Durante os quase dois mandatos em que Beto Richa (PSDB) governou o Paraná enquanto Dilma Rousseff (PT) presidia o Brasil, o Palácio Iguaçu insistiu na tese de que a União preteria o estado por divergências políticas. A situação era agravada pelos embates frequentes entre o grupo de Richa e os ex-senadores Roberto Requião (MDB) e Gleisi Hoffmann (PT).
Desde que Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) foi eleito governador do Paraná e Jair Bolsonaro assumiu a presidência, a relação entre os palácios Iguaçu e Planalto está muito mais amistosa. O cenário fica ainda mais favorável para Ratinho com a presença de três aliados do governo estadual no Senado Federal: Alvaro Dias (Podemos), Oriovisto Guimarães (Podemos) e Flavio Arns (Rede).
Ratinho tem acreditado nessa boa relação com Brasília como uma forma de trazer novos investimentos e projetos ao Paraná. Em 2019, foi diversas vezes à capital federal. Lá se reuniu com ministros, com o presidente Jair Bolsonaro e com a bancada paranaense no Congresso Nacional.
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A Paulo Guedes pediu condições de tratamento especiais aos estados “que tenham feito a lição de casa”. Em outras palavras, o que o governador defende é que estados que tenham feito esforços para mantes suas finanças num patamar estável sejam recompensados com investimentos, especialmente na área de infraestrutura. Sobre esse pedido, ainda não há uma manifestação clara do ministro da Economia.
Ratinho também tem mantido relações próximas com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. É difícil avaliar até que ponto essa boa relação pode ter impacto na tomada de decisões do governo federal, mas o fato é que o Paraná recebeu dois novos projetos na área de segurança pública: um em Foz do Iguaçu e outro em São José dos Pinhais.
Na infraestrutura, o que tem ajudado o governo estadual, além da relação política, é a crença mútua de que os investimentos no setor serão puxados pela iniciativa privada. Desse ponto saíram os principais acontecimentos para a infraestrutura do Paraná em 2019: a expansão do Anel Viário e o anúncio de concessões de aeroportos.
Congresso
A relação com Brasília não vai bem apenas no Palácio do Planalto. No Senado, Ratinho viu a liberação de um empréstimo de US$ 118 milhões ao estado ser aprovada sem dificuldades políticas – algo improvável no passado recente. Em 2014, por exemplo, quando o Senado votou o aval da União a um empréstimo para o estado, Roberto Requião deu o único voto contrário à proposta, afirmando que o governo poderia fazer o gasto social objeto do empréstimo reduzindo suas “despesas perdulárias”. Era como se o governo do Paraná tivesse uma ativa bancada de oposição em Brasília.
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A boa relação com a bancada parlamentar também ajudou o governador a captar recursos de emendas parlamentares para áreas de interesse do governo. Com o orçamento de investimentos da União no menor patamar da história e com o aumento do valor de destinado ao pagamento de emendas parlamentares de execução obrigatória, o governo conseguiu que os deputados e senadores colocassem R$ 118 milhões em áreas prioritárias para o estado. No momento em que deputados discutiam como usariam os recursos de emendas, Ratinho se reuniu com os parlamentares em Brasília e apresentou a eles um cardápio com áreas prioritárias para o governo. Com isso, aumentou a receita prevista para a compra de ônibus escolares e equipamentos para agricultura e os atendimentos de Média e Alta Complexidade na saúde.
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