Em uma sala reservada na sede do PSDB em Curitiba, no bairro Ahú, pouco antes da transição da chefia estadual da sigla, o atual presidente, deputado Ademar Traiano, cumprimenta prefeito e vice de Curitiba, Rafael Greca (PMN) e o também tucano Eduardo Pimentel. “Estamos fortes com a parceria de [os veradores] Thiago Ferro, Serginho do Posto...”, cita o prefeito, entre os nomes de outros tucanos. “E tem também o Beto”, completa seu vice, provocando um certo desconforto. “Beto Moraes”, completa rapidamente ao perceber os olhares de estranhamento -- uma possível confusão com o nome do ex-governador Beto Richa.
Foi em um clima de “empurrar para baixo do tapete” a figura mais importante do PSDB na última década que o partido elegeu, na noite desta segunda-feira (6), seu novo presidente. Com a promessa de renovar a sigla no Paraná, o jovem deputado estadual Paulo Litro, de apenas 28 anos, assumiu o posto com a esperança de reerguer um partido relegado à posição de coadjuvante nas últimas eleições.
Manchados pela prisão de Richa [a primeira de outras três] em plena campanha eleitoral e com figurões do partido, como Ademar Traiano e Valdir Rossoni, citados em investigações como a Quadro Negro, os tucanos paranaenses encararam um amargo revés no pleito do ano passado. A sigla elegeu apenas três deputados estaduais, não conseguiu nenhuma cadeira em Brasília e viu seu candidato ao Senado, Richa, ser atropelado por nomes até então menores.
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Um cenário diferente do passado. Nos quatro anos anteriores, o PSDB, além de ter o comando do governo do estado, ainda contava com cinco parlamentares na Assembleia estadual e duas cadeiras na Câmara Federal. O partido havia se mantido como uma das principais forças políticas do estado nos últimos anos.
Diante de uma nova realidade, Richa foi um nome esquecido na cerimônia de troca de presidentes. Nem ele nem qualquer outro de seus familiares esteve na sede do PSDB. Tampouco foi citado nos discursos de algumas das principais autoridades tucanas paranaenses, como o ex-deputado federal Luiz Carlos Hauly, o deputado estadual Michele Caputo e o prefeito de Ponta Grossa Marcelo Rangel. O ex-governador, aliás, só foi mencionado na fala do ex-tucano Delegado Francischini, deputado estadual pelo PSL. Francischini, que foi secretário de Richa, disse que “não se pode cuspir no prato que comeu”, arrancando alguns aplausos.
A escolha de Litro, uma jovem liderança, para presidir o PSDB não foi surpresa, neste contexto. O deputado concorreu em chapa única, apoiado pelos caciques da sigla. O PSDB pretende apostar forte em nomes como o dele e o do vice-prefeito para ressurgir. Eduardo Pimentel é tratado pela sigla como uma joia da casa e possível postulante à prefeitura de Curitiba.
“Acho que é importante oxigenar o partido. Eu tomei nessa decisão, de não disputar eleição, para promover as lideranças novas, jovens cheios de gás para liderar o partido. O PSDB precisa renovar e a leitura que se tem do momento político é que devemos dar espaço para uma nova geração”, admitiu Ademar Traiano, ex-presidente e atual vice do partido. “O PSDB pode ressurgir das cinzas e continuar a ser grande”, apontou.
Litro, que foi o mais votado (61.790 votos) entre os tucanos eleitos para a Alep, diz que “o momento é de retomar o protagonismo”. “A política mudou, as redes sociais estão cada vez mais fortes, não há intermediadores. A conversa é direta. Nós vamos criar um núcleo de comunicação para trabalhar nesse diálogo direto”, anunciou, como uma de suas medidas prioritárias para o partido. “Em um futuro próximo poderemos ter um vice-governador ou um senador da República”, projetou.
Perfil do escolhido
Advogado por formação, Paulo Litro é deputado estadual em segundo mandato. Sua base eleitoral é o Sudoeste do estado.
Embora jovem em idade e carreira política, o deputado vem de uma família de tradição eleitoral. Seu pai, Luiz Fernandes Litro, foi vereador em Dois Vizinhos e deputado estadual três vezes (de 1999 a 2010). Sua mãe, Rose Coletti, ocupou uma das cadeiras no Legislativo estadual por um mandato (2011 a 2014).
Litro é filiado ao PSDB desde 2011 e tem um histórico de liderança da juventude do partido.
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