O deputado federal do PT Ênio Verri será o novo presidente da hidrelétrica Itaipu Binacional. O convite veio em reunião na tarde desta quinta-feira (26) entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e o deputado.
A confirmação do convite - e do aceite - foi dada pelo próprio Ênio Verri à Gazeta do Povo às 17h04, logo após a reunião.
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Jorge Samek, que já ocupou o cargo durante os governos Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, entre os anos de 2003 e 2016, era o segundo cotado para o cargo.
Nos bastidores da cúpula petista, falava-se abertamente na disputa entre os dois nomes: caciques e lideranças paranaenses defendiam Ênio Verri para presidente da Itaipu, enquanto o próprio Lula queria o retorno de Samek à função. Além de ser o nome que já conhece bem a estrutura, a preferência por Samek teria relação com a necessidade de revisão, ao longo dos próximos meses, das ações previstas no Tratado de Itaipu.
Corriam por fora como cotados para o cargo os também petistas Arilson Chiorato, deputado estadual e líder do partido pelo Paraná, e Roberto Requião, ex-governador do estado.
Requião, tido no início de janeiro como uma das principais apostas, foi inclusive convidado por Gleisi Hoffmann para a vaga de conselheiro na Binacional e recusou o cargo, qualificando o posto como “boquinha de luxo”.
Verri substitui o almirante Anatalicio Risden Junior, nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 27 de janeiro de 2022.
Quem é Ênio Verri?
Ênio Verri, agora novo presidente da Itaipu Binacional, é natural de Maringá, tem 61 anos e está exercendo seu terceiro mandato como deputado federal na Câmara dos Deputados. Sua ligação com a política começou no ano 2001, quando foi nomeado secretário municipal de Fazenda de Maringá, na gestão de José Cláudio Pereira Neto (PT). Ainda na gestão municipal de Maringá, entre 2003 e 2004, ele foi secretário municipal de Governo.
Em 2004, Verri foi convidado pelo então deputado federal Paulo Bernardo (PT) para exercer a função de assessor técnico da Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, presidida por Bernardo. No ano seguinte, Verri assumiu a chefia de gabinete do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Em 2006 ele foi nomeado secretário estadual de Planejamento e Coordenação Geral do Paraná, na gestão de Roberto Requião (então no PMDB). No ano seguinte, foi eleito para o primeiro mandato como deputado estadual pelo PT, cargo no qual ficou até 2014, quando terminou seu segundo mandato na Assembleia Legislativa do Paraná.
Ênio Verri tentou ser prefeito de Maringá por duas vezes
Nesse meio tempo, Verri tentou por duas vezes ser prefeito de Maringá, sem sucesso. Na primeira eleição que disputou para o cargo, em 2008, obteve 40,2 mil votos e ficou em segundo lugar, atrás do reeleito Sílvio Barros (PP). Em 2012, nova tentativa e nova derrota. Desta vez Verri chegou ao segundo turno com Carlos Roberto Pupin (PP), mas nem mesmo o apoio político de Lula foi suficiente para vencer o adversário.
Em 2015, Verri conquistou no quociente partidário seu primeiro mandato como deputado federal pelo PT do Paraná. Desde então, exerceu na Câmara dos Deputados, em Brasília, as funções de líder e vice-líder do partido, da minoria e da oposição. Ele também fez parte de várias comissões da casa, uma delas externa para acompanhar as eleições parlamentares na Venezuela em 2020, quando o regime do ditador Nicolás Maduro saiu vitorioso em um processo marcado pela ausência de candidatos da oposição – na época, 18 países não reconheceram os resultados dessas eleições, inclusive o Brasil.
Ênio Verri criticou gestão de Itaipu em questão com indígenas
Em 2019, o deputado federal fez um pronunciamento no plenário da Câmara dos Deputados para, segundo ele, se manifestar “em relação à Direção da Itaipu Binacional sobre a questão territorial dos índios guaranis do Estado do Paraná, sobre uma ação que se arrasta desde 1982”. De acordo com Verri, “a estatal não respeita a comunidade guarani, que foi atingida durante a construção de Itaipu, e se nega a saldar uma dívida histórica. Em vez de priorizar o diálogo, a estatal prioriza ações judiciais de reintegração de posse”.
Ele citou uma reintegração de posse determinada pela Justiça Federal de Foz do Iguaçu em 2018, quando 20 famílias da etnia Avá-Guarani teriam que ser retiradas da reserva Tekoha Pyahu, no município de Santa Helena, a pedido da Itaipu binacional. A decisão foi posteriormente suspensa pela Procuradoria Geral da República (PGR). “Fazemos um apelo aqui à PGR para que convoque não apenas a FUNAI e Itaipu, mas também a comunidade indígena, para que ela seja ouvida e respeitada”, declarou.
Em nota, a direção de Itaipu afirmou, à época, que jamais negou sua responsabilidade em indenizar os proprietários das terras alagadas pelo lago da usina hidrelétrica. Segundo a estatal, “o reassentamento da Comunidade Indígena Ava Guarani foi feito de forma rigorosamente legal, cercado de cuidados extraordinários para preservar todos os direitos dos assentados e buscando sempre o consenso, sob a orientação e supervisão da Funai e o acompanhamento de várias outras entidades, como o Conselho Indigenista Missionário (Cimi). A nova área de terras escolhida pela comunidade proporcionou melhores condições de vida (habitação, saúde, educação, alimentação, entre outros)”.
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