Lojas fechadas em Curitiba, uma das poucas cidades que cumpriram o decreto estadual.| Foto: Gerson Klaina/Tribuna do Paraná
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O primeiro dia de vigência do decreto estadual que determinou o fechamento de todas as atividades não essenciais em 7 das 22 regionais de saúde do estado teve divergência na interpretação e no cumprimento das determinações feitas pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). Quatro das sete cidades polo das regionais afetadas mantiveram o comércio aberto nesta quarta-feira (1º). Das três que fecharam os estabelecimentos, apenas Foz do Iguaçu manifestou-se 100% de acordo com o decreto estadual 4942/20. Cascavel suspendeu o comércio, mas prepara contestação administrativa ao decreto e Curitiba editou seu próprio decreto, seguindo a maioria das orientações do estado, mas com diferenças pontuais.

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A Prefeitura Municipal de Curitiba publicou, na noite de terça-feira (30/6) decreto municipal para determinar que “fica adotado, no Município de Curitiba, o Decreto... do Governo do Estado do Paraná”. No entanto, na definição de suas atividades essenciais, há algumas divergências, prevalecendo, aí, a regra municipal. Curitiba permitiu, por exemplo, o funcionamento de lojas de conveniência de postos de gasolina, o que originalmente estava vedado pelo decreto estadual (proibição revista no novo decreto editado nesta quarta-feira). A prefeitura de Foz do Iguaçu aderiu à legislação estadual sem editar uma nova norma própria para isso.

O prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, foi a público, já na terça-feira, questionar o decreto. Disse que cumpriria as determinações do governo mas que preparava uma contestação administrativa à Secretaria de Estado da Saúde (SESA). O prefeito alega que Cascavel “Já passou desta fase”, de fechamento da cidade, afirmando que o pico no crescimento de casos ocorreu há duas semanas na cidade, quando o município decretou lockdown no fim de semana e que a situação já estaria sob controle. O decreto, segundo o prefeito é prejudicial à cidade. A Secretaria de Comunicação do município informou que o recurso administrativo deverá ser protocolado nesta quinta-feira (2).

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Comércio aberto em Toledo, Londrina, Cianorte e Cornélio Procópio

Fechado nos últimos 10 dias por causa de um lockdown decretado pela prefeitura, o comércio de Toledo, no Oeste do estado, reabriu justamente nesta quarta-feira, quando começa a vigorar a determinação estadual. Em nota, a prefeitura informou que estuda medidas para reverter a decisão estadual, mas que, enquanto isso, entende que permanece valendo o decreto municipal, com o comércio autorizado a funcionar, também nesta quinta-feira (2). Em entrevista à RPC TV, o prefeito Lúcio de Marchi (PP) disse que questionará a Sesa na Justiça. “Nós já fizemos a nossa lição de casa. Ficamos 10 dias fechados, causando um prejuízo muito grande para o comércio. Não posso deixar o comércio fechado por mais 15 dias”.

Em Cornélio Procópio, o comércio também funcionou normalmente nesta quarta-feira, mas uma reunião no final da tarde entre representantes da prefeitura, da Associação Comercial e do comando da Polícia Militar na região definiu a adesão do município ao decreto estadual a partir desta quinta-feira, quando a Polícia Militar atuará para orientar os estabelecimentos não essenciais sobre a necessidade de fechamento, ainda sem nenhuma ação de repressão.

A prefeitura de Londrina já protocolou recurso administrativo junto à Sesa, questionando “os fundamentos e os indicadores utilizados para que Londrina fosse incluída na quarentena, uma vez que a cidade tem indicadores melhores do que cidades não atingidas pelo decreto”, explicou, em pronunciamento, o prefeito da cidade, Marcelo Belinati (PP). “No recurso, solicitamos a revisão da medida em relação à cidade de Londrina”. Segundo o prefeito, caso o governo do estado não reveja sua posição, o município vai aderir à quarentena a partir de domingo.

O prefeito de Cianorte, Claudemir Bongiorno, divulgou nota, na noite de terça-feira, informando que o decreto estadual seria analisado pelo município e pela Associação dos Municípios do Médio Noroeste (Amenorte) e que, enquanto não fosse publicada nenhuma nova medida administrativa pela prefeitura, seguiria em vigência na cidade, o decreto municipal que autoriza o funcionamento do comércio, com restrições sanitárias.

As lojas abriram normalmente nesta quarta-feira e, até às 19h30 deste dia 1º, nenhuma nova normativa municipal havia sido divulgada. O presidente da Amenorte, Moacir Valentim, prefeito de Jussara, afirmou, após a reunião da entidade, que os municípios deveriam acatar a determinação estadual, mas, antes, fariam reuniões com os representantes do comércio local.

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Em nota, o governo do Paraná reconhece a autonomia dos municípios para tomarem posição diferente da do estado, mas alerta que eles poderão ser responsabilizados por um eventual colapso no sistema de saúde. “O decreto nº 4942/2020 do Governo do Paraná tem por objetivo adotar medidas que contenham o aumento acelerado de casos de Covid-19 nas regiões mais afetadas e, assim, assegurar as condições necessárias para que o sistema de Saúde proteja e atenda a população da melhor maneira possível", diz nota divulgada pela gestão Ratinho Junior, que ainda complementa. "O Governo do Paraná respeita os decretos municipais (conforme decisão do STF, que confirma a autonomia dos municípios nas decisões referentes à pandemia), mas alerta que os municípios que aplicarem medidas diferentes daquelas descritas no decreto estadual devem assumir as suas respectivas responsabilidades por um eventual colapso no sistema de Saúde.”

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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