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Uma rede de empreendedores, empresas e organizações de Curitiba, preocupados com os impactos sociais e econômicos da pandemia da Covid-19 na sociedade, lançou o projeto Quarentena Solidária, que reúne iniciativas para ajudar as pessoas mais atingidas neste momento. Isso inclui a população carente e profissionais de saúde que precisam de treinamento ou que estão sobrecarregados de trabalho. Outra frente de trabalho é apresentar ao poder público soluções inovadoras para reforçar as ações de combate ao novo coronavírus. Algumas iniciativas têm alcance nacional.

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Um dos objetivos mais urgentes do grupo Quarentena Solidária é levar alimentos a cidadãos mais vulneráveis, que ficaram sem renda com a paralisação das atividades econômicas em função da disseminação da Covid-19 – como exemplo, as famílias de catadores de material reciclado. Para executar essa ação, a rede pretende angariar o apoio de empresas e entidades.

“Estamos indo atrás, buscando parcerias e doações. Esse é um momento de política pública, e não política partidária. O impacto que a pandemia vai causar é sistêmico, precisamos de ações nessa linha também”, afirma um dos coordenadores do movimento, o advogado Rhodrigo Deda. Na linha de frente da iniciativa também estão Fabio Zugman, administrador de empresas; James Marins, empreendedor social; Mauricio Ramos, publicitário; e Virgínia Moraes Ramos, jornalista.

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A rede começou a tomar forma no dia 17 de março, e em uma semana já há cerca de 500 pessoas envolvidas, das mais diversas profissões. “O nosso propósito é ajudar as pessoas. Todos são importantes. Para isso, precisamos de colaboração. Cada um tem algo em que é muito especial e pode ajudar. Podemos fazer muita coisa junto”, resume Deda. A maior parte do trabalho é feita de forma remota, e quando for necessária a interação social, serão tomadas as devidas precauções.

Com experiência em outras redes colaborativas, a Quarentena Solidária pretende facilitar a interação entre empreendedores e poder público. Deda cita um exemplo: a impressão 3D de insumos e equipamentos hospitalares. “Há empreendedores que querem ajudar, mas têm dificuldades com a regulação. Estamos vendo como ajudar nessas iniciativas”, explica. Os voluntários que fazem parte do movimento estão sendo separados em grupos no WhatsApp, para facilitar a atuação e resolução de problemas. Entre os grupos de trabalho estão: população de rua, voluntariado, tecnologia, jurídico, universidade, inovação social e negócios locais.

Com o trabalho de jornalistas e designers, a rede Quarentena Solidária também pretende funcionar como central de informações sobre dados da Covid-19 e atuar contra a disseminação de fake news. Uma ferramenta lançada nesta terça-feira (24) é o mapa dos casos de doença no Paraná. Outra iniciativa na área da saúde é conectar uma rede de psicólogos para atendimento virtual de profissionais de saúde, sobrecarregados e estressados com a atual carga de trabalho.

Inovação social

O empreendedor James Marins está coordenando os projetos de inovação social da rede, reunidos em um site dentro do portal da Quarentena Solidária. A intenção é cadastrar ideias e ações que possam ajudar neste momento. Segundo Marins, a adesão tem sido muito boa. Nas primeiras 72 horas de funcionamento, 40 iniciativas foram cadastradas. “A intenção é mobilizar o que chamamos de ecossistema de inovação social. É uma resposta cívica. Trabalhamos muito com a ideia de que precisamos de empresas sociais, pois estamos passando por um momento sem precedentes. Como não sabemos o que vai acontecer nos próximos dias, semanas e meses, precisamos de soluções inovadores para tratar dessa situação nova”, afirma.

Uma das ações já em funcionamento é da Academia Médica, que está ofertando capacitação on-line para profissionais de saúde operarem ventiladores mecânicos para tratamento da Covid-19. Essa medida tem abrangência nacional. “Os governos estão providenciando aquisição de aparelhos médicos para as UTIs, que são ponto crítico no combate à doença, então já está sendo ofertado o curso de capacitação a distância. Um curso dessa natureza não tem barreira territorial, pode ser levado ao país inteiro”, diz Marins. O papel da rede foi a interlocução com empresários para o investimento financeiro inicial para montar o curso.

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Outras iniciativas inovadoras têm foco local, como o Cooltivando, que quer levar a produção das famílias rurais da região de Curitiba para venda direta nos condomínios, de forma a reduzir o número de pessoas em circulação em feiras e supermercados – além de ajudar o pequeno negócio local. “Muito do que fazemos é amarrar fios que estão soltos. Tenho percebido que pessoas que estão ajudando outras pessoas estão também ajudando a si mesmos. E isso é muito importante. Teremos tempos difíceis pela frente”, acrescenta o empreendedor social.

Outros detalhes sobre a rede e o cadastro de projetos inovadores podem ser acessados no site quarentenasolidaria.com.br e inova.contracoronavirus.com.br.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]