A ocupação de leitos de UTI tem sido um dos itens mais preocupantes das últimas semanas no enfrentamento à pandemia de Covid-19, causada pelo coronavírus. Estado e municípios aumentaram o alerta e endureceram as medidas de isolamento social quando as taxas de ocupação superaram os 70% em duas regionais do estado (Leste e Oeste). Curitiba chegou a ter 86% de seus leitos ocupados e Cascavel, 90%. Mas, além da rotatividade entre pacientes com alta médica, óbitos e novos internamentos, a taxa de ocupação que, na última sexta-feira, estava em 63% no estado e 77% na capital, também é influenciada pelo número de leitos ativados pelas autoridades.
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De acordo com o plano de enfrentamento à Covid-19 do estado e o contrato já pré-acordado com as administrações dos hospitais, cada leito ativado para a Covid-19 rende ao hospital uma "indenização" de R$ 800,00 por dia pelo compromisso de não ocupá-lo, deixando livre para pacientes Covid. Quando o leito vem a ser ocupado, o valor da diária passa para R$ 1.600,00. “Para os hospitais que já são administrados pela Secretaria, nós não pagamos essa diária, pois já está incluído no nosso custo. Para todos os demais, há esse contrato”, explica o diretor de Gestão em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), Vinícius Filipak.
O estado ainda paga uma diária de R$ 300,00 para os leitos de enfermaria ativados para pacientes contaminados ou suspeitos de estarem com o coronavírus, independentemente de ocupá-los ou não. “Há um repasse de R$ 6 milhões mensais do Ministério da Saúde para leitos de UTI habilitados pelo governo federal neste mesmo modelo. O ministério não reserva leitos de enfermaria”, acrescenta, citando que, além dos R$ 6 milhões repassados pela União, o estado gastou R$ 15 milhões por mês, nos últimos dois meses, em diárias de leitos de enfermaria e UTI.
“Eu não abri todos os mil leitos que a cidade dispõe porque um leito custa R$ 1.600,00 por dia, então não teria sentido nós gastarmos para dizer que estamos bem e para a turma resolver fazer festa, é um momento das pessoas prestarem atenção”, declarou, em entrevista à Rádio Band News, o prefeito de Curitiba Rafael Greca (DEM), argumentando que os leitos vão sendo ativados conforme a necessidade, por questão de austeridade fiscal. A capital tem um plano de contingenciamento de até mil leitos de UTI (recorrendo, neste caso a hospital de campanha), mas tem, hoje, 223 leitos ativados. Há outros 15 leitos já contratualizados com o Hospital de Clínicas e novos 50 leitos a serem oferecidos pelo Instituto de Medicina.
Além da maior necessidade de leitos em decorrência da pandemia e da recomendação de se destacá-los do restante da estrutura do hospital para diminuir o risco de contaminação de outros pacientes e profissionais de saúde, a reserva de leitos específicos para a Covid-19 também é necessária pelo maior tempo de permanência do paciente com coronavírus em internamento. Enquanto a média de tempo de ocupação de uma UTI geral é de 4,5 dias por paciente, casos confirmados de Covid-19 têm necessitado de cuidados intensivos por, em média, 13,5 dias.
O Paraná conta, hoje, com 757 leitos de UTI adulto, 1.181 leitos de enfermaria adulto, 37 leitos de UTI infantil e 70 leitos de enfermaria infantil reservados para pacientes de Covid-19.
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