Crédito com juros subsidiados ao setor privado e investimentos públicos em obras de habitação e infraestrutura são as apostas do governo do Paraná para a retomada da economia no estado após a pandemia de coronavírus, que atinge o país desde março. O governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD) participou, nesta terça-feira (2) de um webinar promovido pela Câmara Americana de Comércio, para falar sobre as “medidas que o Paraná está tomando para mitigar os riscos do Covid-19 e estruturar a retomada das atividades”, em que explicou os projetos.
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Segundo Ratinho Junior, a prioridade pós-crise para as empresas do estado é o projeto Recupera Paraná, programa de recuperação que está sendo desenhado pela secretaria de Planejamento que visa dar acesso às empresas a empréstimos do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). “Temos R$ 800 milhões disponíveis e vamos buscar mais recursos junto ao BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento] e BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], isso para as grandes empresas. Para as pequenas, subsidiaremos juros através da Fomento Paraná. É dinheiro mais barato para o setor produtivo. Mais acesso a recursos, com juros subsidiados e carência adequada para que os empresários consigam reerguer seus negócios”, disse o governador.
Paralelamente, o governo pretende investir em setores que demandam grande mão de obra, para combater o desemprego. “Estamos desenhando um grande projeto de investimento do setor público em áreas que geram emprego, como habitação e infraestrutura. Viabilizamos, junto à Secretaria do Tesouro Nacional, R$ 1,6 bilhão para investimento em infraestrutura nos próximos meses. Também teremos US$ 180 milhões do BID para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano”, citou.
O governador disse, ainda, que o estado retomará o incentivo aos arranjos produtivos locais, com fomento a setores tradicionalmente desenvolvidos nas diferentes regiões do estado, “respeitando a vocação regional”, e criará o selo “made in Paraná”, para incentivar o consumo de produtos fabricados no estado. “É um pouco bairrista, mas é uma maneira caseira de prestigiar as empresas do Paraná no momento que precisamos combater os efeitos da crise e o desemprego aqui”, comentou.
Ratinho Junior negou, no entanto, a possibilidade de algum tipo de renúncia fiscal por parte do governo. “Os tributos estaduais significativos são IPVA e ICMS e não temos como aumentar isenções de ICMS agora, estamos com uma perda de arrecadação de R$ 3,6 bilhões e a retomada da economia tende a ser lenta. É muito difícil que essa perda seja compensada neste ano”, disse, lembrando que o estado isentou 270 mil pequenas empresas do pagamento de ICMS durante a crise.
“Não seria inteligente um decreto universal”
Ratinho Junior também explicou, durante o evento, as medidas adotadas pelo estado para o enfrentamento da pandemia. “Aqui não teve decreto de quarentena. Teve recomendação para fechar um ou outro serviço não essencial, e as prefeituras foram adequando à necessidade de cada cidade. Em um estado com 399 municípios, sendo que 80% deles têm menos de 20 mil habitantes, não seria inteligente um decreto universal”, disse.
Citando que que todas as suas decisões são balizadas no momento atual da taxa de ocupação dos leitos de UTI, Ratinho Junior disse acreditar que uma retomada total das atividades será possível em agosto. “Temos o desafio sanitário, o desafio econômico e, aqui no Paraná, também, o desafio hídrico, por estarmos na maior estiagem dos últimos 60 anos. O que nos baliza nas decisões de apertar ou afrouxar as medidas de isolamento é a situação do sistema de saúde. Queremos deixar as pessoas cada vez mais perto da normalidade, mas é a situação dos nossos hospitais que vai determinar. Estamos entrando no inverno e não sabemos como será essa pandemia no inverno rigoroso aqui do Sul. Acredito que em agosto conseguiremos chegar quase na normalidade, que só vai ocorrer, de fato quando tivermos uma vacina, enquanto isso, teremos que conviver com o vírus”.
O governador ainda citou que a pandemia antecipou algumas ações de seu plano de governo de descentralização da saúde, “com o fortalecimento dos hospitais regionais, dos hospitais filantrópicos e a ampliação de parcerias com hospitais privados para o interior do estado ficar cada vez menos dependente da capital. Além disso, inauguramos dois hospitais regionais, e entregaremos mais um nos próximos dias, que estavam previstos para o fim do ano”.
Ratinho Junior evitou entrar na polêmica entra os desencontros de opiniões e de decisões entre os governadores e o presidente Jair Bolsonaro. “O mundo está batendo cabeça. Não está sendo simples para quem tem responsabilidade de liderar e tomar decisões. O fato de não ter remédio ou vacina deixa a população muito temerária. E, no Brasil, ainda existem discussões ideológicas. Mas é difícil, no Brasil passar uma normativa que seja de Norte a Sul. As realidades são diferentes, a cultura é diferente”, disse.
“Não trabalho discutindo ideologia, discuto metodologia. Temos que acalmar ânimos e ver o que está sendo feito no mundo que pode ser útil para nós. E, até o momento, estamos conseguindo ter certo controle sobre esses desafios”, concluiu, lembrando que, apesar de ter a 5ª maior população do país, o Paraná era, até esta terça-feira, apenas o 20º estado em número de casos confirmados de Covid-19.
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