Passado o período crítico da pandemia, a saúde pública do Paraná tem 200 mil cirurgias eletivas acumuladas, já que a maior parte dos procedimentos não foi realizada em 2020 e 2021 para que os hospitais reservassem leitos aos pacientes com Covid-19.
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Para reduzir essa fila, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) lançou em julho e prorrogou no fim de agosto a primeira fase do Programa Opera Paraná, com investimento de R$ 150 milhões. Até agora, a ação fez apenas 9.170 cirurgias, o equivalente a pouco mais de 4,5% do acumulado.
Cirurgias eletivas não são procedimentos emergenciais, mas que se demorarem a serem feitas podem agravar o quadro do paciente. Para se ter uma ideia da demanda por cirurgias eletivas tanto hospitalares (com necessidade de internamento) como ambulatoriais (aquelas em que o paciente vai para casa no mesmo dia), o estado fez entre janeiro e agosto mais de 295 mil desses procedimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Esse volume soma tanto os procedimentos de rotina nos hospitais, quanto os de mutirões e do próprio programa Opera Paraná. As 295 mil cirurgias feitas em oito meses equivalem a 89% do total realizado em 2021 e é igual ao total de procedimentos em 2020, primeiro ano da pandemia.
Vale ressaltar que ao volume acumulado da pandemia se soma ainda a fila acumulada naturalmente todos os anos, que gira entre 100 mil e 130 mil cirurgias. Ou seja, a fila praticamente dobrou com a pandemia.
Entre as cirurgias com maior demanda reprimida no Paraná, estão as de ortopedia, vasculares, otorrinas, oftalmológicas e do aparelho geniturinário. As especialidades mais contempladas com recursos do programa até o momento são intervenções no sistema osteomuscular, aparelho digestivo, aparelho da visão, aparelho geniturinário, vasculares e das vias aéreas superiores e do pescoço.
Soma-se ao programa o Comboio da Saúde, criado posteriormente, para cirurgias oftalmológicas de catarata e pterígio, com investimento adicional de R$ 10 milhões, que registra 13.809 atendimentos até o momento, segundo a Sesa.
Prorrogação visa maior adesão de serviços
A primeira fase do Opera Paraná ganhou mais 12 meses de execução, até 30 de novembro de 2023. “A prorrogação é para permitir maior adesão dos prestadores de serviço, expandindo a oferta de serviços para a população, além de auxiliar as unidades na execução dos procedimentos, considerando a sazonalidade de doenças respiratórias e o aumento no número de traumas, que tem sobrecarregado o sistema público de saúde”, diz a Sesa em nota à Gazeta do Povo.
A prorrogação também atende a uma questão administrativa que demanda tempo antes de o paciente entrar na sala cirúrgica. Isso porque há o período entre a adesão dos hospitais ao edital do programa com a apresentação de documentação e a efetivação da disponibilidade das cirurgias para os repasses financeiros.
“Além disso, essas unidades precisam criar capacidade adicional, além do atendimento de rotina. Isso envolve, muitas vezes, a contratação de mais profissionais, aumento de leitos e ampliação da capacidade de realização de exames”, informa a Sesa.
Segundo a secretaria, essa prorrogação pode se estender ainda mais se houver dificuldade dos prestadores. “A implantação de novas etapas está diretamente ligada com a finalização da primeira fase do programa e da utilização integral dos recursos que já foram destinados para as cirurgias”, conclui a secretaria.
O número de cirurgias feitas pelo programa até o momento pode ser maior, de acordo com estimativa da Sesa, visto que a inclusão de informações sobre elas no sistema estadual demora até 60 dias para ser processada.
Transparência da fila do SUS deve acontecer em 420 dias no Paraná
Recentemente aprovado na Assembleia Legislativa, o projeto de lei que torna transparente a fila de intervenções cirurgias, internamentos e outros procedimentos da rede pública foi sancionado no fim de setembro pelo governador Carlos Massa Ratinho Jr (PSD). A lei entra nos meados de novembro do ano que vem, 420 dias após publicação no Diário Oficial ocorrida em 23 de setembro de 2022.
O projeto exige que o SUS do Paraná dê transparência no andamento da fila pelos sites oficiais realizados nas redes pública e privada. A relação deve apontar as consultas por especialidade; exames; internações; intervenções cirúrgicas eletivas e emergenciais.
Curitiba tem fila após fim de céu de brigadeiro
A capital e Região Metropolitana de Curitiba, que reúne a maior quantidade de cirurgias eletivas no estado, estava em “céu de brigadeiro” em relação às filas antes da pandemia, com reduções da demanda mês a mês, como explica a secretária municipal de Saúde Beatriz Battistella.
Em 2019 foram 89,4 mil cirurgias eletivas em Curitiba pelo SUS. Com a pandemia, em 2020, o número caiu para apenas 37,9 mil, chegando a 44,6 mil em 2021.
Beatriz assinala que com o início da retomada a projeção é realizar até o fim do ano 58,7 mil cirurgias eletivas, número ainda longe do alcançado em. “A pandemia de Covid-19 deixou um grande 'estoque' e agora fazemos mutirões para diminuir esse número”, aponta a secretária municipal.
Entre as cirurgias eletivas que mais chegam ao serviço municipal de saúde estão as intervenções vasculares, de hérnias, as urológicas e cálculos renais.
Já as intervenções que acabam sofrendo mais com represamento da demanda são as cirurgias complexas e longas, porque dependem da capacidade instalada dos centros cirúrgicos.
O maior represamento é de intervenções ortopédicas. “As cirurgias ortopédicas de alta complexidade, com próteses, são um desafio, porque demandam muitas horas de centro cirúrgico para um mesmo paciente. Além disso, requerem muitas vezes leito de UTI pós-operatório”, informa a pasta.
Além dos recursos já previstos para média e alta complexidade, o programa Opera Paraná destinou R$ 25 milhões para mutirões de cirurgias 2022 e 2023 na capital paranaense.
Os mutirões para reduzir as filas, segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, são principalmente as de pequeno porte, como as vasculares e de varizes, de otorrinolaringologia, ginecológicas, vasectomias, laqueaduras e cirurgias ortopédicas.
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