O governador Carlos Ratinho Jr lamentou a fase difícil vivida pelo Paraná nos últimos dias em que, ao mesmo tempo de uma operação de guerra contra o coronavírus, o estado se vê assolado por epidemia de dengue, crise hídrica sem precedentes, economia em queda vertiginosa e estragos causados por um ciclone bomba inédito. "Até gafanhoto estava vindo para cá. É um volume grande em um espaço pequeno de tempo”, disse o governador em entrevista nesta quinta-feira à RPCTV.
Ao responder jornalistas e telespectadores, o governador pediu desculpas à população pela quarentena mais rígida e disse que, se fosse possível, "fecharia a fronteira (sic) com São Paulo". Abaixo selecionamos algumas das principais declarações do governador na entrevista ao jornal Meio-Dia Paraná de quinta-feira (9).
“Fronteira” com São Paulo
“Se eu tivesse autoridade, mas a lei não me permite, de fechar a fronteira (sic) com São Paulo e outros estados vizinhos, possivelmente eu teria feito. Mas não tenho como proibir a pessoa de vir de São Paulo para o Paraná e nem de ir do Paraná para São Paulo. Então o vírus está circulando. Essa divisa com São Paulo faz com que o Paraná esteja numa situação em que a gente tem que estar muito alerta para evitar que se perca o controle da pandemia”. Muitas pessoas vêm de São Paulo visitar parentes no Paraná. E muitas vezes são os paranaenses que vão para lá”, aponta o governador.
“Temos gente que vai fazer compras no Braz, na Rua 25 de Março para abastecer suas lojas e acabam importando o vírus aqui pro estado”, alerta o governador, referindo-se a dois pontos de comércio popular em São Paulo com grandes concentrações de pessoas.
Exemplo do Paraguai
“Se eu pudesse fazer como o Paraguai fez, que fechou, não entra e não sai ninguém, teríamos uma ilha”, comentou Ratinho JR. “Mas vivemos em uma república onde você não tem como proibir o ir e vir das pessoas, não tem como fazer um fechamento em que o vírus não vá se propagar. Esse é o nosso dilema”, avalia o governador.
Guerra, ciclone e gafanhotos
“UTIs foram criadas, buscamos equipes e insumo. É uma operação de guerra para suprir a demanda e entender o vírus. E ainda tivemos neste período casos de dengue, crise hídrica, economia caindo e não paramos nada. Tivemos 5 mil postes caindo com o ciclone bomba. Até gafanhoto estava vindo para cá. É um volume grande em um espaço pequeno de tempo”.
Confusão de decretos
“Confundem sim as medidas. Decreto tem força em cima do outro e criou o samba do crioulo doido. Neste quatro meses, tentamos construir uma sinergia com os prefeitos.”
Comércio fechado
“O comercio está prejudicado [com a determinação de fechar por decreto em 141 cidades]. É uma decisão dura para tomar. Eu tenho amigos comerciantes que vivem daquilo”.
Isolamento social
“O grande remédio do coronavírus é o isolamento social. Enquanto não tiver vacina ou remédio, teremos que conviver com o isolamento. A média de isolamento está em 37%, mas o ideal seria 52%. O decreto foi feito, mas poderíamos ter melhor resultado se houvesse melhor compreensão das pessoas em ficar em casa.”
Restrições
“Importante registrar que o Paraná não decretou quarentena. Pontualmente tivemos restrição em alguns pontos e respeitamos a autoridade dos prefeitos. Equilibramos saúde com economia. A ideia foi fazer esta restrição devido ao inverno e estamos vendo isto nos outros estados irmãos. O Paraná faz fronteira com o epicentro, que é São Paulo, e algumas pessoas acabam importando este vírus. Até então estamos conseguindo equilibrar e salvando vidas.”
“A quarentena pode ser ampliada se a Secretaria de Saúde assim entender – amanhã completa 10 dias e o que vai definir isso são os números. Este estudo vai avaliar se irão seguir as medidas restritivas. Se analisarmos os números, eles são precisos. Projeção do domingo passado era para estarmos com 44 mil infectados e chegamos a 35 mil . O isolamento social ajuda a diminuir.”
Uso de máscara
“É duro ter de colocar a polícia para as pessoas usarem máscara. Não quero chegar a este ponto. Se não houver o respeito ao próximo, o estado precisa trabalhar para as pessoas decentes. Quem não usa máscara está colocando em risco o outro ser humano. Esta pandemia não é só econômica, e sim uma crise de uma consciência coletiva.”
Testagem
“Desde o inicio da pandemia, o Paraná é o estado que mais testa pacientes. São 3.500 testes diários. 300 mil testes rápidos foram colocados à disposição. Fizemos 130 mil testes gold e queremos fazer mais. O problema são os insumos, mas estamos já comprando.”
Comparação com Santa Catarina
“Não posso julgar outros estados. Mas se trabalharmos com números, somos 11 milhões de pessoas e eles 7 milhões [em SC]. Temos o mesmo número de infectados e acredito que a gente tenha feito mais testes. Proporcionalmente, estamos em uma situação mais adequada. Outro ponto é a fronteira com São Paulo. Temos mais risco e até aqui não deixamos faltar nada e não abrimos cova coletiva como em outros lugares.
Fake news na educação
“Não consigo acreditar que pessoas postam mentira [sobre a fake news que as aulas da rede estadual voltariam dia 17 de agosto]. Eu seria louco retornar as aulas no dia 17 de Agosto. Estamos há quatro meses que crianças estão tendo aulas pela internet para aprender. Tem gente que gasta energia em fake news e nós temos que desmentir. É triste. Tem 1% de pessoas que fazem maldade.”
Volta às aulas
“Falar uma data da volta às aulas seria falsidade. Montamos um comitê de avaliação e confesso que antes de setembro acho difícil. Estamos dando um amparo para os alunos da escola pública. Estamos pagando internet para famílias carentes com 3G. Não serei irresponsável em voltar as aulas [sem segurança]. Estamos construindo esta forma de retorno das aulas.”
Dinheiro federal
“Foi aprovado [empréstimo do governo federal] para o caixa do estado, para suportar os primeiros 90 dias da pandemia. O rombo do estado é de R$ 3 bilhões e estamos fazendo cortes. Precisamos frear este rombo para honrar os vencimentos e manter as obras. O estado precisa rodar e por isso a construção civil é muito importante, pois gera muito emprego, construção de escolas, pavimentação para trincheiras, viadutos, urbanização, tendo oxigênio para respirar.”
Risco de pegar Covid-19
“A gente se preocupa mais com o relacionamento com os filhos do que com a gente mesmo. Sou tranquilo, mas o vírus é muito louco, muito forte. Alguns casos são agressivos. Então preocupa sim, mas, se pegar, tem que torcer que ocorra tudo bem.”
Desculpas e agradecimento
“Gratidão pela paciência, pois é muito difícil para um comerciante ficar fechado, pessoas ficarem em casa. Sofremos juntos. A nossa função é preservar vidas e ter um planejamento de recuperação. O mundo não entendeu até agora essa pandemia. Não sou professor de Deus, mas com as críticas a gente consegue achar o meio termo. Peço desculpas para quem foi afetado por uma medida mais dura, mas é a nossa missão de cuidar.”
Segurança pública: estados firmaram quase R$ 1 bi em contratos sem licitação
Franquia paranaense planeja faturar R$ 777 milhões em 2024
De café a salão de beleza, Curitiba se torna celeiro de franquias no Brasil
Eduardo Requião é alvo de operação por suspeita de fraudes em contratos da Portos do Paraná