Há duas áreas que tomaram conta do discurso político de 2018 e pesaram, de forma mais substancial, nos resultados das urnas de outubro daquele ano: segurança pública e economia. Em um país em profunda crise econômica e sofrendo com altas taxas de criminalidade, dar respostas nos dois quesitos era uma condição básica para ocupar uma cadeira de expressão no cenário político de 2019.
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Em seu ano de estreia no Palácio Iguaçu, o governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) contou com a ajuda do debate mais focado em Brasília e de um bom cenário externo para nossos exportadores para passar sem sustos em pelo menos uma dessas duas áreas: a economia.
O entusiasmo do empresariado com as reformas federais - a da Previdência e o início da discussão da Tributária - se somou a um mercado chinês ávido por nossos produtos agrícolas. Restaram ao governo estadual questões muito mais pontuais, que passaram quase despercebidas em meio a essa avalanche vinda de fora.
Ratinho Junior fechou seu 2019 com bons números de empregos: um saldo de 74 mil novos postos ocupados entre janeiro e novembro, de acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Também comemorou avanço no Produto Interno Bruto (PIB). Ele cresceu 1% no terceiro trimestre do ano (julho a setembro), comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).
No acumulado do ano, a alta foi de 0,13%, com expectativa de melhora no quarto trimestre, que foi excelente para o setor agroindustrial. A projeção do Ipardes é que o PIB do estado tenha crescido 0,7% em 2019. Nos últimos cinco anos, só em 2017 o PIB estadual cresceu mais (2%). Ao contrário daquele ano, sustenta o Ipardes, a variação positiva de agora é mais sólida e de efeito prolongado.
“Em seu primeiro ano, o governo demonstrou disposição para implantar políticas com foco no equilíbrio das contas públicas e na melhoria do ambiente de negócios do Paraná. Houve abertura para o diálogo com o setor produtivo, o que resultou na adoção de medidas como a prorrogação de determinados benefícios fiscais e a retirada de milhares de itens do regime de substituição tributária, que impacta principalmente no fluxo de caixa das indústrias”, destaca Carlos Valter Martins Pedro, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep). O setor por ele representado teve um dos melhores desempenhos no conjunto que forma o bolo do PIB estadual.
O regime de substituição tributária antecipa o recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), principal tributo para os cofres do estado. Ele passa a ser feito na indústria, de uma única vez, e não a cada venda feita na distribuição e no comércio. Facilita a fiscalização, mas pesa para o comerciante, que paga o tributo na aquisição do produto na indústria e não na venda ao consumidor final, reduzindo seu capital de giro.
“Quando Beto Richa (PSDB) passa o governo para Cida Borghetti [primeiro semestre de 2018], ele não deixa muitos problemas. Ratinho Junior assume esse governo com algumas questões já iniciadas pelo governo Richa, como aumento dos impostos, substituição tributária. Isso foi um grande sacrifício que os empresários fizeram. O panorama era de que, se não fizesse esses ajustes, o estado estaria insolvente, se alinhando ao Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas, Gerais. Quando Ratinho Junior assumiu, com o caixa do governo mais equilibrado, pedimos que ele revisse essa carga tributária de alguns produtos. E ele cumpriu retirando a substituição tributária dos alimentos”, aponta Glaucio Geara, presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) de 2016 até 2019.
Geara aponta a necessidade de seguir com o fim da substituição e levá-la a outros produtos, além dos alimentícios, bem como criar diretrizes para evitar a fuga das empresas do Paraná para estados com regime tributário mais atrativo. “Houve uma concorrência muito forte e muitas empresas foram para Santa Catarina. O que se deve fazer é conversar com todos os setores da economia para trazê-las de volta”, diz.
Ambiente de negócios
Um investimento na casa dos espantosos R$ 9 bilhões, capaz de gerar até 11 mil empregos, impulsionou o governo Ratinho Junior no campo dos investimentos privados. Obviamente, a companhia de papel e embalagens Klabin já vinha estudando há um bom tempo a ampliação de sua fábrica Puma 2, em Ortigueira. Mas o anúncio se deu justamente no início da gestão do novo governador, que pode colocar em seu currículo a vultosa injeção de dinheiro na economia do estado.
"Temos como foco incentivar as empresas que vão para regiões que precisam se desenvolver. Aqui [Ortigueira] tinha IDH baixo, falta de investimento da indústria, o comércio precisava se fortalecer. O projeto Puma já deu uma levantada na região e com esse outro projeto vamos mudar de patamar toda a realidade de Ortigueira e cidades vizinhas", disse o governador à época.
“O governo também tem discutido caminhos para ampliar investimentos em infraestrutura, uma área fundamental para aumentar a competitividade do produto paranaense, e esperamos avanços nos próximos anos. E tem sido eficiente na divulgação do estado como um bom local para empreendimentos produtivos, o que vem ajudando na atração de novos investimentos", destaca Martins Pedro, da Fiep.
Números do campo
O Paraná teve um bom ano, sobretudo, no campo. E isso graças ao mercado externo. “Foi bem favorável. Teve aumento de preço de exportação por causa do dólar alto. Teve aumento de produção, apesar de algumas secas no início da safra. Vai gerar um valor bruto de produção expressivo [quando o balaço for fechado, ao fim de dezembro]”, diz Jeffrey Albers, economista da Federação da Agricultura do estado do Paraná (Faep).
Se as condições macro foram preponderantes para o resultado, o governo contribuiu com ações pontuais, indica Albers. “Tivemos aspectos estaduais que foram determinantes. Se falarmos em pecuário, a declaração do Paraná como área livre de febre aftosa, sem vacinação, causa impacto. Nesse quesito tivemos a instalação de postos de vigilância nos limites do estado, a vigilância efetiva da Adapar. Tivemos avanços em questão de licenciamentos, republicação de portarias, formas de o produtor conseguir cumprir a legislação de maneira mais clara”, afirma o economista.
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o estado deve fechar o ano com aumento de 11% nas exportações de carne bovina, por exemplo. Uma receita na casa dos US$ 7,5 bilhões.
Privatizações
Se o governo fluiu bem na performance dos setores, uma das bandeiras de campanha de Ratinho Junior ficou só para 2020. As privatizações de Copel Telecom, Compagas e Ferroeste não decolaram neste ano e parecem caminhar para serem o grande movimento econômico do governador em seu segundo ano como chefe do Executivo paranaense.
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