Um projeto da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, com apoio do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), está exercitando músculos empreendedores nas comunidades do litoral do Paraná. Ao longo de cinco anos, o Natureza Empreendedora vai promover ações de capacitação e aceleração de negócios de impacto socioambiental positivo - que gerem receita, desenvolvimento regional e promovam a conservação do meio ambiente - na região da Mata Atlântica.
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O coordenador de Negócios e Biodiversidade da fundação, Guilherme Karan, explica que o maior e mais bem conservado remanescente contínuo desse tipo de floresta fica na área que vai de Joinville, atravessa o Paraná e chega ao sul de São Paulo. E o trecho do litoral norte paranaense é particularmente promissor. "É uma região super interessante para trabalhar empreendedorismo. Os ativos de biodiversidade são muito altos - semelhantes aos da Amazônia, mas ainda sem o potencial de turismo internacional", explica ele.
Um dos objetivos é chamar a atenção para o fato de que a preservação ambiental não prejudica o progresso. Muito pelo contrário. "Aqui a biodiversidade é única, as paisagens são lindas e queremos que a sociedade perceba que isso pode ser um ativo, não um impeditivo para o desenvolvimento", afirma.
Um ótimo exemplo disso é o Sítio Faisqueirinha Portal do Mangue, em Antonina. Vizinha da Reserva Biológica Bom Jesus, a propriedade pertence a Tânia Mendes da Silva, participante do projeto, e a seu marido, Paulo Mendes. Morando no local desde 2010, recentemente o casal resolveu transformar a casa da família em uma pousada ecológica e aproveitar toda fauna e a flora do local para atrair hóspedes. "A gente sempre recebia visitantes, estava com a casa sempre cheia, mas nunca cobrava [pela estadia]", conta Tânia. Desde quando ela criou a empresa, em 2018, o dinheiro que entra passa a ser reinvestido no sítio.
Da área de dois alqueires, apenas um terço é usado no espaço que comporta a casa da família, piscina e o chalé que abriga os visitantes. Todo o resto é Mata Atlântica preservada. O solo guarda sambaquis e o local tem até saída para o mar, através de um canal que passa pelo mangue. "Aqui pode pescar, pode passear de barco, pode visitar o mangue, pode fazer a trilha no meio dessas árvores enormes", enumera Tânia. "Tem gente que vem para ver os passarinhos, porque aqui tem bastante. Tem saíra, tie, pintassilgo, chupim…"
Atualmente, apenas um chalé, que abriga até cinco pessoas, está disponível para hospedagem, além da área do jardim, que pode ser usada para camping. Mas a ideia é aumentar a capacidade, chegando a até quatro chalés - no momento, a família constrói o segundo. "A gente vai fazendo aos poucos e, conforme for crescendo, fazemos mais", explica Paulo, que é servidor dos Correios aposentado.
É para que consigam fazer o negócio crescer com sustentabilidade e sem agredir o meio ambiente que eles procuraram o projeto da Fundação Grupo Boticário. "Dá para a gente ganhar uma renda, conservar e ensinar as pessoas a olharem diferente para o lugar", aponta a empreendedora, que, desde que chegou à Antonina, vem fazendo cursos sobre preservação e técnicas sustentáveis, como compostagem e horticultura orgânica. "Queremos fomentar o turismo para conhecer esse tipo de vegetação e o mangue. E também usar o conhecimento da comunidade nativa, que sabem tudo daqui", resume Paulo.
Adesão surpreendeu coordenadores do projeto
A estratégia do Natureza Empreendedora foi elaborada a partir de um levantamento realizado pela Artemisia, uma organização sem fins lucrativos que atua na disseminação e fomento de negócios de impacto social no Brasil. O estudo, que leva em consideração itens como apoio ao empreendedorismo por meio de políticas públicas, presença de instituições e universidades, facilidade de acesso e número de empresas abertas e fechadas por ano, mostrou que o litoral norte paranaense não é uma região com vocação empreendedora ou com facilidade para quem quer abrir seu próprio negócio.
Assim, antes da abertura das inscrições, os coordenadores convidaram as comunidades para reuniões presenciais para divulgar a iniciativa. "Quando tivemos esse diagnóstico de empreendedorismo, sentimos que seria um risco. Estávamos com medo de lançar o projeto e não conseguir preencher uma turma de 30 a 40 pessoas. Mas a gente foi surpreendido positivamente", conta Karan. Ao todo, foram quase 70 inscritos e 37 selecionados para participar da primeira fase do projeto - quatro oficinas de pré-aceleração que acontecem até outubro. "Tem muitas coisas latentes que podem ser bem interessantes se apoiadas."
Para 2020, está previsto um ciclo de atividades de aceleração, voltadas a negócios mais maduros. As ações seguintes serão definidas de acordo com desenrolar do projeto. "O que a gente quer é chegar ao final de 2023 com [ao menos dez] negócios de impacto em conservação da natureza parando em pé e sendo alvo de investimentos", afirma o coordenador.
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