É inevitável. Os alimentos ficarão mais caros com a quebra da safra de grãos do Paraná, provocada pela longa estiagem. A previsão é de analistas de mercado, técnicos e lideranças do setor agropecuário.
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Nesta sexta-feira (28), o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, confirmou a quebra de 39% na soja, 36% no milho e 31% no feijão. Somadas com as perdas nas produções de leite, hortaliças, frutas e pastagens, o prejuízo calculado é de R$ 30 bilhões.
A quebra da soja e do milho impacta diretamente no custo de produção de carnes, já que os grãos são os principais componentes da ração que alimenta bovinos, suínos e frangos.
“Tínhamos expectativa de uma grande safra, mas veio a seca. Certamente os custos de produção ficarão maiores e vai impactar no preço dos alimentos e isso vai chegar na mesa do consumidor”, diz José Antonio Ribas Junior, vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).
Segundo ele, a produção de carne de frango já vem sendo impactada há cerca de um ano com a elevação do custo da energia elétrica, dos combustíveis e de embalagens. “Agora o mais grave é a quebra da safra provocada pela estiagem”, pontua.
Ribas observa, no entanto, que boa parte da elevação dos custos terá que ser absorvida pelas empresas e não poderá ser totalmente repassada ao consumidor. “A pandemia gerou desemprego e provocou a perda de renda das famílias, que perderam o poder de compra”, diz.
O vice-presidente do Sindiavipar informa que para driblar a escassez de grãos no Paraná, os produtores estão importando, especialmente da Argentina e Paraguai. Além disso, o incentivo que houve para o plantio de cereais de inverno também pode contribuir para amenizar a crise com a oferta de trigo, triticale, centeio e cevada para a alimentação animal.
Maior aumento será nas carnes
Fernando Iglesias, analista de Safras & Mercado, prevê uma situação bem complicada especialmente para a produção de suínos e frangos. “A quebra da safra vai elevar os custos de produção e isso vai acabar sendo repassado ao consumidor, não tem como evitar. As pessoas vão pagar mais caro pelos alimentos”, diz.
Segundo Iglesias, pelo lado dos avicultores e suinocultores, vai haver uma necessidade de ajuste na produção. “A oferta terá que ser reduzida. Houve um exagero na produção tanto de frangos quanto de suínos e agora isso terá que ser readequado por conta da falta de milho e soja”, diz.
O analista explica que esta readequação na produção, no caso de frangos, é mais simples porque o ciclo de produção é mais curto: 45 dias. Já para suínos é mais complicado porque são 18 meses.
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