Com inspirações europeias e matéria-prima rica no estado, o Paraná vem colocando esforços no investimento de queijos finos. Aos poucos, conquistando premiações, o queijo fino paranaense quer competir com grandes produtores nacionais, como Minas Gerais. Sendo o segundo maior produtor de leite do Brasil, com uma produção diária de 12 milhões de litros de leite, o estado destina 5 milhões à fabricação de queijos. Com cuidados extras e maturação diferenciada, a atenção está voltada para o preparo dos queijos mais finos.
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“Os queijos finos na Europa, por exemplo, têm uma produção de leite menor e mais restrita. Os queijos finos têm uma produção menor e são diferenciados. Também tem a questão da região e clima. O leite produzido em uma determinada pastagem dá características diferenciadas para o produto”, explica a técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema Faep/Senar, Luciana Matsuguma.
Os queijos considerados padrão, com fabricação nas indústrias, têm um volume maior, assim como seu consumo. O Paraná é conhecido pelo queijo colonial, apesar de estar investindo nos queijos finos, que precisam de uma preparação minuciosa. “O Paraná tem muito queijo colonial, que vai maturando e criando características sensoriais, com uma textura diferenciada. Isso a Europa também faz. Eles têm especificidades por conta da região e do clima. O clima e a pastagem fazem a diferença no queijo europeu. Assim como as características do Brasil trazem diferença para o nosso queijo”, destaca a técnica.
Com história europeia, Cooperativa Witmarsum produz 23 toneladas de queijos finos por mês
Fundada há 70 anos por imigrantes russos-alemães, a Cooperativa Witmarsum tem experiência e história vindas da Europa. A bagagem europeia contribuiu para que a cooperativa ganhasse destaque nos produtos lácteos, em especial, os queijos.
Com mais de 600 cooperados, os produtos da empresa estão disseminados na maioria dos estados brasileiros, sendo que aqueles que mais consomem são Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
Na empresa, o investimento em queijos finos não é recente - começou há 20 anos. Segundo a cooperativa, todos os queijos são considerados finos pelos índices de qualidade do leite, mas é possível classificá-los por categorias. Entre eles estão os tipos gouda, raclette, appenzeller, emmental, brie e camembert. A empresa produz mensalmente 23 toneladas de queijos finos, quantidade dividida em 12 tipos.
Recentemente, a cooperativa conquistou três medalhas no mundial do queijo, além de oito medalhas em concursos estaduais e oito medalhas em concursos nacionais. “Um dos nossos principais negócios é o leite. Como é um leite de altíssima qualidade, entregar um leite como matéria-prima não agrega tanto valor. Começamos a pensar em ter um produto com essa alta qualidade. Investimos então esse leite em um produto que vale a pena colocar alta qualidade, o queijo”, conta Rafael Wollmann, diretor de operações da Cooperativa Witmarsum.
Os queijos finos da cooperativa são produzidos, principalmente, a partir de vacas das raças Holandesa, Jersey e Pardo Suíço, conhecidas por produzir um leite com alto teor de sólidos, gordura e proteína, importantes para a fabricação de queijos finos.
Além disso, dois dos queijos da cooperativa receberam Indicação Geográfica do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI): Witmarsum Colonial Natural e Witmarsum Colonial com Pimenta Verde. “O selo é como se fosse um atestado de que a origem do produto é boa. Os nossos clientes conseguem perceber que o nosso produto tem um nível superior de qualidade, principalmente, a origem da matéria-prima e a forma de produção”, acrescenta Wollmann.
O planejamento da marca passa por expandir os negócios que vêm dando certo. “A expectativa é que continuemos a produzir os queijos finos, mas que cheguemos a mais mesas de consumidores. A ideia é vender mais do que produzimos e não somente para pessoas novas, mas para os nossos parceiros. Por ser uma cooperativa, temos essa questão de não só buscar novos, mas de fortalecer com os nossos clientes”.
A técnica Sistema Faep/Senar analisa que o estado vai avançar nos próximos anos em queijos finos. “Quanto mais falamos de queijos, mais as pessoas vão procurar. Temos um consumo, por pessoa, de 5,6 quilos por ano de queijo no Brasil. Comparado com a Grécia, que consome, por pessoa, 37,4 kg/ano, temos muito a crescer. O Brasil é um país diversificado, com características climáticas que podem trazer diversificação nos queijos para o consumidor”, pondera ela.
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