Uma tarefa recente executada pelos alunos do 5º ano da Escola Municipal do Campo Santos Dumont, em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais, foi um inventário de todas as plantações e animais dos sítios ondem vivem, para agrupá-los ou separá-los de acordo com suas características. As instruções foram passadas por áudios de WhatsApp pela professora Sandra Regina Ribeiro, regente da turma, que está conseguindo trabalhar o conteúdo a distância com a ajuda da tecnologia, apesar de alguns obstáculos existentes na área rural.
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“Eu estou sem computador, só com celular, mas aprendi que dá para fazer mil coisas no celular. Quando descobri que tinha aplicativo de Word, fiquei igual criança, comemorando e mandando mensagem para todo mundo”, relatou Sandra. Ela contou que algumas famílias têm apenas um celular, e que a internet falha, mas as crianças têm acompanhado as orientações. “Fico de olho quando há alguém online, para já mandar uma mensagem no privado, além do que vai para a turma toda. A gente precisa usar a tecnologia não só para falar do conteúdo, mas para motivar, evitar que a criança fique depressiva em casa neste período de pandemia”.
O que ajudou Sandra a se adaptar à realidade do isolamento no combate ao coronavírus foi uma formação de letramento digital ofertada pelo projeto Klabin Semeando Educação – projeto social da indústria que está sendo oferecido para professores das redes municipais onde ela tem operação no Paraná: Telêmaco, Imbaú e Ortigueira. A professora já tinha algum conhecimento sobre o uso de ferramentas tecnológicas como apoio para o ensinamento, mas transformá-las na via principal para a educação só foi possível após a reformulação do curso ofertado pela Klabin.
O projeto Semeando Educação tem como foco a melhoria da gestão escolar, levando em conta a infraestrutura, recursos e práticas pedagógicas. Segundo informações da Klabin, 31 escolas estaduais dos três municípios já foram beneficiadas com o curso e registraram avanço acima da média na nota do Ideb. A partir disso, o programa foi expandido para outras escolas a pedido do Núcleo Regional de Educação de Telêmaco Borba.
Passo atrás para avançar
Com a pandemia, as formações presenciais foram transformadas em encontros virtuais, mas houve dificuldade para engajar professores e gestores. “A gente viu que não era simplesmente entrar aqui no programa de reunião para o professor começar a preparar suas aulas e transmitir conteúdo, porque muitas vezes havia dúvidas muito básicas”, disse o gerente de Responsabilidade Social e de Relações com a Comunidade da Klabin, Uilson Paiva.
A consultoria que atua no projeto com a Klabin viu então a oportunidade: deixar suspensa a formação tradicional, dar um passo “atrás” e ofertar um letramento digital, um passo a passo para a introdução nas novas tecnologias. “A gente passou por um processo de convencimento, primeiro com as secretarias municipais, que dessem recursos, equipamentos, para permitir a comunicação digital. Depois montamos um cronograma para aperfeiçoamento das aulas”, conta Paiva.
Com quatro encontros online, de uma hora cada, e três roteiros de estudos com duração estimada de quatro horas cada, os profissionais das redes dos três municípios conseguiram vencer os obstáculos iniciais e aderir de vez às ferramentas tecnológicas para ensino a distância. Considerando as novas possibilidades de ensino, a Klabin avalia como ótima a relação custo e benefício do letramento digital. O curso de gestão foi retomado, com os professores já familiarizados e interessados na formação virtual.
“A gente só vai para a frente quando é desafiado”, opinou Sandra, acrescentando que isso vale tanto para professores como alunos e suas famílias. Na escola rural onde atua, ela cuida de todas as disciplinas básicas, e por isso tem envolvido a turma em projetos que se desdobram em várias áreas do conhecimento. “As crianças tiveram que fazer um bolo em casa, com ajuda dos adultos. Era para falar sobre alimentação saudável e reaproveitamento integral dos alimentos, porque soube que algumas engordaram durante a pandemia. Na semana seguinte, usando o bolo como referência, trabalhamos os conceitos de fração”, descreveu.
Legado na rede estadual
Os professores da rede estadual do Paraná também tiveram treinamentos básicos para auxiliar na realidade do Ensino a Distância (EAD). “Toda essa tragédia deixará um legado importante, que é o aperfeiçoamento do professor. Nossos professores estão bem engajados e buscando formação, respondendo a todo o impulso dado para uso de novas ferramentas”, afirmou o diretor de Educação da Secretaria da Educação do Esporte Paraná (Seed), Roni Miranda Vieira.
Segundo Vieira, a demanda pela formação básica foi percebida quando o primeiro seminário online (webinar) sobre o tema teve 44 mil visualizações no prazo de 24 horas. “Nossas webs costumam ter 2 mil ou 2,5 mil visualizações, então percebemos que era preciso ampliar essa formação. Passamos de uma web semanal para duas por semana em abril, e no começo de junho criamos o Canal do Professor, com conteúdo para potencializar o uso da tecnologia”, relatou.
Essas formações permitem que os professores titulares tenham contato com as respectivas turmas, reforçando os conteúdos que são transmitidos pelos canais digitais relacionados ao Aula Paraná. “O professor é referência da turma. Por mais que a videoaula repasse o conteúdo, a presença do professor é fundamental, até pelo acolhimento ao estudante”, ressaltou Vieira.
Uma das maneiras de manter o vínculo ativo é por meio de reuniões online, que estão sendo feitas na rede estadual pelo aplicativo Google Meet. “Começamos timidamente, com 100 meetings por dia. Mas agora, pelos relatórios de acompanhamento, vemos que foram feitos 12 mil meetings pelos professores do Paraná em um só dia”, celebrou o gestor. Nas últimas semanas, muitos desses encontros virtuais serviram também para confraternizações de festas juninas e julinas.
Confira a evolução da pandemia de coronavírus no Paraná.
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