A privatização da Copel Telecom pelo governo do estado é praticamente um caminho sem volta. O leilão chegou a ser previsto para março pelo presidente da Copel, Daniel Slaviero, mas o prazo será estendido devido ao litígio judicial que chegou a suspender o contrato de assessoria financeira com o Banco Rothschild por três semanas, em janeiro.
Apesar das muitas variáveis que podem influenciar no preço de venda da empresa, especialistas concordam que seria "um bom valor" o arremate em torno de R$ 1,5 bilhão, estimado pelo presidente da Copel Telecom, Wendell Oliveira, em entrevista ao jornal Bem Paraná no ano passado.
"O resultado de 2019 ainda não está pronto, mas em 2018 fechou com lucro [receita] operacional líquido de R$ 366,2 milhões. Multiplicando isso por três, até quatro vezes fica dentro do esperado. Em um leilão com dois ou três interessados que briguem por esse ativo pode elevar a patamares maiores, um preço maior e uma boa venda", analisa o professor de Finanças do Ibmec SP, George Sales, lembrando a privatização do Banespa [banco estadual de São Paulo] em 2000, quando o Santander pagou R$ 7 bilhões. "O valor foi mais que o dobro das outras duas propostas, porque eles não tinham penetração no estado, queriam as agências, funcionários e toda a carteira de clientes", complementa.
O coordenador do curso de Economia da FGV (SP), Joelson Sampaio, usa o múltiplo do Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) – de 110,4 milhões em 2018 – para avaliar a empresa. "Se vender por R$ 1,5 bilhão já com a dívida [410 milhões líquida em 2018], sobra R$ 1 bilhão, está bom", afirma.
Entre as justificativas do governo para a venda da empresa subsidiária de telecomunicações (fora a geração de caixa), está a dificuldade que a companhia terá para competir com grandes multinacionais do setor – com aportes bem superiores. Além, claro, de permitir que a Copel mantenha o foco dos investimentos na área principal da empresa, que é a geração, transmissão e distribuição de energia.
Para Sales, uma das "ameaças" ao negócio da Copel Telecom será a chegada do 5G ao país. "Estamos falando de antena de transmissão, internet de altíssima velocidade, diferença assombrosa comparada ao 4G. Será um investimento muito pesado, que vai fazer a transmissão via ar e não física [com cabos], de menor custo operacional com funcionários e manutenção. Isso vai competir com a fibra ótica, pode até acontecer uma mudança de paradigma, uma internet totalmente wireless [sem fio]", diz.
Procurada, a Copel não quis comentar o assunto no momento.
Apresentação é fundamental
Os especialistas concordam que a divulgação e a apresentação do negócio aos possíveis compradores é de extrema importância para alcançar um bom valor de venda. Um dos desafios é mostrar a efetividade da empresa e as estratégias para o futuro da tecnologia no setor.
"Tem que mostrar alguma possibilidade de expansão, como vencer as barreiras tecnológicas [como o 5G], um bom trabalho de marketing juntos aos acionistas e investidores e mostrar que os melhores esforços estão sendo feitos", comenta Sales.
Para Sampaio, a divulgação será responsável por atrair a concorrência. "Um road show tem que divulgar o máximo possível pra ter a concorrência e o negócio subir. Alguém que não opera aí [no Paraná] e queira entrar".
O coordenador da FGV aponta que a forma da venda também pode influenciar no preço. "Em alguns casos [de privatizações] o governo federal tem feito leilões sequenciais, vende uma parte [da empresa] e depois outra. É uma alternativa. Para outros casos o governo decide vender tudo de uma vez. Quando é listada na bolsa [caso da Copel], o mais interessante é o leilão sequencial", opina.
Sales ressalta que o preço pode subir, mas tem limite. "É uma empresa estabelecida com 10% do mercado [de internet] do estado aproximadamente, que não vai conseguir exponenciação, diferente de uma startup, que pode crescer 50%, 100% ou mais", explica.
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