Operação Rádio Patrulha investiga desvios em obras do programa Patrulhas do Campo.| Foto:

O juiz Fernando Bardelli Silva Fischer, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, homologou o acordo de colaboração do empresário Celso Antônio Frare, no âmbito da Operação Rádio Patrulha. Embora a homologação tenha ocorrido em 23 de abril último, só recentemente os termos da colaboração foram incluídos na ação penal derivada da investigação sobre o “Patrulha do Campo”, um programa do primeiro mandato de Beto Richa (PSDB) no governo do Paraná. Uma das empresas contratadas pelo programa foi a Ouro Verde, cujo representante na época era Frare. Na esteira da deflagração da Operação Rádio Patrulha, em setembro do ano passado, ele se desligou da empresa.

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Frare responde pelo crime de corrupção ativa, mas, por conta da ajuda que deu às investigações do Ministério Público do Estado do Paraná (MP-PR), o empresário pode ter uma pena reduzida. No acordo de colaboração, o MP informa que defenderá a redução de um terço da pena. Além disso, na sentença, se a pena privativa de liberdade ficar acima de quatro anos e abaixo de oito anos, o MP vai pleitear o regime semiaberto harmonizado, o que, na prática, seria o regime domiciliar, com a utilização de tornozeleira eletrônica.

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A título de reparação do dano causado, Frare ficou responsável pelo pagamento de R$ 14 milhões (R$ 14.071.834,44), em favor do Estado do Paraná. O valor integra os R$ 33 milhões (R$ 33.186.800,39) que a Ouro Verde concordou em pagar no acordo de leniência que também fez com o MP. Frare é anuente do acordo de leniência, homologado no início de abril pelo Conselho Superior do Ministério Público. Frare também pagou uma multa, ainda em setembro de 2018, no valor de quase R$ 1 milhão (R$ 971.196,70).

O empresário prestou sete depoimentos, mas dois permanecem em sigilo, já que ainda há investigações em andamento, ligadas à Operação Rádio Patrulha. Além de Frare, há outros 12 réus no processo, incluindo Beto Richa. Todos negam terem cometido crimes.

A denúncia

O foco da denúncia envolve o direcionamento da licitação feita no âmbito do programa Patrulha do Campo e também desvio de dinheiro, a partir dos contratos firmados pelo governo do Paraná com três empresas.

“O total dos pagamentos efetuados pelo Estado do Paraná às empresas foi de R$ 101.905.930,58. Considerando a porcentagem prometida de propina – 8% sobre o bruto -, o valor global das vantagens indevidas recebidas pelos agentes públicos denunciados foi da ordem de R$ 8.152.474,44”, aponta o MP.

O Patrulha do Campo foi lançado em 2011 pelo governo do Paraná. O programa consistia basicamente no aluguel de maquinários das empresas, para utilizá-los em melhorias de estradas rurais.

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