino Médio – 13%. O estudo considera com esforço adequado os docentes que têm entre 25 e 300 alunos e atuam em um ou dois turnos em uma única escola e etapa da educação.
Além disso, 25% dos professores nos anos finais do Fundamental e 30% no Ensino Médio estão em situação de esforço excessivo, o que coloca o Paraná em último lugar do ranking, para os anos finais do Ensino Fundamental, e 23º (de 27 estados) no Ensino Médio. Para o instituto, esforço excessivo dos docentes é ter mais de 300 alunos e atuar nos três turnos, em duas ou três escolas e em duas ou três etapas.
Para o diretor de Educação da Secretaria de Estado da Educação (Seed), Raph Gomes Alves, a situação de sobrecarga dos professores é o principal problema enfrentado no momento. “Percebemos isso já no início do ano letivo e a percepção é unânime. Nossos professores estão sobrecarregados porque trabalham em quatro, cinco escolas diferentes. A hora-atividade, que era para ele dedicar ao planejamento das aulas, ele usa para deslocamento. Não havia o que fazer, as aulas já estavam distribuídas, mas, para 2020, estamos redistribuindo as aulas para que cada professor atue, no máximo, em duas escolas”, promete.
Alves diz que outras medidas de padronização foram tomadas para tentar diminuir a sobrecarga dos professores que trabalham em mais de uma escola, como a unificação dos livros didáticos, para facilitar o preparo das aulas e o estabelecimento de calendário único trimestral em toda a rede, para que os períodos de avaliação coincidam. “Temos que destacar que o estudo também mostra temos professores experientes e com boa formação, e as evidências do estudo mostram o quanto isso influencia no rendimento escolar e que, ainda, apesar da sobrecarga e da queixa sobre não terem o devido reconhecimento, eles têm orgulho de sua profissão, não escolheriam outra atividade, e compreendem sua importância para a qualidade da formação de nossos estudantes. Temos que aproveitar isso para ter resultados no nível de aprendizagem”, comenta.
Secretária de Finanças da APP-Sindicato, o sindicato dos professores estaduais do Paraná, Walkiria Olegario Mazeto comenta que a boa formação dos professores é resultado da luta por concurso, carreira e condições de trabalho da categoria, que rompeu um período de mais de uma década sem concursos públicos entre os anos 1990 e 2000, e o plano de carreira dos professores incentivava a estudar, com concessão de licenças para aperfeiçoamento. Ela pondera que, no entanto, não houve concurso público nos últimos cinco anos e não há mais autorização para licença por estudos.
Segundo Walkiria, a resolução sobre o número máximo de estudantes por turmas não está sendo respeitada em todas as escolas, o que dificulta o trabalho do professor. “O estudo deixou isso bastante claro. Os professores do Paraná estão sobrecarregados porque o estado tem reduzido nossas condições de trabalho e ampliado a cobrança. E isso fica evidente com o número de afastamentos de saúde dos professores nos últimos anos”, conclui.
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